Supersafra não significa tranquilidade nos Estados Unidos

Publicado em 14/09/2010 11:08
Por Fernando Muraro Jr. As exportações continuam firmes, com a Chinca comprando cerca de 60% da soja vendida pelos americanos.
Apesar da grande safra de soja que os Estados Unidos estão começando a colher, confortável é uma palavra que não se aplica ao seu quadro de oferta e demanda nesta temporada 2010/11.

Mesmo com a perspectiva de que os estoques finais cresçam dos 4,1 milhões de toneladas do ciclo 2009/10 para 9,5 milhões de toneladas, em 2010/11 -conforme calculou o Usda (Departamento de Agricultura), dos Estados Unidos, na última sexta-feira-, a relação entre estoques e consumo ainda é apertada.

Na safra passada, com estoques finais de 4,1 milhões de toneladas e demanda total (doméstica e exportações) de recordes 91,5 milhões de toneladas, a relação estoques-consumo ficou em 4,5%, uma das mais baixas já registradas, e que equivale a apenas 16 dias de consumo.

Agora, em 2010/11, com a previsão de estoques de 9,5 milhões de toneladas e consumo de 89,6 milhões de toneladas, a relação sobe para 10,6%, ou 39 dias de consumo. Muito melhor, sem dúvida, mas não exatamente confortável -e com grandes chances de ser menor.

O primeiro fator que reforça a chance de um cenário mais apertado é o tamanho da safra dos Estados Unidos.

Na sexta-feira, o Usda elevou sua previsão para 94,8 milhões de toneladas, ante 93,4 milhões de toneladas calculadas em agosto.

O número, entretanto, é controverso. Quem viu as lavouras de perto, como eu, que percorri 4.000 quilômetros no meio-oeste americano nas duas últimas semanas, sabe que há áreas com potencial produtivo muito alto, mas também está ciente dos problemas causados pelo calor e pela falta de chuva em outros pontos.

Isso sem falar na "síndrome da morte súbita", doença fúngica que atacou grande parte das lavouras do excessivamente úmido Estado de Iowa, maior produtor dos Estados Unidos.

Como, neste ano, as condições das lavouras variam muito, é quase impossível estimar produtividades médias antes de as colheitadeiras entrarem em campo.

Não se pode, de forma alguma, falar em quebra da safra americana, mas é provável que ela não seja tão grande como mostram os números oficiais.

O segundo fator é o consumo. Embora já não haja pressão da quebra de safra da Argentina em 2008/09, que aumentou a demanda pela soja norte-americana durante duas temporadas, não há sinais fortes de arrefecimento do consumo, pelo contrário.

As exportações, especialmente, continuam muito firmes, com a China comprando cerca de 60% de toda a soja vendida pelos Estados Unidos.

Com base no fim do "efeito Argentina", a primeira estimativa do Usda para as exportações americanas em 2010/11, feita em maio, era de 36,7 milhões de toneladas.

Quatro meses depois, a projeção já está em 40,4 milhões de toneladas, e com tudo para ultrapassar, em breve, os 40,7 milhões de toneladas de 2009/10.

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Fonte:
Folha de São Paulo

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