Captação de leite diminui 2,2% em 2011

Publicado em 31/01/2012 08:53 e atualizado em 02/03/2012 09:53
A captação de leite nos sete principais estados produtores do País diminuiu em 2011. Conforme pesquisas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em 2011, o Índice de Captação de Leite (ICAP-Leite/Cepea), calculado com base em amostragem (não censo) do volume recebido por cooperativas/laticínios de sete estados (RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA) foi 2,2% menor que o de 2010.

Os únicos estados que registraram aumento do Índice de captação de leite em 2011, segundo o Cepea, foram Paraná e Bahia, em 3,3% e 1,1%, respectivamente. A maior redução frente a 2010, de 14%, ocorreu novamente em Goiás – em 2010, o Índice de Captação deste estado havia recuado 9% sobre o de 2009. Segundo agentes de mercado consultados pelo Cepea, em algumas regiões de Goiás, a produção leiteira tem forte competição principalmente com a cana-de-açúcar, o que fez com que muitos produtores saíssem da atividade pecuária.

Em São Paulo, houve redução de 4,3% e, em Minas Gerais, de 2,8%. Algumas regiões do estado paulista já apresenta, há alguns anos, decréscimos na produção de leite, dada a competição por área com outras atividades. Além disso, de forma geral, o recuo na captação de leite indica um certo desestímulo por parte de produtores – vale ressaltar que, principalmente no primeiro semestre de 2011, os custos de produção estiveram em patamares elevados. No Rio Grande do Sul, a produção de leite foi prejudicada por fatores climáticos durante a safra de inverno e no final do ano passado; desta forma, houve redução de cerca de 3% na comparação com a captação média diária de 2010.

De novembro para dezembro, especificamente, o Índice de Captação de Leite do Cepea recuou 0,4%. Apesar de o período ser oficialmente de safra, a queda na captação registrada no Sul do País por causa da estiagem impediu o avanço do ICAP-Leite. Houve diminuição de 2,6% no volume captado no Sul, sendo que a redução mais expressiva, de 3,7%, foi verificada no Rio Grande do Sul. Em algumas regiões, segundo agentes consultados pelo Cepea, a reserva de silagem amenizou a queda da produção leiteira. Entretanto, há preocupações com o estoque de alimentos para os próximos meses, principalmente em função das perdas nas lavouras de milho, devido à falta de chuvas. Já em São Paulo, Minas Gerais e Goiás, houve aumentos entre 0,7% e 0,9% de novembro para dezembro. Na Bahia, o avanço foi de 6% no mesmo período.

No balanço de 2011, o preço médio do leite ao produtor (em termos reais) teve aumento de cerca de 10% sobre a média de 2010. No mesmo comparativo, as importações (em volume) aumentaram 72% e as exportações brasileiras recuaram 34% - ambas em equivalente leite.

AO PRODUTOR – Em janeiro deste ano, foi mantida a sucessão de recuos mensais que se vê desde outubro/11. O preço médio pago pelo leite aos produtores (referente à produção entregue em dezembro de 2011) recuou 1,7% (ou 1,4 centavo por litro) em relação ao mês anterior, com a média “nacional” a R$ 0,8316/litro, segundo pesquisas do Cepea. A média é ponderada pela produção dos estados do RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA. A desvalorização ocorreu devido ao período de safra no Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. Na comparação com janeiro de 2011, o aumento é de 7,9%, em termos reais (descontando-se a inflação do período pelo IPCA de dezembro/11).

No estado de São Paulo, houve redução de 2,6% (ou 2,4 centavos por litro) no preço médio pago pelo leite, com a média a R$ 0,8733/litro (valor bruto). Em Minas Gerais, a queda foi de 2,1% (1,8 centavo por litro) frente a dezembro, com litro a R$ 0,8220. A Bahia teve a terceira maior desvalorização de janeiro, de 2,1% (1,6 centavo por litro), com o produto passando para R$ 0,7408/litro. Em Goiás, a queda foi de 2% (1,7 centavo por litro), com média de R$ 0,8396/litro.

Em Santa Catarina também houve redução de 2% (1,7 centavo pro litro), a R$ 0,8269/litro. No Paraná, os valores recuaram apenas 0,5% (ou 0,5 centavo por litro), com média de R$ 0,8385/litro em dezembro. O Rio Grande do Sul, por outro lado, registrou leve aumento de 0,6% (0,5 centavo por litro), a R$ 0,8083/litro, em média. Vale ressaltar que, no estado gaúcho, houve valorização nas mesorregiões noroeste e centro-oriental, e recuo de preços no nordeste, região metropolitana de Porto Alegre e sudoeste.

Para o pagamento de fevereiro (referente à produção entregue em janeiro), 62% dos compradores ouvidos pelo Cepea (que representam 72% do volume amostrado) esperam estabilidade de preços. Para 28% dos laticínios/cooperativas (que respondem por 19% do volume da amostra), deve haver queda e, para 10% dos entrevistados (responsáveis por 9% do volume de leite), deve haver nova alta. Entre os motivos para a expectativa de estabilidade de preços para a maior parte dos agentes está a oferta restrita de leite devido às perdas de produção no Sul do País. Além disso, o retorno às aulas tende a reaquecer o mercado de derivados lácteos.

Fonte: Cepea

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