Mercado de Açúcar: ADRENALINA ZERO

Publicado em 22/09/2013 15:09 e atualizado em 23/09/2013 08:31
Por Arnaldo Luiz Correa, da Archer Consulting.

O sonolento e aborrecido mercado futuro de açúcar em NY fechou a semana em ligeira alta negociando 17,17 centavos de dólar por libra-peso no vencimento outubro/2013, apreciando 8 pontos. Os demais meses de negociação, que agora se estendem até maio de 2016, fecharam com sinal positivo entre 3 e 20 pontos (0,66 e 4,40 dólares por tonelada).

No mercado físico, os descontos negociados para embarque imediato até março do ano que vem, mostram uma estrutura de carregamento em torno de 6,5% ao ano. Nada de anormal acontecendo. Não existe a menor preocupação por parte do mercado e o basis tem refletido isso. A volatilidade das opções também mostra esse marasmo do mercado. Um corretor de NY comentou na semana sobre opções sendo negociadas com volatilidade implícita de 15.75% ao ano!!! Acho que não vemos esse fenômeno desde o Sugar Dinner de 2005. Hoje em dia assistir ao filme “Bambi” de Walt Disney dá mais adrenalina do que acompanhar o mercado de açúcar. Se você procura por fortes emoções, esqueça.

Fizemos um levantamento de dados um tanto quanto interessante. Apuramos a média mensal dos fechamentos diários do primeiro mês de negociação do contrato futuro de açúcar na bolsa de NY. Essa média apresentou queda por cinco meses consecutivos desde março/2013, que foi 18,33 centavos de dólar por libra-peso, despencando em abril para 17,71 e continuando a queda em maio, junho e julho, respectivamente a 17,08, 16,59 e 16,38 centavos de dólar por libra-peso. Depois disso, subiu ligeiramente em agosto: 16,70 e setembro até o momento com 16,84 centavos de dólar por libra-peso de média. Teremos já visto a mínima do ano?

Outro dado interessante é que nos últimos 24 anos, da safra 1990/1991 em diante, para ser mais preciso, 87,5% das médias mensais mais baixas nos respectivos anos safras (maio-abril) ocorreram entre abril e agosto, ou seja, em apenas 3 ocasiões a mínima da safra ocorreu fora desse período: dezembro de 1992, novembro de 1996 e fevereiro de 2004. Isso vai se manter?

Em reais por tonelada, num período menor, cobrindo apenas da safra 2007/2008 em diante, em seis ocasiões nas últimas sete safras, o preço médio ocorreu concentradamente no trimestre abril/maio/junho. E a média nesse mesmo período foi de R$ 792,47 por tonelada de açúcar FOB Santos. Os preços subirão a partir de agora?

Por esse mesmo raciocínio, levando em consideração que muitos economistas estão estimando que o dólar deva voltar ao nível de R$ 2,10 até o final do ano, após a surpreendente decisão do FED (Banco Central Americano) de manter inalterado seu programa de injetar dólares na economia, o mercado de açúcar em NY deverá ter uma valorização, acompanhando o que deve acontecer com as commodities em geral. 

A média do fechamento do açúcar em NY combinado com o fechamento da taxa de câmbio pelo Banco Central do ano está em 844,58 reais por tonelada. Se o dólar voltar a 2,10 isso equivaleria a NY negociando a 17,53 na média. A máxima do ano foi de R$ 929 por tonelada, o que seria equivalente a NY a 19,29 centavos de dólar por libra-peso. Essa é a nossa aposta para o último trimestre do ano: NY entre 17,50 e 19,50 centavos de dólar por libra-peso. Ou seja: já vimos a baixa do ano?

Se considerarmos as condições climáticas que fizeram algumas usinas parar a moagem por causa das chuvas e o nível de ATR bem abaixo das expectativas de muitos, podemos acrescentar alguns pontos extras nesse intervalo de preços. Estas são as famosas últimas palavras.

É hilário e ao mesmo tempo vergonhoso ver nos jornais o governo batendo cabeça todo dia sobre o assunto aumento dos combustíveis. Vai ter. Não vai ter. Ministro diz que vai. Ministro diz que não vai. Nunca é demais recordar que na década de 90, entre 1994 e 1995, Dilma meteu-se a comerciante em Porto Alegre e montou uma loja de artigos de R$ 1,99 que estava em voga naquela época. Teria sido excelente para o Brasil se ela tivesse sido bem sucedida nessa desafiante empreitada. No entanto, graças a sua incontestável capacidade gerencial, em um ano e cinco meses ela conseguir falir a loja e colocou a culpa no dólar (que na época nem variou muito). Vai fazer o mesmo com a Petrobrás.

A Bloomberg está disponibilizando para seus clientes os comentários de açúcar e café da Archer Consulting. Basta digitar ARCO

Boa semana para todos.

Fonte: Archer Consulting

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