É possível salvar o bolso do agro que sofre com a estiagem? Por Luis Felipe Canto Barros

Publicado em 14/02/2023 13:15
Luis Felipe Canto Barros é Head Institucional e Jurídico na Russell Bedford Brasil

A estiagem no sul do Brasil vem atingindo níveis catastróficos. Mais de 40 cidades gaúchas já registraram emergência e milhares de produtores e empreendimentos do agronegócio acumulam milhões em prejuízos. Como uma reação em cadeia, as perdas provocadas pela falta de chuvas na região têm impacto direto na economia, afetando o equilíbrio entre oferta e demanda e gerando aumento de preços em diversos produtos.

Infelizmente, há pouco que se possa fazer em relação à escassez pluvial, pois, nos últimos meses, o fenômeno natural La Niña tem impactado diretamente o volume da água. Contudo, existem formas de atenuar os prejuízos financeiros, mas diversos negócios rurais ainda não valorizam a importância de uma gestão integrada de propriedade para se proteger de eventos como os atuais.

Muitos empreendedores desconhecem as opções de contratos agrários à disposição. Tratando especificamente da estiagem histórica vivida atualmente, quem optou pelo contrato de arrendamento rural arcará com todos os prejuízos da exploração da terra e somente poderá renegociar algo quando houver interesse de outra parte. Em contrapartida, quem optou pelo contrato de parceria rural, isto é, cedeu parte do uso da terra para um parceiro explorar, dividirá os prejuízos na proporção alinhada em contrato.

Evidentemente, cada empreendimento tem as suas particularidades. Assim, a escolha por um modelo ou outro de acordo depende da visão de negócio do proprietário, do tipo de terreno em questão, das oportunidades e condições negociadas, do escopo da parceria (agrícola, pecuária, mista etc.), entre outros aspectos.

Precisamos entender que o contrato de uso de terra é apenas um aspecto dessa conjuntura, mas a lição que todos os empresários do ramo precisam levar de momentos críticos como este é a importância do mapeamento e da avaliação de riscos existentes no setor rural. Essa medida acaba passando batida no gerenciamento de muitos negócios dessa natureza e tem impacto direto no bolso dos empresários e na sustentabilidade das operações.

Fomos instigados a reconhecer que o agro é pop, mas cada vez mais ele precisa ser estruturado de ponta a ponta. Em atividades de risco como esta, o planejamento é fundamental em toda jornada, seja na escolha do contrato de uso da terra, no gerenciamento financeiro, nas negociações e, sobretudo, nas decisões que envolvem a produção e a consequente rentabilidade do negócio.

 

Fonte: Luis Felipe Canto Barros

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