Retirar ou não a TEC do trigo, eis a questão!
Publicado em 29/01/2013 08:08
Notícias do final da semana anterior destacam a atuação da FAEP-PR na defesa da não imposição da TEC (tarifa externa comum) de 10% no trigo, em resposta à solicitação recém realizada pelos moinhos de trigo à Câmara de Comércio Exterior. O argumento do órgão patronal paranaense é de que a redução de preços no trigo importado poderia afetar a paridade de importação e rebaixar preços internos antes da colheita, uma situação delicada para decisão do governo.
Levando a conversa ao campo da matemática segundo nossa última tabela de preços CIF do trigo importado posto no Porto de Santos (cálculo teórico), sem a TEC de 10% o trigo americano chegaria no litoral paulista a R$ 832 (considerando FOB US$349/ton e câmbio 2,0368). Assim sendo mais frete até a capital teríamos um valor próximo de R$ 865/ton.
O trigo paranaense com qualidade próxima ao trigo hard americano teria preços de negócios a R$ 820/ton no mínimo FOB Norte do Paraná e fretes variando entre R$ 65 e R$ 86/ton dependendo da logística de cada município até São Paulo capital. Fechando assim na média a R$ 895/ton. Um bom desconto em relação ao trigo nacional, mas que não seria diferente da cotação argentina atual, com CIF atual em torno de R$ 830/ton no Porto de Santos.
O problema incide no incremento de oferta (opções) e este sim poderia resultar em diminuição da competitividade do trigo argentino, seguindo uma possível posterior redução de preços, ai sim afetando a paridade de importação nos estados produtores.
A tarefa do governo é delicada, com medidas de controle ao preço de alimentos como queda da TEC e venda de estoques públicos de trigo, podendo resultar em perda de preços ao produtor. Na nossa forma de ver, o mercado internacional deve ser melhor monitorado frente a futuras possíveis quedas, dependendo do clima na primavera do hemisfério Norte, com câmbio favorecendo atualmente as reduções das pedidas de importações do trigo.
Outro ponto é a queda da TEC primeiramente apenas ao Nordeste, onde se sofre mais com a falta de disponibilidade de produto nacional, dai sim, caso as cotações internas elevem-se fortemente novamente, se estudar medidas para se conter preços, já que a entressafra ainda está no início neste momento. Com Tarifa Externa Comum ou não, em se confirmando os prognósticos de importação atuais o Brasil precisaria de 1,5-2 milhões de toneladas de trigo de fora do Mercosul.
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Fonte:
AF News