A produção de biodiesel no Brasil, por Flávio França Jr.

Publicado em 21/11/2014 18:07
Flávio Roberto de França Junior é Analista de Mercado, Consultor em Agribusiness e Diretor da França Junior Consultoria

Caros amigos. O programa de produção, comercialização e consumo de biodiesel está fazendo 10 anos no Brasil. Entendendo a importância desse projeto no desenvolvimento do agronegócio brasileiro, gostaria de fazer algumas rápidas considerações a respeito da evolução do processo até aqui, bem como pontuar o que entendo serem os grandes benefícios para o país, e em particular o complexo agroindustrial da soja. Lembrando que a produção vai batendo recordes consecutivos desde o início do projeto em 2005. E se prepara para novo salto em 2015 com o aumento da mistura obrigatória para 7% do total da distribuição de diesel no país (B7), depois de quase cinco anos de mistura parada em 5% (B5). 

De acordo com os dados da ANP/Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, a produção brasileira de biodiesel no acumulado de janeiro a setembro atingiu 2.435.835 m3, 13% acima dos 2.159.963 m3 acumulados em igual momento do ano passado. Para todo o ano de 2014 estamos projetando 3.440.000 m3, que em caso de confirmação ficaria perto de 18% acima dos 2.917.495 m3 do ano passado, confirmando novo recorde histórico. Essa estimativa foi revista após o governo finalmente autorizar a mudança de mistura, primeiro para 6% de julho a outubro (B6) e agora de 7% a partir de novembro (B7). Para 2015 a nossa projeção atual aponta para uma produção de 4.200.000 m3, com aumento de 22%, refletindo o aumento da mistura para 7% e a própria elevação o consumo geral de diesel no país. 

Mas porque o biodiesel tem sido tão importante para o complexo soja? Acontece que desde o início do processo o óleo de soja lidera como fonte de matéria-prima na produção de biodiesel. Começou em 70% em 2005 e 2006, início do projeto, chegou a bater 82% em 2010 (recorde atual), mas recuou até 73% em 2013, quando os altos preços do complexo soja induziram à busca de alternativas. Para 2014, o recuo dos preços no complexo grãos favoreceu o aumento da taxa para 75%. E sinalização inicial para 2015 aponta de volta para 73%.

Em volumes, fazendo as conversões pertinentes, primeiro de m3 para mil toneladas, e depois para o ajustamento de densidades, chegamos a um volume de óleo de soja utilizado na produção de biodiesel no país de 1.952 mil t em 2013. Para 2014, a projeção aponta para aumento de 21,2%, passando a 2.365 mil t. E para 2015, aumento de 18,9%, passando a 2.811 mil t. 

Considerando que um grão de soja detém aproximadamente 18 a 19% de óleo, em 2013 o país processou 10.274 mil t de soja exclusivamente para a produção de biodiesel. Em 2014, a projeção de utilização de soja está em 12.447 mil t, sendo que aproximadamente 1.500 mil t foram acrescidas com as mudanças da mistura para B6 e B7. E para 2015 a projeção é de 14.795 mil t de soja sendo processadas com destinação do óleo para a indústria de biodiesel. 

Além do óleo de soja, existem outros tipos de óleos e gorduras que vão sendo utilizados em escala menor para a produção de biodiesel no Brasil. Em 2013 tivemos a gordura animal (sebo) respondendo por 21% da matéria-prima total utilizada, seguida de 2,3% para o óleo de algodão, 1,1% para o óleo de fritura usado e 2,3% para outros usos, como o sebo de lixo e demais óleos vegetais, como de mamona, palma, girassol e canola. E para longo prazo, a tendência é de se buscar novas alternativas para substituição do óleo de soja, para reduzir a dependência das flutuações do mercado internacional, que tanto prejudicaram o setor entre 2012 e 2013.

A decisão de mudança da mistura para de biodiesel para 7% foi comemorada por todos, passando pela indústria, pelos Ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário, e pelos produtores (notadamente os da agricultura familiar), uma vez que são muitos os benefícios trazidos pela tecnologia ao país, os quais podemos destacar: a agregação de valor, melhora das margens e diminuição da elevada capacidade ociosa das indústrias processadoras; benefícios econômicos, como aumento do PIB e redução da necessidade de importação de diesel mineral; benefícios sociais, com a geração de mais empregos e renda; benefícios ambientais, uma vez que em comparação ao diesel mineral, a cadeia de biodiesel emite 70% menos CO2 equivalente em seu ciclo de produção e distribuição; e benefícios à saúde, pois o biodiesel gera substancial redução em relação ao diesel mineral nas emissões de materiais particulados, hidrocarbonetos e monóxido de carbono.

Um “AgroAbraço” a todos!!!

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Fonte: França Jr. Consultoria

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