Não adianta vender “o Brasil", precisamos vender “do Brasil”, por José Luiz Tejon Megido

Publicado em 18/09/2019 15:27

A agricultura no mundo representa apenas 3% do total do Produto Interno Bruto (PIB) de todas as nações. Porém, significa mais de 30% de todos os empregos. 

Em muitos países africanos, como o Quênia, quase 58% dos empregos são no setor da agricultura; países asiáticos, como Índia, 44%. No Brasil, cerca de 10% dos empregos são no agro, e nos países mais avançados o percentual pode ficar abaixo de 4%. 

Dessa forma, o que vamos assistir nos próximos dez anos no Brasil será cada vez mais tecnologias, mecanização de agricultura de precisão e a transformação de uma mão de obra de ‘mão na massa’ por cérebro nos robôs. 

Por isso, é fundamental para o planejamento brasileiro da economia passarmos a compreender imediatamente o significado do conceito de Agribusiness.

O campo continuará sendo fundamental, pois ali ocorre a originação. Porém, os empregos, o empreendedorismo, o cooperativismo, o comércio e os serviços serão crescentes em tudo o que ocorre antes das safras e da criação dos animais terem início. Ciência e tecnologia, e continua na agregação de valor agroindustrial, comercial, terceirização de serviços, sistemas financeiros e seguros. 

Inclusive iremos assistir empresas especializadas em produzir e administrar propriedades rurais para investidores ou herdeiros que possuam terras, mas que não desejam gerenciar.

Dessa forma, se a agricultura significa 3% do PIB global e gera 30% dos empregos globais, o agronegócio como um todo significa 20% do PIB do mundo, e continuará absorvendo empregos, mantendo cerca de 35% de empregados no sistema direto das cadeias produtivas, e impactando outros 35% ao seu redor.

Só para exemplificar, a grande indústria do turismo mundial significa uma enorme conta para o agronegócio por meio de suas gastronomias, bebidas, especialidades e especiarias, pois além de visitar museus e observar belas vistas da natureza, o que mais se faz numa viagem turística é comer e beber.

A economia passará a determinar o sucesso dos governos, não importa mais se de esquerda, centro ou direita.

Dessa forma, chegamos a uma nova supersafra no Brasil de 240 milhões de toneladas de grãos, mas já produzimos mais de um bilhão de toneladas quando somamos diversos itens.

Para a economia crescer, não bastará a produção agropecuária sozinha, precisaremos de uma política agroindustrial, comercial e de agressividade para conquistas de mercados internacionais em todas as cadeias produtivas. 

Hora de um plano estratégico nacional do brasileiro. Sem isso, não adianta vender o Brasil… precisamos vender do Brasil.

Por José Luiz Tejon Megido, mestre em Educação Arte e História da Cultura pelo Mackenzie, doutor em Educação pela UDE/Uruguai e membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS)

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