Maria do Rosário quer proibir caricaturas não autorizadas, Edison Lobão não enxerga privatização na privatização e Paula Lavigne
Maria do Rosário quer proibir caricaturas não autorizadas, Edison Lobão não enxerga privatização na privatização e Paula Lavigne usa capas de revista para provar que sempre foi defensora da privacidade pública
“A chefa vai aproveitar a onda das biografias para propor uma lei que proíba caricaturas e piadas sem autorização”, revelou nesta quinta-feira um dos 512 assessores da Secretaria de Direitos Humanos escalado para inscrever Maria do Rosário na disputa do título de Homem sem Visão de Outubro. “Ela acha que ninguém têm o direito de rir do outro. Aliás, ela acha ninguém têm o direito de rir”. A ministra entrou na disputa por enxergar um perigoso inimigo público no blogueiro Joselito Müller, que divulga na internet piadas inspiradas em notícias falsas.
Passados alguns minutos, a comissão organizadora do troféu recebeu um e-mail anônimo. O remetente, que se identificou como “um integrante do grupo Procure Saber”, pedia autorização para divulgar, “como material de campanha”, a ilustração reproduzida abaixo, acompanhada da mensagem ao eleitorado: “Não tem pra ninguém. Nossa candidata é a nossa Caras! Viva a privacidade!”
Com a humildade dos genuínos campeões, Edison Lobão apareceu no começo da noite para oficializar pessoalmente a candidatura ao troféu de outubro. O ministro de Minas e Energia impressionou vivamente as duas secretárias da Comissão Organizadora do HSV. “Gostei da cabeleira acaju”, derreteu-se a primeira. “Não aguento esse olhar 171″, suspirou a segunda. Feliz com o impacto provocado pela súbita aparição, o famoso “Magro Velho” fez uma curta declaração: “Não enxergo privatização na privatização do pré-sal e vejo no leilão de um lance só a solução dos problema da Petrobras”.
É um candidato pior que o outro, leitores-eleitores! Quem será o vencedor, ou vencedora? O segundo turno começa dia 27. Que vença o pior!
Tags: biografia, caricatura, Edison Lobão, Maria do Rosário, Procure Saber
(por Augusto Nunes)
‘Mas no futuro…’, um texto de Carlos Alberto Sardenberg
Publicado no Globo desta quinta-feira
CARLOS ALBERTO SARDENBERG
Se no Brasil o governo Dilma deposita enormes expectativas no petróleo, na Inglaterra o governo de David Cameron aposta suas fichas na energia nuclear. A presidente, seus ministros e correligionários definiram a licitação de Libra como o início de uma nova riqueza, o petróleo sendo transformado em valores como educação e saúde, mas também gerando uma nova indústria naval e petrolífera. O primeiro-ministro Cameron anunciou como um “novo amanhecer”, o projeto de construção de uma usina nuclear ─ a primeira em 30 anos ─ o caminho para garantir o fornecimento de energia elétrica, hoje em risco, e a preços menores do que os atuais, muito elevados.
Nos dois casos, os empreendimentos locais contam com forte participação estrangeira. Na Inglaterra, a planta será construída pela estatal francesa EDF, em associação com outra estatal, a Chinese General Nuclear Power Group. Sim, outra chinesa. No Brasil, a custosa e difícil exploração do campo de Libra será tocada por uma francesa, a Total, uma anglo-holandesa, a Shell, e mais duas estatais chinesas, em consorcio com a Petrobras.
Os dois governos garantem que apesar da participação maioritária de companhias estrangeiras, haverá muito conteúdo local. Cameron diz que empresas inglesas, e seus trabalhadores, fornecerão boa parte dos componentes e serviços para a usina que, se tudo der certo, será a primeira de uma nova série. (A Inglaterra foi o primeiro pais a colocar em funcionamento uma usina nuclear civil ─ mas não se constrói uma nova há mais de 30 anos). No Brasil, a presidente Dilma parece bem mais ambiciosa. O petróleo do pré-sal vai “criar” uma nova indústria local, além de garantir boas escolas e hospitais.
Nos dois casos, os governos se baseiam em contas e estimativas que vão longe, para alem de 35 anos, mas parecem muito seguros. Na Inglaterra, Cameron detalha números de criação de empregos ─ 25 mil só na obra ─ e de tarifas. No Brasil, o governo detalha, por exemplo, o dinheiro que será destinado a educação, via royalties: nada menos de R$ 638 bilhões ao longo de 35 anos.
Como se percebe, energia é uma preocupação global e será atendida globalmente, por associações de empresas de diversos países, estatais e particulares. E parece que os chineses estão no amanhecer de muita gente. De fornecedora de produtos baratos, a China vai ocupando o papel de grande potência, já fortemente atuante em energia, de qualquer tipo. Suas companhias estão no petróleo brasileiro (e latino-americano), forcam a entrada na energia nuclear na Inglaterra, onde pretendem ganhar o certificado que abra as portas da Europa, são dominantes no mercado europeu e global de painéis para energia solar, dominam a fabricação de turbinas para captação da energia dos ventos, sabem fazer hidroelétricas há muito tempo, e por ai vão.
Um fato do mundo de hoje e do futuro: a atuação global dos chineses ─ que alguns já descrevem como o novo imperialismo. Será?
A verdade e que isso depende de muitos arranjos econômicos e políticos ainda em andamento no mundo todo. E de como cada país se colocará.
Na Inglaterra, por exemplo, há um grande debate estratégico: será correto retomar as usinas nucleares? Sim, diz Cameron, para manter a Inglaterra como um dos países “mais verdes do mundo”. As regras ambientais por la são tão rigorosas que, no momento, criam dois problemas graves: falta de investimento e tarifas caras. Cameron acha que pode destravar isso com a volta da energia gerada por usinas nucleares, claro, consideradas super-limpas e seguras, nas versões mais modernas.
Mas o debate segue ─ por que não as turbinas eólicas no mar? ─ e tem de passar pelos órgãos de controle europeu, o que indica que ainda há muita conversa pela frente.
Já no Brasil, o governo Dilma se atira no petróleo, puro carbono, mas que ainda se trata da mais eficiente e mais barata, relativamente, fonte de energia. Até quando? Sim, a pergunta vale porque o mundo todo está pesquisando e trabalhando sobre formas variadas de geração de energia. Sem contar as dificuldades tecnologias da exploração do pré-sal.
Acrescentem ai o componente geopolítico e mais as surpresas que a história das inovações sempre apresenta, e se verá como fica difícil estimar preços, segurança de fornecimento e qualidade ambiental quando se pensa na energia daqui a tantos anos.
Claro que os governos devem se ocupar de lançar as bases para o futuro. Ocorre que muitos, ao enfrentarem dificuldades na gestão do presente, se atiram para o futuro, que aceita qualquer projeção.
Para dar só dois exemplos. Na Inglaterra: as tarifas de energia elétrica estão em alta neste mês e subindo mais que a inflação. E Cameron promete preços menores la na frente. No Brasil, já se gasta muito dinheiro na educação, muito mesmo, e os resultados são ruins. Ah! Mas quando vier o dinheiro do pré-sal….
Tags: Carlos Alberto Sardenberg, Inglaterra, pré-sal, usina nuclear
‘O Palácio e os ‘movimentos sociais”, um artigo de Demétrio Magnoli
Publicado no Globo desta quinta-feira
DEMÉTRIO MAGNOLI
“É um absurdo vender isso. A sociedade não participou do debate sobre o tema. Nossa tentativa é sensibilizar o governo para negociar e discutir.” As sentenças, de Francisco José de Oliveira, diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP), referiam-se ao leilão de Libra, na faixa do pré-sal. Mas a lógica subjacente a elas, expressa na segunda frase, nada tem de singular. Nas duas últimas décadas, os “movimentos sociais” repetem aborrecidamente a ladainha sobre “a sociedade” excluída do “debate”, enquanto invadem órgãos públicos em nome da “participação”. Vivemos nos tempos do supercorporativismo, um ácido corrosivo derramado sobre o material de nossa democracia.
O Brasil moderno nasceu, pelo fórceps de Getúlio Vargas, sob o signo do corporativismo. A “democracia social” do Estado Novo cerceava os direitos do indivíduos, subordinando-os a direitos coletivos. Na definição do historiador Francisco Martinho, “o cidadão nesse novo modelo de organização do Estado era identificado através de seu trabalho e da posse de direitos sociais e não mais por sua condição de indivíduo e posse de direitos civis ou políticos” (O corporativismo em português, Civilização Brasileira, 2007, p. 56). Inspirado no salazarismo português e no fascismo italiano, o corporativismo varguista organizou a sociedade como uma família tripartida: governo, sindicatos patronais e sindicatos de trabalhadores. O supercorporativismo, uma obra do lulopetismo, infla o balão do corporativismo original até limites extremos.
Um traço forte, comum a ambos, é o desprezo pelos direitos civis e políticos, que são direitos individuais associados à ordem da democracia representativa. A principal diferença encontra-se no atributo nuclear da cidadania: o cidadão varguista definia-se pelo trabalho; o cidadão lulopetista define-se pela militância organizada. No Estado Novo, a carteira de trabalho funcionava como atestado de inserção na ordem política nacional. Sob o lulopetismo, o documento relevante é a prova de filiação a um “movimento social”. Na invasão do Ministério das Minas e Energia, junto com a FUP, estavam líderes do Movimento dos Sem Terra (MST) e do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) — que, em tese, não têm interesse no tema da exploração do pré-sal. A sociedade, segundo o supercorporativismo, é a soma das entidades sindicais e dos “movimentos sociais”. É por isso que, sem o consenso dessas corporações da nova ordem, nenhum assunto jamais estará suficientemente “debatido”.
Lula nasceu no berço do sindicalismo. O PT estabeleceu, na origem, íntimas relações com os “movimentos sociais”. Nas democracias, a sociedade civil organiza-se para exercer pressão legítima sobre os poderes de Estado. O lulopetismo, porém, borrou a fronteira entre sociedade civil e Estado assim que chegou ao governo: sua reforma da CLT estendeu a partilha do imposto sindical varguista às centrais sindicais, enquanto os “movimentos sociais” passaram a receber financiamento público direto ou indireto. O cordão umbilical que liga o poder de Estado aos “movimentos sociais” é a Secretaria Geral da Presidência, um ministério estratégico chefiado por Luiz Dulci, no governo Lula, e por Gilberto Carvalho, no governo Dilma Rousseff. Os dois engenheiros do edifício do supercorporativismo pertencem ao círculo de fiéis incondicionais de Lula.
O PT sempre enxergou os “movimentos sociais” como tentáculos partidários. Os líderes mais destacados desses movimentos são militantes petistas. O financiamento público elevou a conexão a um novo patamar: na última década, eles se converteram em satélites do Palácio. Os dirigentes do MST, do MAB e de inúmeros movimentos similares ajustam suas agendas políticas às do Partido e cerram fileiras com o lulopetismo nos embates eleitorais. Durante a odisseia do mensalão, eles desceram às trincheiras enlameadas para proteger José Dirceu et caterva. Contudo, na dialética do supercorporativismo, os “movimentos sociais” também precisam promover mobilizações contra o governo, sob pena de se condenarem à irrelevância.
O corporativismo varguista almejava a harmonia social. No mecanismo de regulação do lulopetismo, a desordem é um componente da ordem. Os “movimentos sociais” palacianos produzem fricções cíclicas, que são reabsorvidas pelo recurso a negociações simbólicas e compensações materiais. A extensão inevitável do “direito à desordem” a movimentos controlados por facções dissidentes (PSOL, PSTU) provoca perturbações suplementares, mas, paradoxalmente, robustece os alicerces lógicos do supercorporativismo. Os invasores do Ministério de Minas e Energia são obrigados a confirmar periodicamente seu estatuto de interlocutores privilegiados do poder por meio de ações de contestação limitada da ordem.
A democracia representativa ancora-se no princípio da soberania popular, que é exercida por meio da delegação de poder, em eleições gerais. O sistema político-partidário brasileiro desmoraliza a representação para assegurar privilégios especiais a uma elite política de natureza patrimonialista. O lulopetismo, um sócio majoritário desse sistema, aproveita-se de seus desvios para erguer o edifício do supercorporativismo como esfera paralela de negociação política. Na dinâmica extraparlamentar do supercorporativismo, o Partido pode ignorar as demandas dos cidadãos comuns, dialogando exclusivamente com a casta mais ou menos amestrada de dirigentes dos “movimentos sociais”. Sabe com quem está falando? Você só é alguém se possuir a carteirinha de um “movimento social” ─ eis a mensagem veiculada pelo Palácio.
Nas “jornadas de junho”, manifestações multitudinárias falaram em “saúde” e “educação”, reivindicando direitos universais estranhos à lógica do supercorporativismo. Por isso, nervoso e assustado, o Partido as rotulou como uma “reação da direita”. Ah, bom…
Tags: Demétrio Magnoli, lulopetismo, movimentos sociais, supercorporativismo
Dilma gasta R$ 90 mil para comemorar o resultado do leilão do Campo de Libra e bate recorde de pronunciamentos na TV
Publicado no Estadão desta quarta-feira
RAFAEL MORAES MOURA
A presidente Dilma Rousseff tem apostado cada vez mais em pronunciamentos em rede nacional de rádio e TV. Ao aparecer nesta segunda-feira, 21, para comemorar o resultado do leilão do Campo de Libra, Dilma fez seu 6º pronunciamento do ano – 16º desde o início do seu mandato, em 2011. Dilma apresenta uma média anual de pronunciamentos superior à dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso.
Lula fez 11 pronunciamentos em rede nacional no primeiro mandato, entre 2003 e 2006, e 10 no segundo, de 2007 a 2010 – uma média anual de 2,62. FHC fez seis pronunciamentos no primeiro mandato, de 1995 a 1998 e 16 no segundo, de 1999 a 2002 – média anual de 2,75.
Dilma, por sua vez, já tem uma média anual de 5,33.
“Pelos resultados do leilão, 85% de toda a renda a ser produzida no Campo de Libra vão pertencer ao Estado brasileiro e à Petrobrás. Isso é bem diferente de privatização”, disse a presidente anteontem, em uma fala marcada pelo tom “o petróleo é nosso”. “O leilão de Libra representa um marco na história do Brasil”, afirmou Dilma.
O pronunciamento de Libra foi gravado no Palácio da Alvorada pouco depois do resultado do leilão. Custou aos cofres públicos R$ 90.562,50, valor que inclui as despesas com produção, gravação, edição, equipe e equipamentos, informou ao Estado a Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom).
Ao todo, o governo gastou R$ 452,8 mil com cinco pronunciamentos neste ano, um aumento de 40,6% quando comparado o gasto, sem descontar a inflação, com o mesmo número de pronunciamentos de 2012 (R$ 322 mil). O pronunciamento do dia 21 de junho de 2013 não entra nessa conta, já que foi produzido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC), “em caráter excepcional, pois não havia tempo hábil para a mobilização de uma das agências contratadas”, informou a secretaria.
Produção
Segundo a Secom, para a realização dos pronunciamentos, assim como os demais serviços de produção publicitária, as agências fazem cotação no mercado conforme dispositivos contratuais, seguindo o que determina o Manual de Procedimentos de Ações de Publicidade.
O texto estabelece que “a agência realizará cotação de preços para fornecimento de bens ou serviços especializados a serem contratados, mediante consulta a, no mínimo, três fornecedores que atuam no ramo da respectiva atividade”.
Respostas
Além de citar realizações do governo e exaltar suas conquistas, Dilma também usou o palanque eletrônico em cadeia nacional para rebater críticas de opositores. No Dia do Trabalho, em 1º de maio, por exemplo, além de prometer investir o dinheiro do pré-sal em educação, ela aproveitou o pronunciamento para rebater acusações de que estaria descuidando da inflação.
Nesta terça-feira, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) criticou o pronunciamento de Dilma em cadeia nacional para comentar o leilão de Libra. Segundo o provável candidato tucano à Presidência da República no ano que vem, a “presidente Dilma Rousseff contraria a legislação em vigor e apropria-se, indevidamente” da rede, para fins eleitorais.
À espera do Natal
Nos dois primeiros anos de mandato, em 2011 e 2012, Dilma falou em cadeia nacional às vésperas do Natal, ou seja, há chance de ela voltar à TV neste ano. Segundo a Secom, ela utiliza da prerrogativa dos pronunciamentos em rede nacional “quando há necessidade de comunicar fatos relevantes de interesse nacional”.
Decreto de 1979 prevê que as emissoras de radiodifusão poderão ser convocadas para transferir pronunciamentos do presidente da República e dos presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do Supremo Tribunal Federal. O objetivo dos pronunciamentos deverá ser a “divulgação de assuntos de relevante importância”.
Tags: campo de Libra, Dilma Rousseff, Fernando Henrique Cardoso, Lula,privatização, pronunciamento
‘O exemplo da China’, por Carlos Brickmann
Publicado na coluna de Carlos Brickmann
CARLOS BRICKMANN
Duas empresas estatais chinesas se associaram a três gigantes petrolíferas, a Shell anglo-holandesa, a Total francesa e a Petrobras, e ganharam o campo de Libra, no pré-sal. Quem diria, há 30 anos, que a China teria cacife para isso?
Mas deixemos o pré-sal de lado, que todos os meios de comunicação só falam nele. Falemos da Chery – uma produtora chinesa de automóveis, que está montando sua fábrica em Jacareí, SP. Em vez de comprar as vigas de aço no Brasil, a Chery comprou-as na China. Foram três viagens de navio, de 30 dias; 150 caminhões fretados para levar as vigas de Santos a Jacareí; batedores para a subida da Serra do Mar. E ainda assim, com impostos de importação e tudo, o material saiu mais barato do que se tivesse sido comprado no Brasil. Aliás, de certa forma, as vigas de aço são coisa nossa: boa parte do minério de ferro que os chineses usam em suas usinas de aço viajou em trens e navios das minas brasileiras até a China. O minério viajou para ser transformado em aço, o aço viaja para virar fábrica.
É muito? Não, é pouco: de acordo com a ABIT, Associação Brasileira da Indústria Têxtil, o Brasil importou US$ 5 bilhões de tecidos chineses entre janeiro e setembro. Algo inovador, revolucionário? Não: algodão, poliéster, viscose, lycra, nylon, aquilo que conhecemos e sabemos fazer. Sabemos mas não fazemos, por questão de custo; os chineses fazem, colocam lá em trens e caminhões, em navios, de novo em trens e caminhões, arcam com os impostos e sai mais barato.
Não terá chegado a hora de aprender alguma coisa com a China?
Le franglais de Madame
Uma pequena dúvida: não havia ninguém por perto que pudesse contar à presidente Dilma que a empresa Total é francesa e seu nome é oxítono? Igualzinho, aliás, ao que se diria em Português.
Chamar uma firma francesa à moda americana, “Tôutal”, não é proibido – mas é como chamar a Vale de “Veil”. E os franceses, afinal de contas sócios da Petrobras, certamente não devem ter gostado.
A palavra como ela não é
No discurso pós-leilão, em tom justificadamente eufórico, a presidente Dilma garantiu que o governo não privatizou o campo petrolífero de Libra.
Pois é: o petróleo foi vendido a um consórcio integrado por duas empresas privadas, a Shell e a Total, uma empresa de capital aberto em que o governo é majoritário, a Petrobras, e duas estatais chinesas. O consórcio vai pagar determinada quantia fixa, determinada porcentagem sobre o petróleo extraído, e lucrará com ele (ou terá prejuízo).
Como diz a presidente, não é privatização: é apenas privatização.
CPI da Siemens…
A Siemens confessou ter participado de cartel para fornecer material ferroviário superfaturado ao Metrô e aos trens metropolitanos de São Paulo. É possível imaginar, a menos que se suponha que o governo estadual seja formado por um bando de ignorantes, que esse cartel só se tornou possível depois que alguma autoridade se convenceu de que enxergar nem sempre é bom. É possível entender, também, porque o governador tucano Geraldo Alckmin bloqueou qualquer CPI na Assembléia: o período citado pela Siemens coincide com a gestão de Mário Covas, início dos governos tucanos em São Paulo.
Mas por que o governo federal, petista, inimigo dos tucanos, não faz no Congresso a CPI que prometeu?
…insondável mistério
O deputado federal Paulo Teixeira, secretário-geral do PT, anunciou em setembro que já tinha assinaturas suficientes para protocolar o pedido de CPI. Passou-se setembro, outubro já se passa, e cadê a CPI?
Será que os rumores a respeito de outros contratos, em estados outros, fazem com que o pedido de CPI fique mais demorado? Demorado e quieto: o caro leitor notará que o som do silêncio em torno da CPI da Siemens é cada vez mais profundo. Estadual ou federal, há a incômoda sensação de que, por algum motivo, ninguém quer falar do assunto.
Saber, em vez de esquecer
O deputado federal Luiz Carlos Hauly, tucano paranaense, é antes de tudo um chato: pediu informações ao Ministério do Desenvolvimento sobre financiamentos do BNDES. Hauly quer saber quais as empresas, públicas e privadas, financiadas pelo BNDES entre 2007 e 2013; valor financiado; juros combinados; prazos e carências; garantias. E por que Hauly é chato?
Porque, em muitos casos, ele sabe a resposta: as empresas de Eike Batista, por exemplo, não podem se queixar. E não há perspectivas muito claras sobre o pagamento das dívidas. Hauly diz que há muita notícia sobre falta de pagamentos e que, como o BNDES usa recursos públicos, tem de ser transparente. Há quem diga que uns R$ 20 bilhões foram emprestados sem garantias suficientes. O BNDES deveria tapar a boca do chato do deputado Hauly: divulgar tudo e mostrar que não há irregularidade nenhuma.
Homenagem aos finados
Neste dia 28, segunda, comemora-se o Dia do Servidor Público. Boa parte dos tribunais, de todo o país, passou o feriado para o dia 31, quinta (claro, o dia 28 foi transferido mas o descanso será respeitado), fazendo ponte com o Dia de Todos os Santos, sexta. Como o Dia de Finados, 2 de novembro, cai no sábado, mata-se a semana inteira de trabalho para homenagear os mortos.
Nada mais justo.
Tags: Carlos Brickmann, cartel, China, CPI, Dilma Rousseff, Importação, leilão,Luiz Carlos Hauly, Paulo Teixeira, Petrobras, privatização, Siemens
Dilma consola o cubano vaiado em Fortaleza com o pedido de desculpas negado à blogueira agredida por milícias governistas
Em 28 de agosto, o post republicado na seção Vale Reprise discordou da manifestação de hostilidade sofrida em Fortaleza por Juan Delgado, um dos médicos importados de Cuba pelo governo Dilma Rousseff. Os jalecos despachados para o Brasil não tinham escolha, constata um trecho do texto. O acordo abjeto foi coisa de comparsas: a presidente e o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, agiram em cumplicidade com a ditadura cubana. E os doutores escalados para a temporada no País do Carnaval aprenderam há muito tempo que o regime comunista não oferece opções; ordena.
Sim, muitos cubanos encaram a vinda para o Brasil como uma honrosa missão, indispensável à disseminação de paraísos socialistas. São escravos voluntários que não sabem o que dizem. Nunca viram de perto uma democracia genuína, nem imaginam o que é a vida em liberdade. Mas também há entre eles os que já enxergaram a realidade e sonham com a alforria definitiva, como a jornalista Yoani Sánchez. Não há diferença entre os gritos que Juan Delgado ouviu e o berreiro das milícias mobilizadas pela seita lulopetista para silenciar a blogueira que ousa ver as coisas como as coisas são.
Dilma Rousseff não viu nada de mais nos atos de selvageria promovidos em todas as aparições públicas de Yoani na recente visita ao Brasil. A amiga dos Irmãos Castro deve achar, como tantos, que uma inimiga de seus amigos é sua inimiga também. O cubano vaiado no Ceará, ao contrário, seria um amigo dos seus amigos, informa a decisão de enfeitar com Juan Delgado o comício celebrado nesta terça-feira em louvor do programa Mais Médicos. Em nome do país, o inevitável terninho vermelho pediu desculpas ao jaleco cuja alvura foi sublinhada pelo contraste com a gola preta da camisa. E ofereceu-lhe a solidariedade negada à jornalista agredida por patrulheiros de estimação.
Mais uma vez, o Brasil que presta pede desculpas a Yoani Sanchez. E lembra à jornalista sem medo que vaias tramadas por devotos do arbítrio são condecorações sonoras.
Tags: Alexandre Padilha, Dilma Rousseff, Juan Delgado, Mais Médicos, Yoani Sánchez
Em 2009, depois de ameaçar ficar longe de Brasília se não festejasse o Dia da Independência no camarote presidencial, Rose viu o desfile ao lado de Lula. Quatro anos mais tarde, é bom que se cuide
Em 6 de setembro de 2009, o Cerimonial do Palácio do Planalto foi alvejado por um inquietante pito eletrônico: “Não foi autorizada minha presença e de meu acompanhante no camarote do PR. Gostaria de saber de quem partiu a restrição. Ou vou no do PR, ou simplesmente não vou. Desculpe o jeito, mas estou muito ofendida”. Oficialmente, a mensagem fora remetida pela chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo. Mas o tom e o teor do recado lembraram aos destinatários que Rosemary Noronha era muito mais que isso.
Tanto era que a chefia do Cerimonial só precisou de alguns minutos para fazer chegar ao presidente Lula o que lhes parecia um grave assunto de Estado: se não ficasse ao lado do PR, iniciais do cargo ocupado pelo homem a quem se referia como “meu namorado” quando alguém precisava saber com quem estava falando, Rose não assistiria ao desfile do Sete de Setembro em Brasília. Imediatamente, Lula incumbiu o secretário Gilberto Carvalho de resolver o problema. Sem fazer barulho e, claro, sem provocar ruídos no doce convívio com a mulher ofendida.
Especialista na lida com material inflamável, a caixa-preta mais abarrotada do país deve ter achado aquela missão coisa para principiantes. Bastou-lhe anexar dois nomes à lista dos convidados para o camarote e remanejar posições na fila do gargarejo. Na manhã seguinte, lá estavam Lula e a segunda dama lado a lado, trocando sorrisos entre a passagem da ala dos cadetes e uma pirueta da esquadrilha da fumaça. Bem mais complicada foi a missão confiada a Gilberto Carvalho em dezembro passado, depois das explosivas descobertas da Operação Porto Seguro.
Para que o casal não ficasse ainda pior no retrato, o agora secretário-geral da Presidência foi encarregado de evitar que investigações internas confirmassem que, durante anos, Rose usou o posto de Primeiríssima Amiga para ganhar dinheiro como quadrilheira de quinta. Gilberto Carvalho entrou em ação assim que soube da sindicância aberta pela Casa Civil para investigar o caso da ex-secretária de sindicato que subiu na vida pela porta dos fundos.
Deu tudo errado, mostra a reportagem de VEJA. Primeiro, o ex-seminarista que hoje só celebra missas negras abriu um inquérito paralelo concebido para dar em nada. Falhou. Depois, armou sucessivas tramoias para bloquear o avanço da sindicância. A ministra Gleisi Hoffmann não gostou da intromissão abusiva. Além de interpelar o colega, queixou-se a Dilma Rousseff e foi instruída para seguir em frente. No fim de setembro, além de Rosemary Noronha, foram exonerados dois auxiliares diretos de Gilberto Carvalho.
Envolvidos na trama, perderam o emprego o secretário de Controle Interno, Jerri Coelho, e seu subordinado Torbi Rech, coordenador-geral de Correição. Atropelados por Gleisi, não foram socorridos pelo chefe que articulou a conspiração. Caprichando na pose de quem nunca soube de nada, Gilberto Carvalho tentou assumir a paternidade da ideia de demitir os comparsas que “inexplicavelmente adotaram todas as medidas sem consultar qualquer um dos seus superiores”.
Neste domingo, em entrevista ao jornal espanhol El Pais, Lula jurou que nada tem a ver com as patifarias do partido que fundou e sempre comandou. “Por que queríamos chegar ao governo? Não para fazer o que os outros fazem, mas para atuar de maneira diferente”, fingiu indignar-se o chefão do bando que juntou os incapazes capazes de tudo — como Gilberto Carvalho. Haja cinismo.
Gente assim não tem afetos reais. Rose Noronha que se cuide.
Tags: auxiliares demitidos, conspiração, Dia da Independência, Gilberto Carvalho,Gleisi Hoffmann, Lula, pito eletrônico, PR, Rosemary Noronha
(por Augusto Nunes)
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Maurício Carvalho Pinheiro São Paulo - SP
Alguns comentários adicionais ao que lí acima.
O safadão se ergueu sindicalista e chegou a presidente sob a capa das montadoras (e contribuições ao partido) que mandaram no país até recentemente, e seus pelegos. Faziam greves quando os estoques estavam demasiadamente grandes. Até hoje os macacos da Nasa não perceberam que a produção dobrou sem que houvesse um aumento de funcionários, mas sim com a implantação de robots. Que não cansam, não recebem FGTS, Férias, 13º,trabalham 24 horas, etc. A contrapartida veio nessa insanidade que é jogar todo o transporte do país em rodas. Sem ter como arrumar Diesel e gasolina para tanto. Agora desesperadamente, para ter alguma coisa para prometer e conseguir votos do povão ignara, sem ninguém poder questionar porque são miragens que só se tornarão realidade, se acharmos tecnologia para tirar de 7.000 metros (7 quilometros !)o petróleo, a custos abaixo de US$100 o barril e se houver de verdade o petróleo API 38, e investirmos US$ 600 bi (não se sabe de onde virão)na frente para termos algo em 2025, 26.., 27 ..., 30...., Prometer é muito fácil ! É só prometer ! E enganar o povo !! Mas quero ver se for uma gigantesca Paulipetro o que falarão esses mentirosos. E onde estarão em 2030 !!!! Oh ! Sardenberg ! A Inglaterra já tem parques gigantescos de usinas eólicas nos mares !! Veja na TV por assinatura, filme a respeito !!! Outra coisa !! O governo vai receber em petróleo 95% dos "excedentes" !! Que excedentes, sem nem sabe o que vai conseguir tirar lá de baixo, após 2 quilômetros de sal e mais 2 quilômetros de rocha magmática (?, se conseguir !! Até agora as descobertas ou mentiras não passam dos 3.000 metros !!!!! E os royalties só os teremos se acharmos petróleo a 7.000 metros !!! E o fundo soberano só tem papelada precificada em cima de estimativas de preços de petróleo e se for petróleo de API 38 para mais !!! É uma gigantesca miragem ou "mentiragem" para povo idiota acreditar !!!!! Anotem aí !!!!!!!!!!!!!!!!