Leite: Demanda desaquecida por derivados pressiona valor ao produtor

Publicado em 30/06/2014 12:12

O preço do leite pago ao produtor (líquido – sem frete nem impostos) em junho/14 teve queda de 0,73% frente ao mês anterior (em termos reais), fechando a R$ 1,0128/litro na “média Brasil” – média ponderada pelo volume captado em maio nos estados de BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP – de acordo com pesquisa do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. O preço bruto (inclui frete e impostos) fechou a R$ 1,0984/litro, redução de 0,56% em relação à média de maio/14. O cenário baixista, que já era esperado pelo setor, é reflexo do desaquecimento do mercado de derivados em maio e da produção de leite praticamente estável em junho. De acordo com colaboradores do Cepea, o atraso na chegada do frio, o menor crescimento da economia e os altos patamares dos derivados influenciaram na redução do consumo de produtos lácteos. 

Dentre os estados acompanhados pelo Cepea na “média Brasil”, Minas Gerais e Goiás registraram quedas significativas de 2,03% e 3,53%, respectivamente, nos preços líquidos médios pagos ao produtor. Os demais estados (BA, PR, SC, SP e RS), por outro lado, tiveram elevações, puxados principalmente pela menor oferta no campo.

O Índice de Captação do Leite (ICAP-L) ficou praticamente estável em maio, com ligeira queda de 0,05%, considerando-se os sete estados que compõem a “média Brasil” (BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP). Devido ao início do fornecimento de forragens de inverno para os animais no Sul, a captação nos estados de SC e RS subiu 3,85% e 1,93%, respectivamente. A exceção foi o Paraná, que registrou queda de 2,03%. Da mesma forma, houve redução na aquisição de leite nas demais regiões acompanhadas pelo Cepea, de 5,73% na BA, 2,18% em SP e 0,17% em MG. Em Goiás, por outro lado, a captação teve ligeira alta de 0,29%. Considerando-se o acumulado de janeiro a maio de 2014, na “média Brasil”, a captação aumentou expressivos 14,2% em relação aos mesmos períodos de 2013. 

As expectativas para os próximos meses são de aumento da produção no Sul devido ao início da safra. Por outro lado, é esperada redução significativa nas regiões central e Sudeste do País, em razão da seca que tem se prolongado desde o início do ano. De acordo com colaboradores do Cepea, as pastagens estão bastante prejudicadas e a produção de silagem, que é utilizada na alimentação dos animais, também foi significativamente afetada.

Assim, para julho, a expectativa de representantes de laticínios/cooperativas consultados pelo Cepea é de estabilidade nos preços. Entre os compradores entrevistados, 58,3%, que representam 56,3% do leite amostrado, acreditam que os preços ficarão no mesmo patamar e 25% (que representam 35,9% do volume captado) indicam que haverá nova queda. Os demais, 16,7% (7,8% do volume), esperam alta dos preços.

Em relação aos derivados, as cotações registraram alta neste mês, com a recuperação de parte da liquidez, que foi menor em maio. Na média mensal do atacado paulista, o leite UHT e o queijo muçarela tiveram valorização de 4,79% e 0,56% frente a maio/14. O leite UHT teve média de R$ 2,227/litro em junho, e o queijo muçarela, de R$ 12,80/kg (até o dia 27). De acordo com colaboradores do Cepea, o mercado dos derivados esteve um pouco mais aquecido em junho 

devido ao escoamento dos estoques, à produção relativamente estável no campo e à dificuldade do transporte do leite do Sul em razão das chuvas ocorridas nessa região. Além disso, a demanda por produtos lácteos esteve mais aquecida com as temperaturas mais amenas. Esta pesquisa de derivados do Cepea é realizada diariamente com laticínios e atacadistas e tem o apoio financeiro da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e da Confederação Brasileira de Cooperativas de Laticínios (CBCL). 

Veja gráficos e tabelas abaixo:

Gráfico 2: Série de preços médios pagos ao produtor - deflacionada pelo IPCA

Fonte: Cepea

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