Açúcar: Entre touros e ursos

Publicado em 15/08/2011 08:49
Comentário Semanal – de 08 a 12 de agosto de 2011.
A semana apreensiva devido ao cenário macro fez o mercado de açúcar em NY oscilar muito, mas acabou encerrando a sexta-feira com valorização de 30 pontos no vencimento outubro/2011 a 27,84 centavos de dólar por libra-peso. Os demais meses fecharam em alta entre 13 e 45 pontos (entre 3 e 10 dólares por tonelada), com exceção dos vencimentos de outubro/2012 a maio de 2013 que foram pressionados. O que pode ter acontecido? Expectativa de que a safra da Índia no próximo ano pode surpreender? Não dá para saber ainda.

A UNICA divulgou sua estimativa da safra 2011/2012 que aponta uma produção de cana de 510,238 milhões de toneladas, convertidas em 31,57 milhões de toneladas de açúcar e 21 bilhões de litros de etanol. Pelo andar da carruagem, se levássemos em consideração que no ano passado, nessa mesma época, o Centro-Sul havia produzido cumulativamente o equivalente a 53,48% do total da safra 2010/2011, e projetássemos hoje o que já produziu nessa safra e assumíssemos que representam os mesmo 53,48%, chegaríamos ao final da 2011/2012 com uma produção assustadoramente baixa de 484 milhões de toneladas de cana. A análise é simplista, mas tem alguns executivos de peso no setor que já acreditam em produção abaixo de 500 milhões de toneladas. 484 milhões de toneladas representariam uma redução na disponibilidade de açúcar da ordem de 1,9 milhão de toneladas e de 1,2 bilhão de litros de etanol. Os touros agradecem.

Se por um lado a crise mundial afeta o consumo, projeta menor crescimento, impele os investidores para os chamados voos para qualidade e pulveriza uma nuvem de pessimismo nas commodities agrícolas, por outro, no caso do açúcar, significa menos dinheiro disponível para a cana, menor renovação dos canaviais e perspectiva zero para novos projetos greenfields para o setor. Ou seja, a situação piora em termos de oferta e potencializa a alta dos preços no médio e longo prazo. Enquanto isso, o governo indiano autorizou adicionais 500.000 toneladas para a exportação. Os ursos agradecem.

Enquanto um greenfield deve estar por volta de 150 dólares por tonelada, a última cotação das ações da São Martinho [SMTO3] negociadas na BM&F Bovespa indica um custo de US$ 57,28 por tonelada equivalente. Ou seja, se um grupo estrangeiro hipoteticamente quisesse investir hoje US$ 1 bilhão no setor, qual conselho você daria? Cartas para a redação.

Se alguém quisesse fixar toda a safra 2012/2013 aproveitando os valores de fechamento da semana e fazendo contratos a termo de dólares para vencimentos futuros, liquidaria R$ 42,20 por saca posto usina, um retorno de 24% sobre o custo de produção. Tem muita gente coçando a mão, louca de vontade de fixar, no entanto os fundamentos estão bons e as cotações vistas em outubro podem se repetir no ano que vem.

O mercado está precificando uma recessão e isso afetaria as commodities. Se a tal recessão não se materializar (e conceituados analistas acreditam que a chance dela ocorrer é de apenas 30%), as commodities sobem novamente. Desde o anúncio da mudança de rating soberano dos EUA, dia 5 de agosto, até que as commodities se comportaram bem. Com exceção do suco de laranja que perdeu 8% e cacau, soja e algodão que caíram ao redor de 2%, todas as demais subiram (destaque para as commodities metálicas)

Os EUA sentiram na pele o destrambelhamento dessas agências de rating. Qualquer brasileiro com mais de 35 anos lembra-se do pânico que se instalava por aqui quando esses rebaixamentos de crédito ocorriam muitas vezes de maneira irresponsável, assim como ocorreu agora nos EUA. Ainda pior quando se trata de agência que num passado não muito distante dissera que o Lehman Brothers era AAA um mês antes de a empresa quebrar. Ou seja, o comprometimento dessa gente é o mesmo de um macaco numa loja de porcelana.

Afinal, qual a diferença entre AAA e AA+? O problema é que não existem dados suficientes para estabelecer estatisticamente essa diferença. Alguns especialistas estimam que enquanto o primeiro tem um risco de default de apenas 0,86% em 10 anos, o segundo tem 2,5 x mais risco.

A posição em aberto de etanol hidratado na BM&F Bovespa tem os pequenos especuladores no lado da compra, os investidores estrangeiros no lado da venda. O grosso da posição está na mão dos hedgers.

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Fonte:
Archer Consulting

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