Mercado de Açúcar: CORDA ESTICADA

Publicado em 19/11/2012 07:38
Por Arnaldo Luiz Corrêa. Comentário Semanal – de 12 a 16 de novembro de 2012.
O mercado de açúcar em NY fechou a semana praticamente inalterado, com variações positivas marginais entre 2 e 9 pontos apenas (menos de 2 dólares por tonelada). O vencimento março de 2013 encerrou a 19,15 centavos de dólar por libra-peso na sexta. O mercado físico de exportação continua muito devagar com descontos de 70 pontos para embarque novembro por Santos e negócio realizado FOB Paranaguá para o mesmo período de embarque com desconto de 80 pontos. Não dá para esperar que os preços na bolsa tenham qualquer reação atrelada aos fundamentos se esses descontos não se firmarem. Excesso de açúcar nos portos deteriora os prêmios. Enquanto o consumidor final estiver confortável sobre a disponibilidade de açúcar não há porque os preços e prêmios melhorarem.

A semana que vem será encurtada pelo feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos, portanto o mercado tem tudo para repetir seu desempenho aborrecido das últimas sessões. A menos, evidentemente, que alguma notícia realmente impactante venha a mudar esse estado de coisas. Se houver alguma, aposto que não vai ser nos fundamentos, mas algum fator exógeno, como por exemplo, uma alta substancial do petróleo caso as tensões no Oriente Médio piorem.

No começo de agosto a média móvel de 20 dias dos fechamentos de NY estava em 22,86, demorou apenas 10 pregões para que essa média caísse abaixo de 22, depois 7 dias para que caísse abaixo de 21 e longos 50 dias para quebrar os 20 centavos de dólar por libra-peso. Hoje está em 19,43, 9 pregões depois. Quebrará os 19 centavos? O mercado precisaria subir 300 pontos nas próximas duas semanas para que a média de 20 dias superasse a média de 40 dias acionando o gatilho de cobertura que muitos fundos gostam de usar. 300 pontos em 2 semanas? Bem, o Natal está chegando, quem sabe Papai Noel não apronta das suas?

Há 5-6 semanas ou fundos não-indexados compraram 24.000 contratos e o mercado subiu 100 pontos, ou o equivalente a 12.000 toneladas para cada pontinho de alta, mostrando que tinha muita gente aproveitando os rallies (subidas repentinas de preço) para fixar vendas. Em 6 semanas tudo mudou, os fundos viraram a mão e colocaram o mercado bem próximo às recentes mínimas, mas o esforço na queda mostrou-se ainda tão resistente quanto na alta, pois dessa vez para baixar o mercado em um ponto foram necessárias o equivalente a 25.000 toneladas. A primeira conclusão é que o mercado está num intervalo de preços cada vez mais restrito, fazendo com que a volatilidade perca ímpeto e os pregões se tornem tediosos.

O que se vê é um cenário macroeconômico se deteriorando com manifestações contra as medidas de austeridade em várias cidades europeias; com as tensões no Oriente Médio; o tal do abismo fiscal americano que pode mergulhar os EUA numa recessão; o recrudescimento da situação econômica no resto do mundo e a certeza de que os investidores vão fugir até onde puderem dos ativos de risco. Está difícil a vida do executivo da área comercial.

No acumulado do ano, as chamadas soft commodities lideram as quedas acentuadas. O café já perdeu 34% do seu valor este ano, seguido de perto pelo suco de laranja concentrado com 30%, algodão (19,5%) e açúcar com 18%. 2012 será um daqueles anos para se esquecer.

Num ambiente como esse, fica complicada qualquer mudança de humor. Nem mesmo as importações indianas e a redução nas estimativas de produção na Tailândia e Rússia trouxeram sinais positivos para o mercado. 

Na semana passada, comentamos aqui sobre a paridade do anidro no mercado internacional e o efeito que isso teria na tomada de decisão por parte das usinas para privilegiar a produção do combustível ao açúcar. A conta dava 18 centavos de dólar por libra-peso. Erramos. Ao calcular o valor simplesmente convertemos o valor FOB do anidro para o açúcar. O correto é levar o preço para posto usina e então convertê-lo para açúcar, depois adicionaríamos os custos de fobização trazendo-os para FOB Santos. Muito bem, o valor correto é de 19,20 centavos de dólar por libra-peso e deve ser comparado ao vencimento julho de 2013 porque consideramos para cálculo o valor do etanol negociado na CBOT para vencimento junho.

A terceira estimativa de fixação das usinas para a safra 2013/2014 da Archer Consulting aponta um volume entre 5,6 e 7,0 milhões de toneladas fixadas ao preço médio de 20,03 centavos de dólar por libra-peso, sem prêmio de polarização. Esse volume é um pouco menor do que aquele da safra 2012/2013 há um ano, embora como percentual da estimativa de exportação do Brasil, deva ser maior.

Tenham todos uma excelente semana!
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Fonte:
Archer Consulting

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