Um olho no norte, outro no sul e outro no leste, por Amilcar Centeno

Publicado em 24/09/2013 15:32

Amilcar Centeno Novo - Páginas InternasIniciou a colheita da soja em algumas regiões produtoras dos Estados Unidos. Este é o momento em que normalmente o mercado “vira” o ano-safra, ao mesmo tempo em que começa a voltar suas atenções para oSul, principalmente para o Brasil ea Argentina.
Este ano, porém, em função dos atrasos no plantio, as especulações sobre a produção da safra norte-americana se mixturam com as projeções da safra no Hemisfério Sul.

O último relatório do USDA, publicado em 12 de setembro, estimou a produção de soja dos EUA em 85,7 milhões de toneladas, uma redução de 2,88 milhões de toneladas em relação ao relatório anterior. Estas estimativas nem haviam sido publicadas e vários analistas ja afirmavam que os números ainda são muito altos, e que independente do que ocorrer com o clima, o USDA irá ajustar novamente a safra de soja para baixo em seu próximo telatório de Outubro!

O relatórioestimou a produtividade media da soja norte-americana em pouco mais de 41 sacos/ha, uma redução de 3,4% em relação ao relatório anterior, mas ainda 1,8 sacos a mais por ha do que no ano passado.O que mais causa estranhesa nestes númerosé que os cálculosdo USDA ao mesmo tempo em que consideram o menor número de vagens por metro quadrado desde 2004, mais alto apenas do que o ano passado quando uma seca prolongada derrubou a produtividade para pouco mais de 44 sacos/ha, também estima o segundo maior peso por vagem desde 2004 e também apenas menor do que o do ano passado, quando o enchimento dos grãos foi beneficiado por intensas chuvas no final do período, trazidas pelo furacão Isaac.

Mas o que mais causa estranheza é que o USDA não fez nenhuma alteração na área plantada ou colhida, apesar de até o último dia 1º de setembro os agricultores norte-americanos já terem solicitado cobertura de seguro para 3,32 milhões de ha. Isto de compara com os 3,12 milhões de ha no início de agosto deste ano e com 0,5 milhões de ha no ano passado

Um bom exemplo de como o mercado especula nestes momentos de indecisão foi o relatório publicado na semana passada pela agência internacional Bloomberg, comentando sobre o início da safra norte americana. Este relatórioindicava uma boa produtividade, com números maiores do que os que vinham sendo estimados anteriormente. No nosso modo de ver, isto não deve ser visto como um sinal de que as perdas foram super-estimadas, pois na verdade o as áreas que estão começando a ser colhidas são exatamente aquelas lplantadas no momento adequado, ainda no início do período de plantio e antes das chuvas que provocaram todos os problemas na safra norte-americana. Além disso, a área colhida até o momento representa pouco mais de 3% da área total e está concentrada nos estados ao Sul do cinturão do milho e pouco significativos, como o Arkansas, Lousiana e Mississipi. 

Os números da safra norte americana só serão de fato decididos na parte final da colheita, quando serão colhidas as áreas mais problemáticas, concentradas em grandes estados produtores, como Iowa e Minnesota.

Além destas incertezas em relação ao impacto do clima passado, ainda restam algumas indefinições em função do clima ao longo deste período de colheita tardia. Neste último final de semana (21 e 22/09) ocorreram geadas esparças na parte norte do Meio Oeste norte-americano. Embora as temperaturas não tenham sido baixas o suficiente para matar as lavouras, e apesar da previsão de um clima mais amenos para esta semana, este fato deixou o mercado em alerta e preocupado, adicionando ainda mais volatidilidade às negociações.

Enquanto isso, as atenções começam a se voltar para a safra no hemisfério Sul. Ainda na semana passada a Oil World especulava sobre a “seca” que poderia atrasar o plantio na Argentina e no Brasil. Como se este não fosse normal estarmos no final da estação das secas e aguardando as primeiras chuvas nos Cerrados! Aliás, as previsões de chuvas sobre quase todo o território brasileiro para esta semana já colocaram estas especulações no passado, e o país se prepara para uma super safra de soja, avançando com a leguminosa sobre as áreas de milho, que continuarão a crescer na segunda safra.

Não bastasse tudo isso, ainda é preciso manter um olho voltado para a China, que comanda o espetáculo no lado da demanda As exportações norte-americanas de soja vêm acontecendo em um ritmo mais rápido do que o registrado no ano passado. Das 37 milhões de toneladas destinadas à exportação, cerca de 21 milhões já foram comercializadas. Ainda na semana passada, o país asiático fez a sua quinta maior aquisição individual de soja da história, envolvendo 1,93 milhões de toneladasnum único negócio, como parte de uma negociação estimada em 4,8 milhões de toneladas.

Portanto, o momento do mercado é muito complexo e indefinido, porém tudo indica que este será mais um ano de bons resultados para a nossa soja, pois o único fator baixista à vista é a definição de uma possível grande safra no hemisfério Sul, De qualquer modo, o dinheiro está vindo em nossa direção. As cartas estão em nossas mãos! Só precisamos jogar bem, aproveitar a oportunidade e negociar com sabedoria!

PENSE NISSO!

 

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Fonte:
Centeno Consultoria Empresarial

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