Mais uma indecência

Publicado em 10/09/2010 17:44
Por Delfim Netto

É interessante ver no mundo a situação das áreas de  floresta onde estão os patrocinadores das campanhas contra os brasileiros “devastadores”.

Já é bastante numerosa, mas a cada dia aumenta um pouco mais a legião  dos pilantras que se apresentam como paladinos da preservação da  floresta amazônica, “condição essencial”
para impedir a catástrofe climática que  tornará insuportável a vida na Terra. O pretexto é saudável (reduzir a poluição atmosférica), embora ninguém tenha conhecimento razoavelmente seguro sobre esse  processo. Não é difícil identificar, no entanto, por detrás das frequentes  declarações de amor às árvores, o objetivo de manter ativo o movimento  pela internacionalização da Amazônia.

 Não se trata de reanimar antigas teorias conspiratórias. O que incomoda,  realmente, é assistir às parcerias que surgem em uma boa parte de nossa mídia  desatenta e na internet endossando (às vezes
ingenuamente) a condenação ao  comportamento dos brasileiros e de seus governos “que são incapazes de impedir a  devastação de um patrimônio universal”. E que, por isso mesmo, deveriam admitir, numa boa, o controle de organismos internacionais que melhor administrariam as  riquezas amazônicas, em benefício de toda a humanidade.

 Quem assiste à gritaria das ONGs nacionais (algumas sustentadas com  dinheiro oficial e com patrocínio de empresas estatais) ou das ONGs estrangeiras  (financiadas pelos governos e por grupos
internacionais) fica com a  impressão de que o Brasil foi e continua sendo o maior devastador das florestas  que cobriam os continentes.
Essas proposições sem a menor base real são  repercutidas aqui à margem de qualquer verificação. Os mais  desatentos (ou com o velho complexo de vira-lata) apenas as repetem e teclam e  repetem, mesmo sem patrocínio…

 Estudos recentes tão cuidadosos quanto são possíveis e usando as melhores  informações disponíveis da história dos povos e de suas civilizações, conseguem  identificar a localização e a distribuição das florestas nos cinco continentes,  com razoável probabilidade de acerto. As informações, com base nas várias ciências que tratam dessas questões, permitem estimar que as áreas de florestas  que cobriam os continentes há 8 mil anos eram algo entre 60 e 70 milhões de  quilômetros quadrados. As áreas de florestas remanescentes hoje em nosso mundo  estão entre 15 e 20 milhões de quilômetros quadrados, o que representa  praticamente um quarto da originalmente coberta.
A estimativa para a posição  do Brasil há 8 mil anos é que detínhamos 10% do total das florestas, o  equivalente a 6,5 milhões de quilômetros quadrados. Hoje o Brasil detém,  aproximadamente, 28% do total mundial das florestas, o que soma 4,5 milhões de quilômetros quadrados, um pouco mais da metade do território nacional. É  interessante verificar a situação das áreas de florestas no resto do mundo onde  estão os países e muitas organizações que patrocinam as campanhas contra os  brasileiros “devastadores de florestas”.

 Os números vão a seguir e mostram o imenso exagero das ONGs corrompidas e  seus financiadores, que apoiam a mais nova e indecente proposta de supervisão  internacional para o território amazônico, sintetizada na proposição:  “Fazendas e produção agrícola aqui (Estados Unidos e Europa) e Florestas  lá (no Brasil)”. Muito simplesmente significa o seguinte:  vocês, brasileiros, tratem de conter essa expansão indevida da produção  agropecuária que ameaça invadir o território sagrado das florestas e deixem aos nossos cuidados a produção de soja e carnes que vai alimentá-los.

É evidente que devemos  zelar cada vez mais e melhor por nossas florestas e continuar os projetos de  desenvolvimento da região amazônica com os devidos cuidados de preservação  ambiental, pois isso é fundamental para o controle de nosso clima. Não  temos, portanto, por que aceitar sugestões de organismos ou governos de países  que já consumiram todas as suas florestas e justificadamente miram com inveja as  reservas que o Brasil soube
administrar melhor do que a maioria.  

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Fonte: Carta Capital

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