Soja: Mercado com projeções altistas

Publicado em 26/03/2013 14:34
Por Liones Severo, consultor de mercado da SIM Consult.
No próximo dia 28 deste mês, será divulgado mais um relatório do USDA, sobre os estoques em 1 de março, ou seja dos primeiros 6 meses de utilização da safra americana e também a divulgação da primeira intenção de plantio das safras de verão baseados nas pesquisas de campo, com maior importância para soja e milho.
 
Sempre é muito difícil especular sobre os números sistematicamente anunciados pelo USDA. No que se refere a utilização da safra de 2012, já está evidente a escassez dos estoques de milho e soja, que anuncia-se iguais ou menores que o ano de 2004, quando resultou nos estoques de 1º. de março daquele ano, medidos como os mais baixos da história contemporânea. O balanço da safra velha indica que dos 82.5 milhões de soja produzidos, confere a utilização de cerca de 56,5 milhões de tons de soja, no período de 6 meses (set/2012-fev/2013), restando apenas cerca de 26 milhões de tons de soja para utilização ou consumo nos restantes 6 meses (março a agosto/2013). Não existe outra interpretação para a escassez, na comparação que nestes próximos 6 meses, os Estados Unidos terá necessariamente que utilizar um pouco mais da metade consumida nos primeiros 6 meses de seu ano safra (set-ago). Entende-se por utilização a industrialização interna somada a exportação de soja in natura.
 
É primeira vez na história que os Estados Unidos esgota suas disponibilidades de exportação de soja in natura, em apenas 6 meses. Jamais os mercados consumidores se confrontaram com o impedimento de não recorrer às compras de soja americana por um longo período de 6 meses, principalmente pelas facilidades logísticas. Portanto, será um grande desafio para os consumidores  globais  estabelecer uma estratégia de fluxo de suprimento baseado na logística sul americana, que todos sabem já está deixando muito a desejar.
 
Os últimos relatórios do USDA tem trazido muitas surpresas para o mercado em geral, principalmente pela grande diferença entre os números medidos pelos profissionais e os números divulgados. Foi surpreendente também para muitos fundos de investimentos que, nos últimos tempos tem reduzido drasticamente suas participações como investidores do mercado de commodities agrícolas. As consequências dessas incertezas, são as operações na Bolsa de Chicago nos últimos meses, numa atuação de contenção e operando fortemente nos spreads, ou seja, num dia compram milho/trigo e vendem soja, noutro dia revertem as operações comprando soja e vendendo milho/trigo.
 
Minha experiência diz que mercados que atuam fortemente nos spreads entre os produtos agrícolas, principalmente os produtos em referência, são mercados de característica altista, porque estão extremamente interligados e o desempenho altista de um desses produtos, detona uma escalada altista de preços em cadeia.
 
É muito importante considerar que a demanda não arrefeceu em nenhum momento. É sintomático, se temos mais de 200 navios em portos brasileiros para carregar milho, soja e produtos,  é porque a demanda continua extremamente forte. Sobre este assunto um amigo cooperativista assim se referiu: ninguém compra soja para enfeitar armazéns...
 
Alia jacta est (a sorte está lançada)....

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Fonte: Liones Severo

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