Soja encerra a quinta-feira com quase 40 pontos de alta em Chicago diante da desvalorização do dólar

Publicado em 05/11/2010 06:16
Banco Central dos EUA inunda aquele país de dólares. Cotações futuras de soja e de inúmeras outras commodities sobem notavelmente.
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Comentário:

As cotações futuras de soja relativas aos três primeiros vencimentos fecharam com ganhos notáveis, nesta quinta-feira, quatro de novembro de 2010, na Bolsa Mercantil de Chicago (CME), conforme a tabela acima.

Na terça-feira, dois de novembro de 2010, este SojaNet - serviço de comentários diários sobre o mercado futuro de soja em Chicago - publicou o seguinte no site da Fundação Mato Grosso e nos e-mails enviados diariamente pela Fundação para milhares de produtores: "Muitos analistas financeiros acreditam que o FOMC irá mesmo injetar amplos recursos monetários na economia estadunidense ao comprar amplo volume dos aludidos papéis, pois esta parece ser a atual estratégia do Governo Obama de retomada do crescimento econômico, para diminuir o desemprego. Se esta hipótese (em que o SojaNet acredita) for confirmada na quarta-feira, três de novembro corrente, o Dólar dos EUA deverá desvalorizar-se mais ainda, enquanto os preços das commodities de exportação (inclusive da soja) deverão valorizar-se sensivelmente".

Dito e feito. Na terça-feira o FOMC - Comitê Federal de Política Monetária (ou de Mercado Aberto) do Banco Central dos EUA (Federal Reserve System) lançou um pacote de no mínimo US$600 bilhões, podendo chegar a US$900 bilhões, pacote este destinado a injetar mensalmente na economia norte-americano pelo menos cerca de US$75 bilhões por mês, até meados ou final de 2011.

As razões de ser oficiais do pacote consistem em estimular o mercado doméstico norte-americano de crédito e acelerar o crescimento econômico do país. Os economistas sabem, entretanto, que essas "razões de ser" dependerão do objetivo verdadeiro e essencial do pacote norte-americano (designado QE2), ou seja, promover a rápida e acentuada desvalorização do Dólar dos EUA perante todas as demais moedas livremente conversíveis (o Euro europeu, o Yen japonês, o Yuan chinês, o Dólar Australiano etc).

Como previsto, a medida divulgada na quarta após os encerramentos da maioria dos pregões futuros surtiu acentuados efeitos, já nesta quinta-feira, na abertura dos pregões futuros de ampla gama de commodities, inclusive da soja. A soja em Chicago e todas essas commodities registraram sólidos ganhos nas suas respectivas sessões futuras. A lógica é simples: quando o Dólar norte-americano é desvalorizado, as commodities negociadas nessa moeda tornam-se mais baratas para os importadores, os quais tendem a aumentar a sua demanda pelas mesmas. O Dólar norte-americano pode por longo tempo continuar em sua trajetória de queda (desvalorização).

Ora, sendo relativamente inelásticos os estoques globais dessas mercadorias, os respectivos preços futuros tenderão a aumentar. Cumpre ter em mente que não apenas as commodities exportadas pelos EUA, mas todos os produtos industrializados e serviços norte-americanos, inclusive máquinas, computadores, softwares etc acordaram nesta quinta-feira bem mais baratos para os importadores estrangeiros (que possuem Euros, Yens etc). Foi um golpe de mestre do Presidente do Banco Central norte-americano, Ben Bernanke.

Faz-se necessário lembrar que são sólidos os fundamentos globais da soja em grão. Nesta data, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) informou que totalizaram 1.568.000 de toneladas os registros efetuados na semana passada relativos à venda da oleaginosa estadunidense destinada à exportação. Além disso, participantes do mercado em Chicago estimam que o USDA poderá aumentar sensivelmente a sua previsão referente ao total das exportações norte-americanas de soja no ano-safra 2010/2011.

Se tal aumento for confirmado, poderá ser dramaticamente reduzido o estoque final de soja norte-americana projetado para o ano-safra em curso. Há certa ansiedade, com respeito ao importante relatorio do USDA a ser divulgado em nove de novembro corrente. Tudo isso não bastasse, traders em Chicago estão adicionando prêmios às cotações futuras de soja, por conta do plantio tardio da oleaginosa em importantes estados brasileiros, algo que se reflete em incremento das compras dessa commodity nos EUA, em detrimento do nosso país, posto que os riscos da nossa safra aumentam quando a mesma atrasa, ainda que parcialmente.

Os sojicultores brasileiros precisam estar cientes de que a desvalorização do Dólar dos EUA é benéfica por influir na valorização dos preços das commodities cujos preços estão atrelados à moeda norte-americana. Entretanto eles não podem deixar de perceber que tal desvalorização será nociva às receitas de exportação da soja brasileira (e de inúmeros outros produtos nacionais), se não forem imediatamente adotadas medidas enérgicas para evitar a continuada valorização do Real frente o citado Dólar. Pouco adianta ganhar de um lado e perder de outro.

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Fonte:
SojaNet

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