Arroz europeu mostra que há muito espaço para crescer no consumo e na produção, por Lena Miessva

Publicado em 28/09/2023 08:22 e atualizado em 28/09/2023 10:32

Para Portugal, arroz é assunto sério e não pode faltar na mesa. E entre as variedades de arroz, o tipo Japônica Carolino é fundamental na culinária tradicional portuguesa. É o arroz conhecido como “malandrinho” pois combina com qualquer outro ingrediente em pratos como ‘arroz de’: frutos do mar, vegetais, peixes e carnes. Além disso, tem baixo custo para o consumidor.  

Entretanto, o consumo de arroz no mercado europeu ainda está muito aquém de seu potencial. A produção europeia de arroz tipo Japônica corresponde a 0,4% da produção mundial, mas responde a 77% da orizicultura da União Europeia.  E para gerar maior consumo e ampliar a produção agrícola do grão, que associações públicas e do mercado de Portugal, Itália e França se uniram e com o apoio financeiro da União Europeia, criaram a campanha Arroz Europeu, conhecida como @sustainableeurice. A campanha irá fomentará maior volume de informações nos maiores países consumidores na União Europeia – Itália, Portugal, França e Alemanha. 

Campo de arroz no Vale do Tejo

Em Portugal, a Casa do Arroz é uma das associações envolvidas na iniciativa e seu presidente, Pedro Monteiro, recebeu um grupo de 30 formadores de opinião como professores universitários, pesquisadores, jornalistas de países europeus e correspondentes asiáticos na Europa em 25 e 26 de setembro no Vale do Tejo, onde está a maior produção do arroz Japônica Carolino.  

Segundo Pedro Monteiro, presidente da Casa do Arroz e diretor-geral da ANIA - Associação Nacional das Indústrias de Arroz, o objetivo da atual safra é corrigir os impactos da anterior (seca e inflação por conta da guerra na Ucrânia). Entre os maiores desafios estão: a aplicação de pesticidas a ser acompanhada e o perfil da cadeia produtiva pois as muitas empresas de pequeno porte têm que competir com grandes empresas como supermercados com maior poder para negociar.  

Pedro Monteiro, presidente da Casa do Arroz e diretor-geral da ANIA - Associação Nacional das Indústrias de Arroz

Para Pedro, o arroz é uma cultura que contribui para equilíbrio ambiental pelas suas práticas sustentáveis. “É fazer mais com menos - maior produção com menor uso de pesticidas, melhor controle do uso da água, uso de tecnologia para aumentar a produtividade no campo como análise dos campos pelos drones. Tivemos recentemente essa prova quando um instituto de consumidores comparou arroz biológico com o tradicional e não localizou diferenças. Isso dá uma imagem de garantia ao nosso produto”. 

E sobre o consumidor? Segundo Monteiro, ele ainda não valoriza os diferenciais. “Arroz não é só arroz, como se diz. É preciso considerar o arroz produzido localmente, com boas práticas agrícolas e todos os controles sanitários e com práticas sustentáveis observando a questão ambiental”. 

Exemplo de respeito ao meio ambiente é a convivência do plantio de arroz com aves e outras espécies animais no parque EVOA - Espaço de Visitação e Observação de Aves. Ali, a Companhia das Lezírias, fundada em 1.836 e cujo acionista é o governo português, gere há oito anos 70 hectares, dos quais 33 são de lagoas.

Campo colhido no canal  do rio

A Companhia das Lezírias ocupa na lezíria sul perto de 5.000 hectares, dos quais explora diretamente 2.200 hectares, sendo 2130 hectares para pastagens e 320 hectares para o arroz. Ela faz parcerias com empresas do setor que processam, embalam e então comercializam com suas marcas. No ano passado, em função que de um impacto determinado do arroz em uma área próxima ao estuário, a empresa decidiu não efetuar o plantio para essa safra, que está sendo colhida até meados de novembro.  

A próxima etapa da iniciativa acontece ainda nessa semana na Alemanha. 

*A jornalista Lena Miessva viajou a convite da iniciativa Sustainableeurice

Fonte: Lena Miessva

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