O Pós-Eleições

Publicado em 08/11/2010 07:34
Pelo Deputado Arnaldo Jardim
Momento eleitoral é a  consagração da democracia, quando a cidadania escolhe o futuro, determina  caminhos, estabelece prioridades e escolhe os governantes! Todavia, é frustrante  a
constatação de que os temas de interesse nacional, que deveriam fazer parte  deste debate substantivo para construção de um PROJETO NACIONAL DE  DESENVOLVIMENTO, foram relegados a um segundo plano nesta eleição.

A vitoriosa  candidatura governista foi construída a partir de uma conjuntura  internacional extremamente favorável para a nossa economia (período  pré-crise global), medidas para aumentar o consumo e o crédito internos,  reduções pontuais de impostos sobre alimentos e bens de consumo, além de um bem  sucedido programa de transferência de renda.

Com maior poder de  compra, empregos formais em alta, a maioria dos eleitores votou pela  continuidade, tendo ainda o Presidente como “maior cabo eleitoral”, buscando  sempre uma campanha com tom plebiscitário, na qual o olhar para trás acabou por  inibir as discussões do futuro!

Por outro lado,  faltou à oposição esclarecer que o bom momento atual não é fruto de  milagre nem magia, mas o resultado de processos que têm uma história, iniciada  pelo ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso, há 16 anos, com o Plano Real, a  Lei de Responsabilidade Fiscal, etc.. Além de cobrar que estes fundamentos bem  sucedidos fossem mantidos e aprimorados.

Apesar de contarmos  com um candidato reconhecidamente com mais experiência administrativa, caímos na  “_armadilha plebicitária_” governista, em provocações e deixamos que temas
religiosos e de colunas policiais tomassem conta do período eleitoral e assim  não apresentamos nossa pauta, fomos simplesmente reativos!

Todavia, é importante  destacar que a oposição eleitoralmente reagiu, sai da eleição sem a Presidência,  mas governando dez Estados, que reúnem mais de 50% da população  brasileira.  Na
Câmara dos Deputados o bloco governista contará, a  princípio com 372 dos 513 deputados, enquanto no Senado, terá 58 senadores e 22 da oposição. Mesmo definidos como “_governistas_”, sabemos que a formação de uma base aliada não se dará por decreto e dependerá muito de como o  novo governo enfrentará os desafios que virão e a
oposição deverá ter sabedoria  para lidar com as contradições deste bloco, estabelecer avanços, “fazer  política”.

Por isso, mais do que  chorar uma derrota, acredito que o momento deve servir para os partidos  de oposição demonstrem os compromissos assumidos com o Brasil, restabeleçam seus  vínculos
sociais, reafirmem seu perfil e apresentem claramente suas bandeiras. Propus isto ao PPS e aos demais  partidos da oposição.

Afinal, pairam muitas  dúvidas sobre como a nova presidente vai enfrentar o desaquecimento da  economia global pós-crise, o aumento recorde dos gastos públicos, a inflação que  superou as metas do Banco Central, a valorização excessiva do real que ameaça as exportações, indústrias e empregos. Isso só para ficar na área econômica, sem  mencionar outros gargalos históricos.

Cabe-nos  fiscalizar o novo governo, denunciar o mau uso do erário público, punir os seus  responsáveis, além de termos sabedoria em lidar com as contradições do poder  para estarmos abertos a alianças momentâneas em torno de projetos de interesse  da nação.

Mais do que isto,  definir nosso espaço ideológico e não tenho dúvidas de  que uma real e clara opção de POLíTICA SOCIAL DEMOCRATA necessita ser  apresentada à sociedade. Para isto devemos contribuir!

Particularmente, o  Congresso Nacional tem uma grande dívida com a sociedade, principalmente em  virtude das reformas estruturais e estruturantes que foram deixadas de lado pelo  Governo Lula, tais como: as reformas POLíTICA, PREVIDENCIáRIA, TRIBUTáRIA  e do próprio ESTADO.

Também precisamos ser  propositivos no sentido de oferecer UMA PORTA DE SAíDA PARA A POPULAçãO QUE  SOBREVIVE DOS PROGRAMAS ASSISTENCIALISTAS federais, assim  como, reafirmamos A DEFESA DO MEIO AMBIENTE, a QUALIDADE DOS SERVIçOS  PúBLICOS oferecidos à população, a POLíTICA DE DEFESA/SEGURANçA e o  TIPO DE LIDERANçA QUE O BRASIL DEVE DESEMPENHAR NO MUNDO.

Portanto, a próxima  presidente terá sérios desafios econômicos de curto prazo, para conduzir  políticas que contribuam para a sustentabilidade do atual ciclo de crescimento,  e outros desafios
sociais, como educação, saúde e segurança  pública, de médio e longo prazos, que exigirão da candidata eleita uma  VISãO MAIS DE ESTADISTA do que de chefe político ou de uma facção  partidária.

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Fonte: Deputado Arnaldo Jardim

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