Café: "É o superavit", diz o analista Marcelo Moreira (Archer)

Publicado em 07/06/2020 09:50
*Marcelo Moreira, profissional há mais de 30 anos atuando no mercado de commodities agrícolas, escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting.

A semana continuou com preços pressionados, negociando Julho-20 na mínima a 94,80 centavos de dólar por libra-peso  e máxima 100,75 centavos de dólar por libra-peso , com o vencimento Julho-20 fechando novamente a semana abaixo dos 100 centavos de dólar por libra-peso  @ 98,90 centavos de dólar por libra-peso mesmo com o Real valorizando +8,80 % no período, voltando a negociar abaixo dos R$ 5,00.

Novos estímulos previstos pelos EUA em conjunto com banco central europeu injetando mais 600 bilhões de euros no mercado, e bancos ao redor do mundo reduzindo os juros estamos vendo uma liquidez sem precedentes nos mercados financeiros, e em breve nas commodities também!

Café segue pressionado. Negociou abaixo dos 100 centavos de dólar por libra-peso  nas telas Julho a Dezembro de 2020 durante toda a semana, e na sexta-feira deu um respiro em função da valorização do Real (quando este chegou a negociar a  R$ 4,9360). Avanço da safra brasileira (até agora com 25pct já colhidos), redução risco de geadas nos próximos 10 dias, condições climáticas favoráveis nas principais origens (América Central, Vietnam, Indonésia), aliados a expectativa da redução do consumo ao redor do mundo em função do vírus seguem colocando um teto no mercado.

Brasil segue sendo maior produtor/exportador da commodity e, com previsão do USDA para um superávit próximo dos 8 milhões de sacas para safra 21/22, não vemos razão para novo rally de alta no curto prazo (subida inesperada dos preços). “Weather Market”, ou seja, o mercado de clima, vai ditar eventual rally  caso geadas venham a ocorrer até meados de julho, e caso Real siga valorizando (próximo suporte nos r$ 4.5800).

Muitos produtores brasileiros conseguiram se beneficiar para fixar saldo da produção da safra corrente e foram feitas muitas fixações para safra 21/22 e 22/23 quando câmbio negociou entre R$ 5.80 5.95 resultando em excelentes remunerações. Isso poderá levar a nova expansão e melhores tratos na cultura gerando novas safras recordes no Brasil, podendo facilmente superar os 70 milhões de sacas e voltando a inundar o mercado mundial.

No curto prazo seguimos recomendando compra de Calls no Setembro-20 (u-20) para proteção contra risco de geadas e eventual chamada de margem (Calls – opções de compra - de 115 centavos de dólar por libra-peso ou 120 centavos de dólar por libra-peso).

Para safra 21/22 seguimos recomendando compra de um Put Spread (proteção contra mercado vir a cair) com preço de exercício de 115 x 100 centavos de dólar por libra-peso no Setembro-21 vendendo Call de 130 centavos de dólar por libra-peso no mesmo vencimento.

Marcelo Moreira*

 

Fonte: Archer Consulting

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Falta de chuva no BR faz futuros do café arábica fecharem sessão desta 5ª feira (04) com ganhos de 2%
Preço médio das exportações de café não torrado dispara 46% em novembro/25 frente ao mesmo período do ano passado
Região da Alta Mogiana registra boa florada do café, mas qualidade da próxima safra preocupa os produtores
Baixos estoques pressionam os futuros do café, que trabalhavam com ganhos no início da tarde desta 5ª feira (04)
Conab: Com maior safra de conilon, produção de café é estimada em 56,5 milhões de sacas em 2025
Ministro Fávaro recebe setor cafeeiro para alinhar estratégias de promoção internacional e financiamento da atividade