A gênesis da conservação do solo no Brasil, por Mario Borgonovi
Se examinarmos a história da conservação do solo e sua importância para a agricultura conclui-se que, no Brasil, esta matéria tinha pouca ou quase nenhuma significância antes da visita de Hugh Bennett. Ao concluirmos nosso bacharelado em 1940 pudemos afirmar que, durante o nosso curso da ESALQ, não houve nenhuma aula sobre o assunto, entretanto, nos EUA já existia uma grande organização chamada Soil Conservation Service (SCS) com centenas de engenheiros agrônomos dedicados a este trabalho.
Foi com a introdução da cultura do algodão no Estado de São Paulo e com o impacto imposto aos agricultores pelos estragos no solo causados por esta atividade que percebeu-se a necessidade de um manejo adequado do solo para se evitar a erosão. Por este motivo a Secretaria da Agricultura criou o que se chamou de Serviço de Terraceamento que consistia em construir-se curvas em nível com seção triangular para impedir-se a formação do enxurro que assustava os agricultores. Tal fato ocorria porque a cultura do algodão exigia um preparo do solo com aração enérgica e o seu manejo ocorria justamente na época de chuvas torrenciais.
A conservação do solo no Brasil nasceu no início da década de 1940. Ao relatarmos partes de sua história não podemos deixar de destacar certos desacertos que ocorreram na Secretaria da Agricultura especialmente com a criação da Seção de Conservação do Solo do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) destinada à pesquisa científica. Lamentavelmente os técnicos tinham pouco contato com os agricultores e só se interessavam por pesquisas muitas vezes já realizadas nos EUA. Foram adquiridos dez tratores Caterpillar-D4 com o objetivo de se colocar em prática a implantação dos
terraços, o que trouxe certa animozidade com o pessoal da pesquisa.
* Mario Borgonovi
Nascido em Campinas (SP), em 29 de novembro de 1913, teve sua certidão de nascimento lavrada apenas em 18 de janeiro de 1914, como era comum acontecer naqueles tempos. Formado em Piracicaba (SP), sua pós-graduação em Planejamento Agrícola foi na Clemson College University - USA, com estágio no Soil Conservation Service - USA, em 1946.
Após a formatura, foi aprovado por concurso público no Instituto Agronômico de Campinas.Trabalhou na casa da lavoura de Mococa (SP) e depois em São João da Boa Vista (SP), onde atendia as fazendas de café, principalmente aplicando seus conhecimentos de conservação do solo com a introdução das técnicas de curvas de nível nos cafezais.
Em 1949, retornou a Campinas, ocupando os cargos de técnico da seção de agrogeologia, depois chefe da seção de combate à erosão, irrigação e drenagem, e assessor técnico do Secretário da Agricultura do Estado de São Paulo.
Trabalhou na concepção de irrigação de arroz do Vale do Rio Paraíba, fundou as empresas Florestas Rio Doce e Docemade, subsidiárias da Companhia Vale do Rio Doce, e foi um dos idealizadores da UNICAMP, entre muitas outras atividades. Foi ainda colaborador da elaboração do primeiro texto da Lei do Código Florestal (1965).
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