Terras Indígenas: Quando os deveres e os direitos não são para todos

Publicado em 27/11/2012 14:15 e atualizado em 10/03/2020 11:21
Carla Mendes, jornalista e cidadã brasileira.
Ninguém deveria ter que sofrer por não ter uma casa, sua terra, seu teto. Todos os seres humanos desse mundo deveriam estar adequadamente alimentados, com sua sede saciada e com água ao seu alcance caso aquela sede de matar voltasse. Todos deveriam estar adequadamente abastecidos com roupas quentinhas para o inverno, calçados pudessem preservar os pés, mesmo que estivessem muito cansados. 

Deveriam estar todos com sua educação em dia, com sua documentação em dia, com suas contas pagas sem sufoco. Afinal, deveriam todos estar empregados, recebendo justos salários, já que pagam seus impostos em dia e o retorno seria óbvio. 

Diz o artigo 5º da nossa Constituição Federal: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. Porém, o índio está na condição de "incapaz". Para isso, foi criada a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), "órgão federal responsável pelo estabelecimento e execução da política indigenista brasileira em cumprimento ao que determina a Constituição Federal Brasileira de 1988", segundo descreve o site da entidade. 

Sabemos disso e ainda somos corajosos (ou covardes) o bastante para repercutirmos fanatismos absurdos como os ambientais ou agora a nova moda das questões indígenas que assolam o Brasil há anos e só agora mereceram, sabe se lá porque, a atenção de uma mídia que nunca se importou com isso.

Ótimo. Então, façamos, já que queremos cobrar direitos e tudo mais, um jornalismo sério e (Deus nos ajude!) imparcial. Ouçamos, então, os dois lados e todas as verdades. No Mato Grosso, os índios Xavantes contam com uma enorme área onde já habitam, porém, pleiteam outra. Nada menos do que 165 mil hectares. O governo do estado ofertou uma terceira área para a comunidade, de um bioma condizente com a natureza dos indígenas, e ainda assim a Justiça quer desapropriar centenas e centenas de famílias que ali vivem da agricultura, atividade que promove o progresso da economia da região. 

São famílias que, ao contrário de pontuais membros de movimentos como o MST, não invadiram tais propriedades, mas as conquistaram com seu trabalho de anos. São pessoas, portanto, que merecem o mesmo respeito do que os índios tão defendidos nos últimos dias por nós. Por brasileiros replicadores de opiniões alheias. São anos de suor, história e trabalho sendo ameaçados, exatamente como se comunidades e mais comunidades índigenas fossem desapropriadas e famílias ficassem sem ter pra onde ir. 

Mas, Deus põe no mundo seres de todas as raças com a missão de ensinar aos seus semelhantes que a ganância não permite a evolução. Representantes dessa mesma comunidade de Xavantes, em entrevista ao Canal Rural, disseram não fazer a menor questão desta terra, já que já têm a sua própria. Que tais pleitos não passam de exigências de burocratas da FUNAI. 

A mesma FUNAI que há mais de três anos não visita aldeias dos índios Caiapós, segundo o relato dos membros da própria comunidade. A entidade há anos não dá a assistência mínima aos moradores dessas aldeias, não abastece nem mesmo à Casa de Saudade das mesmas, onde a cada 12 crianças que nascem, sete morrem. 

Índios ou não, produtores ou não, como já disse, os direitos são iguais. Bem como seus deveres. Dezenas de comunidades indígenas estão à mercê da sorte, com recursos se esvaindo por água abaixo. Ao lado deles, o seu Estevão, de 77 anos, que demorou décadas para conquistar aquilo que chama de seu hoje, de onde tira o seu sustento. 

Compaixão e um discurso mais racional é do que precisamos agora.  
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Por:
Carla Mendes
Fonte:
Carla Mendes

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