Mercado de Açúcar: Luz Amarela

Publicado em 02/10/2011 18:36 e atualizado em 03/10/2011 08:05
Comentário Semanal – de 26 a 30 de setembro de 2011.

O mercado de açúcar fechou a semana em alta de 116 pontos, ou 25 dólares por tonelada no vencimento março de 2012 que encerrou o pregão de sexta cotado a 25,29 centavos de dólar por libra-peso. Os demais vencimentos fecharam todos em alta, com elevação da curva de curto prazo em relação aos vencimentos mais distantes. Tomando o fechamento do dólar de 1,8519 os retornos para o açúcar continuam muito bons, desde que se façam combinados o hedge de preço e o hedge cambial. As usinas mais espertas estão fazendo NDF (contratos a termo de dólar com vencimento para 2012) aproveitando a elevação da moeda que muitos acreditam ser temporária. Um hedge concentrado nos primeiros meses da próxima safra traria um preço médio de R$ 47,00 por saca posto na usina, com rentabilidade de 33%.

O volume de açúcar entregue contra o vencimento de outubro, expirado nesta sexta-feira, foi bem pequeno e pela primeira vez em 17 anos, sem a participação de Brasil, que tem negociado a prêmio, portanto, sem lógica que haja entrega física do produto contra a bolsa. Minha opinião é que a pequena entrega tem um caráter ligeiramente altista para o mercado e se assim não fosse a pressão sobre o spread outubro/março (que chegou a 200 pontos na primeira quinzena) teria refletido isso. Vamos verificar. Se você discorda, por favor, manifeste-se.

Alguns atribuem a recuperação da semana a fatores fora do açúcar, ou seja, nada a ver com os fundamentos, mas com a euforia generalizada na recuperação das commodities (será?). Na verdade, na semana, apenas o açúcar experimentou recuperação. Grãos caíram mais de 5%.

Depois da última semana em que as commodities e principalmente o açúcar derreteram em função do cenário macro, esta semana foi um alívio. Dissemos aqui que acreditávamos que quedas acentuadas no preço do açúcar no mercado internacional constituíam-se muito mais em uma oportunidade de compra, o que acabou efetivamente ocorrendo. Os fundamentos prevalecem.

Para reforçar esse argumento, os números que surgiram nas rodas de conversas em evento do setor ocorrido no interior de São Paulo na semana que passou, dão conta de uma produção estimada para 2012/2013 em 520 milhões de toneladas no Centro-Sul. Tudo bem que é muito cedo ainda, mas a luz amarela continua acesa. O cenário macro que pode deteriorar o valor do real traria um suporte importante de preços quando olharmos a paridade do açúcar com o etanol. Outro ingrediente é que a safra deve começar mais tarde o ano que vem. Portanto o spread H/K pode trazer algumas alegrias para quem o comprou.

Usando o CONSECANA médio dos últimos doze meses de 0,4752 e a taxa do dólar em 1,8519 o custo de produção de açúcar na usina, não incluindo os custos financeiros, é hoje de R$ 33,8162 por saca. Há um ano, o custo era de R$ 27,1488 por saca, ou seja, o gasto com a produção em reais subiu 24,56% pela metodologia utilizada pela Archer Consulting, muito acima da inflação.

No site da Agência Nacional do Petróleo consta a observação de que a audiência pública marcada para esta segunda-feira, 3 de outubro de 2011, para discussão daquela minuta anacrônica que regula a produção de etanol, foi transferida para o dia 7 de novembro de 2011. O adiamento “visa proporcionar mais tempo para apresentação de sugestões pela sociedade”, segundo o site da agência. O governo sempre procrastina.

Enquanto a ANP enfia o nariz no setor, o governo reduz o imposto que incide sobre a importação e comercialização dos derivados do petróleo. Isso ocorre porque ele vai precisar importar gasolina para atender o aumento da demanda e à redução de anidro na mistura. Em outras palavras, subsidia-se um combustível (via redução de impostos) em vez de liberar o mercado e dar transparência para que o setor cresça sem amarras.

Um leitor escreve reclamando a propósito de minha opinião sobre o ministro da fazenda externada no comentário da semana passada. “Achei um elogio você dizer que o nosso ilustre ministro da fazenda é apenas mediano. Se ele for mediano, então deve ter melhorado muito! Ele é péssimo. Era um péssimo professor de baixíssima qualidade, na instituição que estudei, e não tinha respeito nem pelos colegas do departamento de economia. Ele é um "camarada". E só.” Não se pode elogiar.

Quem se dedica à previsão de preços de commodities está fadado ao ridículo. Lembro um trader de um fundo asiático no início do ano passado que previa que em junho de 2010 o açúcar estaria negociando a 66 centavos de dólar por libra-peso. Fazer previsões sem levar em consideração o câmbio é ainda mais desastroso. Um trader carioca chacoteando de recentes previsões de preço do açúcar de uma instituição financeira disse que a mesma também antecipou “que o Natal desse ano deverá cair entre o meio e o fim de dezembro”. Muita maldade dele.

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Fonte:
Archer Consulting

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