Mercado de açúcar: Despertando para a realidade

Publicado em 18/03/2012 16:22 e atualizado em 20/03/2012 09:54
Comentário Semanal – de 12 a 16 de março de 2012. Por Arnaldo Luiz Corrêa


O mercado de NY fechou a semana recuperando o que perdera na semana anterior. O vencimento maio, cotado a 25,41 centavos de dólar por libra-peso no fechamento dessa sexta-feira, apreciou 39 dólares por tonelada. Os vencimentos seguintes apreciaram entre 54 e 149 pontos equivalentes a ganhos entre 12 e 33 dólares por tonelada, respectivamente.

Os problemas climáticos no Centro Sul começam a colocar nova direção nos fundamentos. Semana passada um usineiro leitor desse comentário semanal alertava que “na região de Ribeirão Preto, Araçatuba e Bauru não chovera nem 60 milímetros no mês de fevereiro e nada ainda em março salvo algum chuvisco” ao mesmo tempo em que se espantava com a queda de preços ocorrida durante a semana anterior, como se o mercado desse de ombros para os fundamentos. Parece que o mercado acordou.

Lentamente começamos a ver uma mudança nas previsões de safra de cana para o Centro-Sul, alguns reduzindo de maneira drástica. Pouca gente acredita em 540 milhões de toneladas e o consenso gira em torno de 530. A Archer Consulting, conforme divulgado, continua com 521 milhões de toneladas.

No mercado físico de açúcar, a semana foi desoladora. Muito pouco acontecendo com exceção dos futuros que estava com expressiva alta. Um trader veterano do mercado disse que não convidava mais usineiro para almoçar, só para jantar. “É que a noite o mercado está fechado e é mais fácil sair negócio”.

O governo piorou a situação ainda mais elevando para cinco anos o prazo de financiamento externo. Mais uma daquelas bobagens que o governo cria para atrapalhar a vida das empresas. Para resumir essa falta de lucidez palaciana, pego emprestado as palavras do analista Robério Costa, do Rabobank, “Não parece que o Governo espera desvalorizar o real para um nível específico. É mais provável que ele só queira descontinuar uma tendência de valorização persistente. Mas na tentativa de fazer exportadores e industriais felizes e o Banco Central confortável com a inflação, o governo pode ser pego em uma armadilha: disposto a contemplar todo mundo, é mais provável que consiga uma grande quantidade de inimigos.” Se esse era o intuito, está conseguindo.

Outro assunto que habita as discussões estratégicas do setor é a limitação de compra de terras no Brasil por parte dos estrangeiros. Esse assunto foi colocado novamente em discussão, em recente seminário em SP, organizado pelo escritório Demarest & Almeida Advogados, que contou com a presença do ministro Luiz Adams, da Advocacia Geral da União, cujo parecer é contrário à compra de terras. Para os consultores presentes o contraponto firma-se que, para se prover a demanda mundial até 2020, o Brasil precisa expandir a área agricultável a 11,3 milhões de hectares e, para tanto, seria preciso investir R$ 93 bilhões. Segundo a Agroconsult, R$ 25 bilhões já estariam prontos para entrar no Brasil, não fosse a restrição imposta contra investimentos estrangeiros.

A Constituição Federal desde sua promulgação em 1988 em seu artigo 190 dispõe que a lei regulará e limitará a aquisição ou o arrendamento de propriedade rural por pessoa física ou jurídica estrangeira e estabelecerá os casos que dependerão de autorização do Congresso Nacional. É necessária a criação de um marco regulatório para a questão, visando o equilíbrio entre o potencial de investimento estrangeiro e os interesses do País. Esse é o verdadeiro Brasil dos burocratas.

O acumulado de exportação de açúcar pelo Brasil nos últimos doze meses (março de 2011 até fevereiro de 2012) é de 24,190 milhões de toneladas com preço médio equivalente a 25,34 centavos de dólar por libra-peso; a exportação de etanol alcançou 1,462 bilhão de litros, cujo preço médio foi US$ 750,11 por metro cúbico.

O Modelo desenvolvido pela Archer Consulting estima que pelo menos 14,9 milhões de toneladas estejam fixadas para a safra 2012/2013 ao preço médio de 24,53 centavos de dólar por libra-peso. Esse número pode chegar às 18 milhões de toneladas.

Bom final de semana a todos.

Arnaldo Luiz Corrêa

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Fonte:
Archer Consulting

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