ARTIGO: O Agronegócio Cresce e o Produtor Empobrece.
Os grandes empresários do agronegócio se unem cada vez mais, tornando-se gigantes do setor. Eles têm dinheiro à vontade do BNDES, inclusive para aquisição de novas empresas e se tornarem ainda maiores.
O
capital estrangeiro e empresas multinacionais também tomam conta do campo e
confiscam as terras dos nossos sofridos e desestimulados produtores rurais.
Até o Ministério Público Federal acordou para o perigo de perdermos a soberania nacional, e prometem investigar o excesso de compras de terra por estrangeiros no País.Enquanto isso, os nossos governantes anunciam migalhas para os agricultores familiares, gastam mais recursos com propaganda do programa do que realmente destinam ao agricultor familiar.Alguns falsos líderes do setor diziam que ao produtor cabia apenas aumentar a produtividade, ser eficiente e que as cooperativas teriam que se tornarem grandes empresas. A tecnologia era a única saída. Esses falsos líderes defendiam o agronegócio e o livre mercado, nunca defenderam políticas públicas sérias e acima de tudo, uma política agrícola duradoura e comprometida com a renda do produtor rural.Hoje temos alta tecnologia, alta produtividade, e o agronegócio se agigantou. Porém, na outra ponta, o que temos são produtores e cooperativas endividadas, virando empregados de multinacionais. Temos alta produtividade, supersafras e cadê a renda?Viramos escravos do agronegócio. Servimos apenas como grandes consumidores das indústrias de máquinas e insumos agrícolas.Na recente crise mundial, o governo tirou o IPI de carros, máquinas e eletrodomésticos. Com isso, ao invés de crise, bateram recordes de vendas.Aos bancos, o governo injetou quantias volumosas de recursos públicos e a crise foi só uma “marolinha”, como disse o próprio sábio e guru, Lula.É assustadora a transferência de renda e patrimônio dos agricultores para o setor financeiro e grandes multinacionais.É só lembrarmos de quem era a Avenida Paulista no início do século passado, “dos produtores de café”, hoje quebrados e os atuais donos são as instituições financeiras.Na área ambiental, europeus, americanos, ONGs e promotores públicos ditam as regras. Nos tratam como bandidos, nos acusam de destruidores do meio ambiente. Esses bandidos de hoje são os descendentes dos heróis do passado, os desbravadores que, graças à sua coragem e determinação, desenvolveram este Estado e País, à custa de muito suor.
Atenderam ao chamado dos governantes da época e adentraram as matas. Sofreram picadas de cobras e mosquitos transmissores de doenças contagiosas, trabalharam como burros de carga. Muitos perderam a própria vida.
Desmatar, produzir alimentos e desenvolver os mais diversos cantos deste país. Essa era a lei vigente. Se hoje produzimos safras recordes, se somos grandes exportadores e alimentamos 200 milhões de brasileiros, se fomos responsáveis pela estabilidade econômica dos últimos anos, como podemos ser chamados de bandidos e condenados pelos serviços prestados à nação e ao povo brasileiro?
O nosso grande pecado foi acreditar neste País e nas autoridades constituídas.Ao longo dos anos que estamos à frente do Sindicato Rural de Cândido Mota, sempre pregamos a união dos produtores rurais em busca dos nossos objetivos comuns. Sabemos das dificuldades e os desafios que temos para unificar as nossas propostas a pouca participação dos produtores na vida das entidades. A falta de união das próprias entidades e os falsos líderes infiltrados em nosso meio.
A Audiência
Pública Ambiental em Assis, em 3 de fevereiro, foi um marco em nossa história.
Conseguimos, num só dia, juntar políticos, entidades de classe, pesquisadores,
e principalmente, uma multidão de produtores rurais. Acreditamos ter sido um
sucesso e esperamos colher bons frutos desta semeadura.
No dia 10 de
abril acontecerá um grande encontro de produtores rurais paulistas em Araçatuba
e fomos convidados a participar. E é isto o que precisamos fazer, participar e
lutar com muita coragem, cumprindo a nossa obrigação de cidadãos de bem e
líderes verdadeiros.
Estamos em ano eleitoral, momento oportuno para discutirmos os rumos deste país, e nós produtores rurais temos que dar um basta a tudo o que vem nos acontecendo. Temos que cobrar lugar de destaque nas políticas públicas deste País. Temos que eliminar os políticos corruptos, expulsar de nosso meio os falsos líderes e assumirmos as nossas lutas, cobrando renda e dignidade ao produtor e às nossas famílias.
Chega de esmola dos governantes. Chega de omissão de nossas lideranças. Chega de submissão a bancos e multinacionais. Chega de pressão de ONGs e países estrangeiros. Precisamos assumir urgentemente cada um o seu papel e ocuparmos os espaços, exigindo renda, dignidade e respeito.
Temos uma missão nobre que é produzir alimentos ao nosso povo, porém não podemos permitir que continuem nos tratando como bandidos. Temos que unirmos forças e exigirmos respeito e reconhecimento por parte de nossos governantes e da sociedade, pelo desenvolvimento deste país, pelo alimento que produzimos, pelo respeito internacional que conquistamos com nossas exportações.
Produtor rural valorize o seu Sindicato, junte-se a nós, unidos seremos fortes!
Quanto mais fortes estivermos, melhor o representaremos.
João Antonio Ferreira da Motta
Presidente do Sindicato Rural de Cândido Mota.
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