Café: Terminal sobe e diferenciais pouco enfraquecem

Publicado em 22/08/2011 07:57 e atualizado em 22/08/2011 09:17
Comentário Semanal - de 15 a 19 de agosto de 2011, por Rodrigo Costa*
Em meio a críticas de diversos analistas, o rebaixamento da dívida americana pela agência do S&P na prática não afugentou investidores que buscam por proteção. Nesta semana em uma análise mais alinhada com o que os mercados têm demonstrado ser “real”, a agência Fitch confirmou a nota máxima para o débito do país.

A procura pelos títulos dos Estados Unidos confirma o “status” de porto-seguro que a classe de investimento proporciona a quem busca abrigo, e talvez o principal motivo, e simplista, seja que os americanos devem em dólares, moeda que podem imprimir o quanto quiser para pagar suas contas. Além disso, investidores em geral tendem a investir em ativos líquidos, que possam ser convertidos em dinheiro o mais rápido possível em momentos de crise, e não há dúvida que os bonds estadunidenses têm esta característica. Como comprovação da demanda, os títulos de 10 anos negociaram na semana com juros abaixo de 2% ao ano, pela primeira vez desde 1954.

Os mercados acionários tiveram um início de semana calmo, andando de lado até finalmente quinta-feira o medo voltar a se instalar provocando uma queda de 5% das principais bolsas do mundo. As commodities se comportaram bem com os índices encerrando em alta no período, liderados pelos ganhos de 11.21% do açúcar, 10,73% do café e 8.48% da prata.

O café na ICE oscilou mais de US$ 8 centavos em quatro das cinco sessões na semana, e em um dos pregões que a queda foi acentuada, atraiu bom nível de compra e provocou uma recuperação para fechar em alta no dia. Isto nos serve de exemplo do quão rápido este mercado pode subir dada a escassez de venda e o interesse de compra que tem encontrado nos movimentos de baixa.

Com isto o ganho acumulado em Nova Iorque ficou em nada menos do que US$ 34.13 por saca de 60 quilos, com o mercado fechando próximo de US$ 270 centavos por libra, ou seja acima dos US$ 260.00 centavos que tínhamos sugerido neste espaço na semana passada. O arábica na BM&F acompanhou o movimento do “C” com ganhos de US$ 33.50 por saca, e Londres ficou para trás subindo apenas US$ 1.32 por saca.

O forte rally dos terminais ajudou as negociações de café físico nas origens, entretanto o volume e os preços negociados indicam um comportamento disciplinado dos produtores, que sabendo da necessidade de compra de intermediários e torrefadores, não têm pressa em vender seus cafés. No Brasil o fim da colheita diminui a suposta pressão de venda (que por sinal não existiu), e nos países da América Central e na Colômbia a disponibilidade de grãos é mínima. Desta forma os diferenciais que em situações normais alargariam muito com a alta da bolsa, acabaram tendo um enfraquecimento muito pequeno.

Se a oferta se mostra limitada e a conta-gotas, a demanda não tem dado traços de arrefecimento, e se em algum momento o aumento dos preços do torrado moído foram vistos como limitadores do crescimento do consumo (que nunca se confirmou), a rodada de baixa dos preços iniciada por um grande torrador americano pode servir de alento para os que se preocupavam com o encarecimento do produto. Outro fator importante, admitido publicamente por poucos, é que o consumo de café durante a crise de 2008, e provavelmente neste momento, parece aumentar independentemente do preço, dada a inquietação ou ansiedade dos cidadãos com a incerteza econômica – lembrando que os principais mercados do café são países ricos, ou emergentes que estão em boas condições (como o Brasil) e que podem se dar o luxo de continuar bebendo esta bebida “cara”.

Desta forma não seria surpresa a bolsa subir mais, e os diferenciais pouco baratearem. Os fundos ainda estão com uma posição vendida, e a rápida alta dos preços dos mercados futuros não permitiram que os comerciais que precisavam comprar tenham conseguido “encher o carrinho” como gostariam, ou seja, há chances de vermos os preços acima de US$ 270 centavos no curto-prazo, para depois experimentarmos uma correção (queda).

Para quem precisa fazer caixa nas próximas duas semanas, é bom aproveitar o momento e colocar algumas vendas nos livros, pois a volatilidade continuará alta e uma súbita liquidação pode atrapalhar os planos.

Uma ótima semana e muito bons negócios para todos,

*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

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Fonte:
Archer Consulting

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