Análise do mercado de açúcar
O mercado de açúcar encerrou a semana inaugurando novas máximas.
O março/2010 após alcançar 30,33 centavos de dólar por libra-peso fechou na sexta-feira a 29,90, acumulando quase 25 dólares por tonelada na semana. Os demais vencimentos apreciaram de 3 a 22 dólares por tonelada.
Enquanto as commodities ao redor do planeta trabalham em baixa em função do dólar mais forte e uma possível desaceleração da economia chinesa, o açúcar continua subindo alimentado por sólidas compras por parte da Índia - dizem ao redor de 400.000 toneladas na semana -que afetam o negócio inter-trade, mas com pouco reflexo no mercado físico no Brasil. Ou seja, açúcar que já havia sido comprado pelas tradings há algum tempo.
O movimento de alta assusta àqueles que venderam calls (opções de
compra) fora do dinheiro na esperança de coletar alguns pontos a mais e agora são forçados a recomprá-las de volta ou pelo menos rolá-las para os vencimentos seguintes, fazendo com que os preços apreciem. Guarda-se alguma semelhança com o que ocorre agora e o que ocorreu em 2006. Entendo que a dificuldade de se olhar desapaixonadamente para o mercado num ambiente como esse faz-nos pensar que o mercado pode ir para 34, 55, 89 e outros números de Fibonacci.
Um respeitado corretor baseado em NY acredita que o maio pode bater
35 centavos de dólar por libra-peso. Imagina só como será a Conferência de Dubai. 46 centavos é a aposta dos palpites mínimos que virão. Todo mundo ficando altista na alta. Quem está no mercado a pelo menos 20 anos sabe o que isso significa.
Bem, agora vamos fazer conta. Com o dólar onde fechou (1,8740) e mesmo contando com o Consecana a R$ 35,00 por tonelada, um desconto médio de 25 pontos para a próxima safra, estamos falando numa liquidação média de R$ 47,75 por saca posto usina, ou seja, um retorno médio de 71,60% sobre o custo de produção de 16,94 centavos de dólar por libra-peso equivalente FOB Santos. Açúcar é commodity. Não consegue viver de preços altos eternamente. O mercado é cíclico. Tem que fixar NY, dólar e prêmio porque isso não vai ficar assim.
É claro que o mercado não vai ficar nos preços atuais ad eternum, mas mesmo que aplicássemos uma queda de 30% nos preços do açúcar em NY e mercado interno,assim como no etanol, as usinas teriam em
2010/2011 um resultado operacional estimado de US$ 18/tonelada de cana moída. Vai ser um ano para arrumar a casa e comprar uns móveis novos.
Muitas usinas negociando a rolagem de contratos que não puderam ser cumpridos nesta safra e já estavam fixados. Uma sucessão de desastres, má gestão de risco que traz prejuízos grandes a serem compensados na próxima safra. Considerando o custo de rolagem, juros e outras despesas, algumas terão que entregar açúcar a 12 centavos de dólar por libra-peso na safra que vem. Não olhar a gestão de risco como se deve é a mesma coisa que dirigir a 120 km por hora, com pneu careca em pista molhada.
Recebo um e-mail de um leitor que diz que eu falo tanto em baixa que um dia acabo acertando. Não é que eu seja baixista, mas acho que temos todos que olhar os fundamentos. Quanto do que sabemos há muito tempo já está refletido nos preços. Será que a gordura não é uma combinação de pânico de cobertura de posições vendidas a descoberto, temor de chamada de margens e especulação dos fundos?
Nunca é demais lembrar que os meses de vencimento da safra 2011/2012 jamais negociaram acima de 20 centavos de dólar por libra-peso!!
No Fundo Fictício da Archer Consulting, não precisamos ajustar a posição embora `batemos na trave´. Na sexta-feira nossa posição era de 93 lotes vendidos. Na semana que vem vamos liquidá-la (na
segunda-feira) e vamos vender 1.000 lotes de straddle para maio, ou seja, vender a call (opção de compra) e a put (opção de venda) no mesmo preço de exercício, de 27,50 centavos de dólar por libra-peso. Estamos com um lucro acumulado de US$ 3.482.277,11 com retorno anualizado de 301,18%. Ganhamos US$ 165.736,31 na semana devido à deterioração do tempo.
Boa semana para todos.
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