A república de joelhos, por Rogério Arioli

Publicado em 04/06/2013 17:27
Rogério Arioli é engenheiro agrônomo e produtor rural.

Nos últimos dias a república brasileira, que se dizia federativa, levou dois estridentes tapas na cara, dignos das antigas comédias de pastelão.  Embora aquelas desgastadas fórmulas de humor provocassem o riso mais pela qualidade dos atores do que pelo conteúdo do script, as atualmente patrocinadas pela republiqueta petista ao invés de riso geram surpresa e indignação.  Ao paralisarem as ampliações das demarcações indígenas  pretendidas pela FUNAI apenas no Paraná e no Rio Grande do Sul o governo age politiqueiramente, condenando os brasileiros habitantes dos demais estados a situação de cidadãos de segunda classe.

A Ministra Gleisi, considerada a segunda voz no escalão republicano, parecia portar-se de maneira extremamente coerente até então, mas escorregou de maneira vergonhosa ao colocar suas pretensões políticas ao governo do Paraná acima das demandas nacionais.  Ficou evidente que não há o comprometimento do Governo Federal em paralisar as absurdas ampliações de reservas indígenas que colocaram em estado de beligerância brasileiros em todo o território nacional.  Apenas existe, de maneira clara e evidente, a preocupação com os resultados do próximo pleito eleitoral e, para isso, é necessário que se fique de bem com todo mundo que possua seu título de eleitor vigente.  Acalmem-se os ânimos no Paraná, obtendo-se assim o necessário apoio do setor produtivo no próximo certame eleitoral, e o resto do Brasil que se exploda.

Atitude ainda mais repugnante do que a da Ministra foi a do atual Governador gaúcho Tarso Genro.  Para quem tem a memória curta é necessário lembrar que Genro foi Ministro da Justiça do governo Lula entre março de 2007 a fevereiro de 2010 notabilizando-se pela defesa intransigente do ex-guerrilheiro italiano Cesare Battisti que hoje se encontra livre, leve e solto circulando pela orla carioca.  Mas na verdade o que importa é que o ex-ministro teve tempo suficiente para paralisar o prenúncio da guerra fratricida que havia àquela época, e hoje se encontra em curso, através dos conflitos entre índios e brancos, se tivesse dado um basta a estas absurdas ampliações.  E o que fez quando portava a caneta da Justiça?  Acirrou ainda mais os ânimos assinando inúmeras ampliações pelo país afora.  Ao fumar o cachimbo da paz enquanto Ministro, Genro permitiu que o câncer das demarcações sofresse metástase e contaminasse todo tecido nacional.

Mas agora, como Governador do Rio Grande, mudou de lado e correu a Brasília mostrando os efeitos negativos, politicamente falando é claro, que novas demarcações causariam ao seu estado.  Logicamente foi atendido na sua reivindicação, pois companheiro é companheiro e filho da ditadura é filho da ditadura, mais ou menos como diz um conhecido bordão.  No momento em que o governo age através daquele ensinamento já sedimentado pela política de “aos amigos as benesses da lei e aos inimigos seus rigores” a federação vai erodindo de maneira cruel e as fendas provocadas, inequivocamente, resultarão num fisiologismo ainda maior do que o já consolidado.

Já é sabido que os estados brasileiros encontram-se com o pires na mão, mendigando pela sua fatia no bolo tributário fato que, inclusive, tem levado muitos deles a total incapacidade de investimentos.  Também é notória e corriqueira a prática de condicionar liberações de recursos e facilidades àquelas entidades federativas mais alinhadas politicamente, o que não é exclusividade deste governo, é bom que se ressalte.  Mas problema maior acontece no momento em que a república está em chamas, necessitando de intervenção urgente do poder constituído e este só consegue vislumbrar até as próximas eleições.  Parece tratar-se disso neste momento, onde a irresponsabilidade do fomento às ações ilegais já começaram a gerar mortes.  

Primeiramente a de um agricultor morto, com requintes de crueldade por indígenas enfurecidos.  Agora, finalmente para gáudio do CIMMI e da FUNAI, o morto é um indígena, invasor de fazenda Buriti (MS), recém desocupada pela Polícia Federal.   Embora não se saiba ao certo as condições em que a mesma ocorreu, certamente a repercussão será muito maior, pois, infelizmente, este cadáver será utilizado para dar lustro à questão social que encobre o aspecto econômico e ideológico das ampliações. 

Portanto, não há mais como protelar uma ação federal urgente paralisando as demarcações em todos os estados da federação, e garantindo aos produtores a tranquilidade necessária para continuarem trabalhando e, aos indígenas, melhores condições de vida, o que certamente não tem nenhuma relação com o aumento das suas reservas.

                                                                     

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Fonte: Rogério Arioli

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