Enquanto os produtores rurais aguardam ajuda do Governo, mutirões tentam amenizar o problema da estiagem no interior do Rio Grande do Sul. O número de municípios em situação de emergência subiu para 93, de acordo com o último boletim divulgado pela Defesa Civil. Outras 38 prefeituras estão com o pedido pendente no órgão.
Em São Paulo das Missões, na região noroeste do estado, a falta de água mudou a rotina do produtor rural Sebastião da Rosa. Agora, todos os dias ele precisa caminhar até um poço situado a cerca de dois quilômetros da sua propriedade. “Está tudo seco. Já faz 15, 20 dias que não temos água nem para o gado, nem para tomar”, conta.
Para amenizar o problema na cidade, moradores organizaram um mutirão para ampliar a rede de água. Máquinas da prefeitura também estão abrindo bebedouros para os animais. Segundo o coordenador da Defesa Civil no município, essas medidas chegam com atraso. “O correto mesmo seria ter sido feito esse trabalho durante o inverno, o que manteria esses bebedouros cheios”, afirma Vilmar Renner.
Na última década, a região noroeste do estado não enfrentou a seca em apenas três anos. Quem vive por lá já se acostumou com o problema da falta de água. A comunidade busca alternativas para amenizar os danos, mas nem sempre é atendida pelas autoridades.
Em 2009, uma consulta popular definiu como prioridade a construção de reservatórios de água em propriedades rurais. No total, 120 projetos foram aprovados, mas até agora o dinheiro para as obras não foi liberado. “Apesar de terem se passado mais de dois anos, os agricultores padecem com a falta de chuvas e as obras ainda não foram executadas”, diz o presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento (Corede) da fronteira noroeste, Pedro Butenbender.
No município de Porto Mauá, o produtor rural Elói Pizzoni mantém na propriedade 25 vacas e cerca de mil frangos para a produção de ovos. Com a estiagem, ele está sendo obrigado a racionar água para o rebanho e para as aves. Se a propriedade contasse com uma cisterna, a situação poderia ser diferente: “Faz muita falta, sim. Todo mundo sabe que durante alguns meses do ano a gente tem problema de estiagem. Se nós tivéssemos uma cisterna, a gente poderia armazenar a água que se perdeu durante o ano para aproveitar nesses meses”.
Nas outras cidades que sofrem com a falta de chuva a situação é semelhante. Em Caçapava do Sul, na região sudeste, açudes secaram completamente. Cerca de 500 famílias estão sendo abastecidas com tratores-tanque. Em Jóia, no noroeste do estado, já começou o racionamento de água. As bombas dos poços artesianos vão ser desligadas por duas horas durante o dia.
Outra região onde a falta de água causa problemas e prejuízos é no centro do estado. Em Cerro Branco, na propriedade de Luciano Rückert, o açude que irriga a lavoura de arroz secou. O grão chegou a ser plantado mais de uma vez. Mesmo assim, a produção já está comprometida. “Se não chover nos próximos dias, a perda vai ser praticamente total”, diz o agricultor. (por G1, com RBS TV).
Agricultores sofrem com a seca no
RS: "Não temos água para tomar"
Não chove forte em São Paulo das Missões desde outubro de 2011.
Município calcula prejuízo de R$ 9 milhões no comércio.
Em uma das regiões mais afetadas pela estiagem que atinge o Rio Grande do Sul, o impacto da falta de chuva não atinge somente as lavouras. Em São Paulo das Missões, no noroeste do estado, além dos prejuízos com a agricultura, os produtores sofrem com a falta de água diante da forte seca. De acordo com dados divulgados pela Defesa Civil nesta sexta (6), o estado já tem 388 mil pessoas afetadas pela seca.
Um dos produtores que passam por esta situação é Sebastião Rosa, que a cada dia enfrenta mais dificuldades para manter sua propriedade. O açude próximo a sua residência secou. Com isso, precisa buscar água diariamente em um poço a 2km de distância.
"Aqui está tudo seco já faz uns 15, 20 dias. Não temos água para tomar nem para o gado", lamenta.
produção (Foto: Luis Frey/RBS TV)
Sem registrar chuva forte desde outubro, a produção mais comprometida do município é a de milho, com 70% de perda, de acordo com a Secretaria de Agricultura do municipio. O prejuízo chega a 50% no fumo e 10% na soja. Com a safra agrícola reduzida, o reflexo foi imediato no comércio local, que registra queda de vendas de 30%.
O munícipio já calcula um prejuízo de R$ 9 milhões, de acordo com a Prefeitura. O produtor Paulo Krammer lamenta os efeitos da estiagem que prejudicaram todo um ano de trabalho. "A única coisa que vai dar para fazer é uma silagem para alimentar os bichos. E olhe lá. Vai dar uma silagem bem ruim porque não tem um grão de milho."
O efeito na produção de leite também preocupa os produtores. Por falta de pastagem, o volume coletado caiu 15%.
Com a finalidade de amenizar a situação, a prefeitura de São Paulo das Missões está abrindo e limpando bebedouros para os animais, bem como ampliando as redes para garantir água potável à população. De forma emergencial, um caminhão-pipa abastece as propriedades mais atingidas.
Mas o coordenador da Defesa Civil, Vilmar Renner alerta que o problema é decorrência do fato de que muitas pessoas deixam para fazer esse trabalho apenas agora, durante a seca. "O correto mesmo era ter feito durante o inverno, quando manteria os bebedouros cheios."
A prefeitura do município está reunindo documentos para pedir auxílio financeiro ao Governo, de acordo com o prefeito Valmir Thumi, que vai encaminhá-los à Defesa Civil do Estado e da União.