Agricultura digital: o caminho sem volta para um futuro mais sustentável, por Gustavo Taniguchi

Publicado em 16/12/2021 14:42 e atualizado em 16/12/2021 19:20
Gustavo Taniguchi é diretor de Marketing Comercial da New Holland Agriculture para a América Latina

O maior desafio que se impõe para a agricultura brasileira nos próximos anos é o de continuar produzindo cada vez mais e melhor, com qualidade e de maneira sustentável, não apenas no aspecto ambiental, mas também do ponto de vista da sustentabilidade do negócio. A cada ano que passa, o país não só concretiza o seu protagonismo global na produção de alimentos como deverá, num futuro próximo, salvaguardar a preservação dos recursos naturais que tornam a nossa agricultura tropical uma das mais competitivas e respeitadas do mundo.

Para que isso ocorra, uma das principais ferramentas que o produtor terá em mãos é a agricultura digital, não só por seu aspecto inegável, mas porque ela se tornará algo cada vez mais presente no dia a dia das propriedades rurais. Hoje, mais do que nunca, observamos que nossos clientes da New Holland já acompanham as cotações das commodities de maneira on-line, acompanham a previsão do tempo, negociam valores via WhatsApp e se comunicam constantemente pelas redes sociais. Ou seja, para eles já é natural ser digital para realizar diversas tarefas. 

É essa tranquilidade que queremos passar para todos os agricultores, independentemente do tamanho da operação. A digitalização vai acontecer de maneira natural e nosso foco vai ser contribuir com esse processo da melhor maneira possível.

Quando menos percebermos, já fará parte das atividades diárias. Nosso compromisso é sempre trazer as soluções de forma simples e descomplicada, afinal, a digitalização tem de ser acessível a todos.

Estamos falando de máquinas 100% conectadas, autônomas, capazes de oferecer ao agricultor uma série de informações sobre o seu funcionamento, autodiagnósticos e detalhes pormenorizados sobre as operações agrícolas, com dados sobre as condições do solo, clima e aspectos do plantio e da colheita. 
Atualmente, a agricultura se depara com o universo das chamadas megatendências da tecnologia, que devem ditar o ritmo do desenvolvimento nos próximos anos, como a digitalização, servitização, autonomia e propulsões alternativas, entre elas, por exemplo, a propulsão a biometano e a eletrificação das máquinas.

É notório que essas novas tecnologias já vêm provocando uma revolução no campo. Caminhando ao lado das boas práticas agrícolas, como o plantio direto e manejo adequado, além das inovações presentes nos insumos tais como sementes e fertilizantes, a agricultura digital aumenta a performance no campo, ampliando a produtividade sem necessidade de derrubada da vegetação para a abertura de novas áreas – outro ponto a favor da sustentabilidade.

Para o próximo ciclo (21/22), a expectativa é de que o Brasil vá colher uma safra de grãos de mais de 291 milhões de toneladas – 15% a mais em relação à safra passada. Ou seja, mais um recorde deve ser batido, o que, aliás, vem se tornando corriqueiro todos os anos. Isso diz muito sobre as práticas e tecnologias adotadas na nossa agricultura, cada vez mais competente e profissionalizada, que lança mão das inovações disponíveis no mercado, sobretudo em tratores, colheitadeiras e pulverizadores.

De qualquer forma, os novos produtores já estão mais conectados. Estamos entrando num novo momento da agricultura. As novas gerações que estão chegando ao campo naturalmente são mais antenadas e conectadas. Trata-se de um novo perfil de agricultor. Segundo a Embrapa, hoje 7 em cada 10 produtores estão de alguma forma conectados. Nos próximos 5 anos, no Brasil, o potencial de mercado para produtos voltados à agricultura digital é de nada menos do que R$ 590 milhões.

A tecnologia embarcada nas modernas máquinas permite ao produtor não só produzir mais, mas evitar desperdícios e reduzir os custos de operação. Um exemplo são os pulverizadores com tecnologia de controle de aplicação, que aplicam o produto na dose certa e no local certo, evitando sobreposições nos talhões e o uso excessivo de agroquímicos. Ou então os tratores de alta potência, que já saem conectados de fábrica e podem controlar a própria velocidade de operação e a rotação de trabalho ideal do motor, tornando a operação mais assertiva e com economia de combustível, o que significa menos CO2 na atmosfera.

E engana-se quem pensa que essas soluções são apenas para os grandes, aqueles mais capitalizados. Hoje temos tecnologias que, literalmente, cabem na palma da mão e não custam R$ 1 sequer. Uma delas são os aplicativos gratuitos que podem ser instalados em qualquer smartphone e servem para monitorar, por exemplo, a velocidade de operação da máquina, o giro ideal do motor ou então trazer informações sobre a previsão do tempo. Uma solução que pode ser usada em qualquer máquina, mesmo sendo mais antiga. Com isso, faz-se com que a máquina opere de forma mais eficiente e econômica.

Mercado aquecido

A demanda crescente por soluções tecnológicas também deve contribuir para aquecer ainda mais o setor de máquinas agrícolas. Estima-se que para 2022 a demanda no Brasil seja de algo em torno de 60 mil tratores e 8,5 mil colheitadeiras. Mas o produtor está mais exigente também. Quer máquinas que lhe tragam, na ponta do lápis, mais economia e rendimento na lavoura, com uma tecnologia assertiva, útil e fácil de usar. 

Afinal, temos um mercado mundial para o agro brasileiro. A demanda por produtos agrícolas do país é estimada até 2050, pelo menos. Algo que vem ganhando corpo ao longo dos anos. Na última década, por exemplo, a participação brasileira no mercado mundial de alimentos passou de US$ 20,6 bilhões para US$ 100 bilhões e a expectativa é que essa participação siga crescendo. Um relatório da OMC mostrou que o Brasil se consolidou nos últimos 25 anos como o maior exportador líquido (diferença entre exportações e importações) de produtos agro do planeta. 

Atualmente, o PIB agrícola representa quase 30% do PIB brasileiro e a estimativa é chegarmos a 2025 com uma produção de 336 milhões de toneladas de grãos e um aumento esperado de 23% no rendimento para o produtor. Nesse sentido, o maquinário agrícola, com mais tecnologia embarcada, vai ajudar a trazer esses resultados. Mas é importante frisar que só seguiremos crescendo e abrindo novos mercados se tivermos um agro produtivo, tecnológico e, sobretudo, sustentável.

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Por: Gustavo Taniguchi

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