Mercado de Açúcar - UMA SINFONIA PARA OS OUVIDOS DOS ALTISTAS

Publicado em 16/08/2010 09:37
Comentário Semanal - de 09 a 13 de agosto de 2010.


O mercado de açúcar encerrou a semana em alta de 26 dólares por tonelada no vencimento outubro/2010. O março/2011 avançou 17 dólares por tonelada enquanto os vencimentos referentes à safra 2011/2012 tiveram alta média de 6 dólares por tonelada e os da 2012/2013 inalterados. Os ingredientes dessa sopa são diversos: conversa sobre redução da safra de cana no Centro Sul, falta de chuvas, enchentes no Paquistão, fila de mais de 100 navios aguardando carregamento, e sabem-se lá quais mais.

O mercado físico de açúcar, por exemplo, negocia prêmios de até 110 pontos para embarque em setembro. Comparando a média de preços de fechamento no mercado futuro, mais a média dos prêmios oferecidos no mercado físico para os respectivos embarques, ajustando-os ao dólar via NDF (contrato a termo de dólar sem entrega de moeda), até fevereiro de 2011, apuramos uma média de R$ 33,33 por saca, líquido, na usina. Compare isso com o custo de produção de R$ 27,20 por saca (sem custo financeiro). Com exceção do álcool hidratado, que negocia abaixo do custo de produção, os demais produtos propiciam bom retorno. No mix da safra, estima-se que as usinas têm um lucro de US$ 5,69 por tonelada de cana moída antes do custo financeiro.

As recentes inundações no Paquistão dão conta que uma área de 800 km2 de cana tenha sido atingida, com perdas estimadas em 500.000 toneladas de açúcar. É muito cedo ainda, mas coloca mais lenha na fogueira. Uma sinfonia para os altistas.

O que impressiona é que em dois meses (junho e julho) o Brasil embarcou 5.400.000 toneladas de açúcar arrecadando US$ 2,335 bilhões. No acumulado de 12 meses chegamos perto de 25 milhões de toneladas embarcadas (recorde de todos os tempos), ao preço médio de US$ 420,48 por tonelada. Foram 18,7 milhões de toneladas de açúcar a granel cujo preço médio alcançou o equivalente a 17,84 centavos de dólar por libra-peso FOB. Curiosamente, no mesmo período o preço médio em NY (primeiro mês de vencimento) foi de 21,06 centavos de dólar por libra-peso.

No etanol, o desempenho na exportação foi pífio. O acumulado de 12 meses aponta para uma saída de 2,26 bilhões de litros, vendidos ao preço médio de US$ 478,87 por metro cúbico, uma queda de volume de 49,5% no período.

Já o recém lançado contrato futuro de etanol na BM&F Bovespa está chegando próximo a 2.000 lotes de posição em aberto. Baseado no fechamento de sexta, a melhor estratégia é vender o vencimento janeiro/2011, cujo preço de R$ 1.015 por m3 que dá um retorno líquido de 9,08% sobre o custo de produção.

O Ramadan começou e a principal refinaria do Oriente Médio entra num leilão de compra de açúcar do Paquistão e vende mais de 200.000 de seu próprio estoque a um preço 50 dólares por tonelada inferior ao leilão anterior. O mesmo pessoal que espalhava aos quatro cantos o medo que iria faltar açúcar durante as festividades. Alguma peça não está encaixando nessa conversa.

No comentário da semana de 7-11 de junho, dissemos aqui que ESALQ a R$ 40,00 era uma excelente oportunidade de compra para os consumidores industriais. Muito bem. O índice agora chegou a R$ 45,52. Em apenas dois meses. O modelo da Archer Consulting aponta que baseado no fechamento de NY de sexta-feira, a ESALQ deveria estar negociando a R$ 46,91. Gestão de risco implica principalmente em analisar os fundamentos e agir com disciplina. Infelizmente o que se vê é muita oração e menos ação.

Recebo a ligação de outro trader de etanol que se diz estupefato com o estoque de passagem mencionado no último relatório (de 3,5 bilhões de litros). Este acha que na melhor das hipóteses teremos 1,5 bilhão de litros no final de março/2011, ou seja, um estoque de 3-4 semanas somente. Façam suas apostas, cavalheiros.

O volume de fixação de preços na semana foi percebido como muito pequeno apesar de o mercado ter fechado próximo das máximas. A restrição das tradings de aceitar fixações de preço antes de 45-90 dias do embarque deixa as usinas em polvorosa.

A volatilidade histórica do açúcar, de 20 dias, caiu para 40% e a de 90 dias para 45,9%. Isso não ocorria desde março deste ano. Indica que o mercado percebe menos riscos e oscilações hoje do que há 6 meses. Agora some a essa informação mais esta: o volume negociado na bolsa continua aquém do normal. Nos últimos 20 pregões a média de negócios foi de 96 mil lotes. Nos últimos 100 foi de 110. A queda relativamente às duas médias é de 13% no volume.
O mercado está mais sossegado ou os fundos bateram as asas e voaram?

No Fundo Fictício da Archer Consulting, fechamos a semana com uma posição vendida equivalente no delta de 284 lotes, ganhando US$ 261.619,89 na semana, colocando nosso acumulado em US$ 5.696.155,74, com ganho anualizado de 225,17% nos 589 dias de existência do Fundo. Vamos zerar o delta se o outubro negociar 19,75 (teremos que comprar 500 lotes) ou 18,28 (teremos que vender 500 lotes).

Boa semana para todos.

Arnaldo Luiz Corrêa

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Fonte:
Archer Consulting

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