Economia do Brasil não cresceu no 3º trimestre, diz BC
Em outubro, o índice que tenta prever o comportamento do PIB (Produto Interno Bruto) caiu 0,32%.
Com isso, aumentou entre os economistas a aposta de que o quarto trimestre também será fraco, apesar de uma gradual recuperação.
Na semana passada, o IBGE divulgou que o país não cresceu no terceiro trimestre.
A gestora Quest Investimentos reduziu ontem sua projeção de expansão nos últimos três meses do ano para 0,2%. "É um crescimento bem medíocre, depois de uma estagnação. O país deve crescer 2,7% em 2011", diz Fabio Ramos, da Quest.
Segundo ele, a atividade ainda sentiu em outubro as medidas restritivas adotadas pelo governo no início do ano e o aumento do pessimismo devido à crise externa.
O economista do banco Itaú Aurélio Bicalho acredita que a recuperação em novembro é natural após alguns meses de fraqueza e ainda não reflete estímulos do governo.
O Banco Central começou a reduzir juros em agosto e, desde novembro, o governo adotou outras medidas para baratear crédito, investimento e consumo. "Essas medidas terão mais efeito a partir de dezembro e devem ganhar força em 2012", diz Bicalho.
Mesmo com um resultado negativo em outubro, a economista Alessandra Ribeiro, da consultoria Tendências, projeta um crescimento de 0,5% no quarto trimestre.
A indústria, diz, exibirá números mais positivos em novembro, puxada pelo setor automotivo. Isso porque as vendas se recuperaram no mês passado, diminuindo os estoques e permitindo a recuperação da produção.
Outros indicadores mostram retomada da atividade nas fábricas, como alta da produção de papelão ondulado (usado em embalagens) e do consumo de energia.
"O pior momento foi o terceiro trimestre", afirma.
Para Jayme Alves, economista da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), a reversão das medidas de aperto do crédito no início de novembro tendem a estimular o consumo no fim do ano.
Na sua avaliação, a atividade em outubro ainda refletia um cenário de crédito retraído, afetado pelas medidas restritivas e pela greve dos bancários. "Novembro será mais forte", afirma Alves.
Ontem, a Fiesp divulgou que a indústria paulista fechou 46,5 mil vagas no mês passado.
Bicalho observa que é normal que o mercado de trabalho só se recupere após alguns meses de melhora da economia. "A contratação deve continuar lenta nos próximos meses", observa.
2012
A CNI (Confederação Nacional da Indústria) prevê que a economia terá uma pequena aceleração em 2012, sustentada pelo consumo doméstico, mas destaca que o nível de investimento no país ainda é insuficiente para garantir o crescimento de 5% projetado pelo governo.
A CNI prevê crescimento de 3% no ano que vem, após uma alta de 2,8% em 2011.
Fluxo de dólares para o país fica negativo
O fluxo de dólares para o país na segunda semana de dezembro ficou negativo em US$ 424 milhões, informou o Banco Central. O resultado se deve à saída de US$ 890 milhões da conta financeira e a entrada de US$ 465 milhões nas operações comerciais. Em novembro e dezembro, foram registrados deficit no fluxo cambial de US$ 942 milhões e US$ 134 milhões, respectivamente. Nos dois primeiros dias úteis de dezembro (1º e 2), o saldo ficou positivo em US$ 525 milhões.