A produção brasileira está sendo vista com outros olhos, por Glauber Silveira

Publicado em 01/10/2013 17:52 e atualizado em 02/10/2013 10:36
Glauber Silveira é produtor rural e presidente da Aprosoja Brasil.

Na última semana realizamos o Lançamento Oficial do Plantio da Safra 2013/2014, direto da Embrapa Agrossilvipastoril, na cidade de Sinop-MT, pelo Projeto Soja Brasil 2013. Embora o lançamento tenha sido no dia 26 de setembro, houve uma programação repleta de palestras e discussões muito importantes, tanto no dia anterior quanto na manhã do dia 26 e que me acrescentaram muito.

E uma das vantagens desse lançamento foi a presença da Embrapa Agrossilvipastoril que, além de anfitriã, participou com vários pesquisadores das discussões -- o que acrescentou muito ao conteúdo e na qualidade das informações. Foi possível perceber que o evento foi uma verdadeira troca de experiência entre produtores, autoridades e técnicos da Embrapa.

No dia 25, o primeiro fórum veio para discutir os principais desafios da alta produtividade. Fui um dos palestrantes e ressaltei que nos últimos 20 anos o rendimento das lavouras registrou um incremento de 35%, mas cresceu apenas 4% nos últimos 10 anos. Os consultores e pesquisadores da Embrapa presentes destacaram que boa parte das perdas de produtividade está relacionada com a adoção inadequada das tecnologias disponíveis aos produtores ou até mesmo por uma falta de conexão entre a pesquisa e a necessidade direta do produtor.

E uma coisa importante que o Tiago Matosinho, superintendente do Senar-MT destacou foi que ainda existe muita perda de produtividade por falta de eficiência nas operações na lavoura, seja de máquinas seja nas pulverizações feitas de forma inadequada. Destacou que o Senar-MT, um dos realizadores do Projeto Soja Brasil em Mato Grosso, tem desenvolvido vários cursos de treinamento de mão-de-obra buscando melhorar essa eficiência. 

 Ainda no dia 25, o segundo fórum falou sobre o avanço da soja em áreas de pastagem degradada contou com a participação de Otávio Celidônio, Superintendente do Imea. Otávio ressaltou que das 200 milhões de hectares de pastagens degradadas que poderiam ser incorporadas na agricultura, menos de 100 milhões seriam aptas para este fim. No caso de Mato Grosso, no qual, dos 25 milhões de hectares de áreas de pastagem degradada cerca de 15 milhões podem ser incorporados e 9 milhões são aptos para serem transformados em lavoura.

Todos os participantes concordaram que é preciso ter planejamento para ocupar as áreas de pastagem e que apesar do alto valor de investimento e dos problemas logísticos, é possível ter um ganho na valorização da propriedade além dos aspectos ambientais e econômicos.

No último debate do primeiro dia, no qual, também, fui palestrante foi trazido para o centro da discussão o desafio do controle das novas pragas e doenças. A grande preocupação do setor produtivo no momento é com a lagarta Helicoverpa que trouxe prejuízos significativos na safra de soja e algodão do ano passado. Um dos pontos altos dessa discussão foi a foto de uma lagarta adulta atacando soja recém-nascida. “É preciso fazer o controle de forma adequada e no tempo certo para evitar maiores perdas. A palavra-chave é monitoramento”, explicou Rafel Pitta, pesquisador da Embrapa.

No dia 26, quando efetivamente tivemos a cerimônia de Lançamento do Plantio da Safra de Soja 2013/14, recebemos a presença ilustre da ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann; do Secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Neri Geller; do Governador do Estado de Mato Grosso, Silval Barbosa e demais autoridades que representam o setor produtivo brasileiro. Nesse momento vimos que a agricultura está sendo enxergada com outros olhos, pois os governantes vieram até nós e ouviram nossos dilemas.

Eu e o presidente da APROSOJA-MT, Carlos Fávaro, aproveitamos a ida das autoridades para falar sobre a necessidade de se liberar novas moléculas para o controle de pragas e doenças. Também destaquei o poder do agronegócio brasileiro. O senador Blairo Maggi reiterou que os avanços precisam acontecer e frisou a necessidade de o Mato Grosso se tornar também um grande produtor de biocombustível, especialmente de etanol de milho, uma grande oportunidade que se apresenta.

Neri Geller, secretário de políticas agrícolas aproveitou a ocasião e pontuou uma série de investimentos que o Governo Federal está fazendo para melhorar o setor produtivo. “Estamos discutindo na base o que os produtores necessitam”. Silval Barbosa também destacou a necessidade de dar competitividade aos produtores através da melhoria de infraestrutura e logística.

Por fim, foi a vez da Ministra da Casa-Civil, falar aos mais de 500 presentes no evento. “Precisamos valorizar o poder da agricultura que representa 23% do PIB e sustenta a balança comercial brasileira. Mas o Governo está fazendo seu papel. Foi aprovada na Câmara dos Deputados no dia 25 de setembro, uma medida provisória que autoriza o uso emergencial de defensivos agrícolas para o controle da Helicoverpa, mas ainda precisa da aprovação do Senado Federal. Também foi liberado um dos fungicidas para combater a ferrugem asiática”.

A ministra também falou dos investimentos que são prioridade para o Governo especialmente o crescimento das ferrovias, hidrovias e outras alternativas para o escoamento da safra de grãos. O evento terminou com o plantio simbólico realizado na área experimental da Embrapa, onde a ministra “pilotou” uma plantadeira junto com o secretário de política agrícola, Neri Geller.

E assim termina o Lançamento Oficial do Plantio da Safra 2013/14. Muitos aprendizados e buscas constantes, por novas conquistas, para a produção brasileira. Mas, um fato ficou claro para mim: a agricultura está conseguindo mostrar seu potencial e é desta forma começamos a ser reconhecidos pelo governo.

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Fonte:
Aprosoja Brasil

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1 comentário

  • Lindalvo José Teixeira Marialva - PR

    Dessa forma precisamos caminhar, fazendo um trabalho junto ao governo para que possamos ter vez e voz no comando deste país, pois somos da terras e vivemos da terra e vamos viver, pois não temos vocação industrial e o nosso parque tecnológico é fraco. Imediatamente necessitamos de cuidar da SUCESSÃO FAMILIAR NA AGRICULTURA E PECUÁRIA NACIONAL, caso contrário estaremos fadados a um fracasso no campo, pois no sistema de condução com a família a produtividade é outra e quem engorda BOI É OLHO DO DONO. ESTE ASSUNTO É URGENTE E PRECISA SER TRATADO.

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