Café: com safra menor no Brasil, ABN Amro vê preço firme

Publicado em 25/01/2012 18:13
Os preços globais do café devem permanecer firmes na primeira metade deste ano por causa de uma colheita menor no Brasil e de um consumo provavelmente forte, informou nesta quarta-feira o ABN Amro.

O banco holandês prevê que os futuros do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) beirem 230 cents por libra-peso nos próximos três meses, e 210 cents por libra-peso nos 12 meses que estão por vir.

"Apesar da resistência dos preços do café, o consumo global continuará animador, com o aumento mais significativo em países exportadores, seguidos por mercados emergentes", revelou o ABN Amro em um relatório trimestral de perspectiva para a commodity.

O Brasil, maior produtor e exportador do grão no mundo, atualmente está em um ciclo de baixa produção.

O banco alertou que as atuais estimativas da produção e do consumo mundiais no ano-safra 2011/12 apontam para um déficit de oferta e um declínio das reservas globais, com a relação estoque/uso no menor nível já registrado. O ABN Amro acrescentou que os preços do café devem ficar sob pressão na segunda metade deste ano por causa do excesso de grãos na temporada 2012/13, quando o Brasil entra em um ciclo bianual de alta produção, contribuindo para a elevação dos estoques. As informações são da Dow Jones.

Produtos concorrentes frustram aumento do consumo de café em 2011


O consumo de café no Brasil cresceu 3,11% em 2011 em relação ao ano anterior, para 19,72 milhões de sacas de 60 kg, mas ficou abaixo das expectativas iniciais da indústria, que eram de aumento de 4% a 5% no ano. O aumento do consumo de produtos concorrentes no café da manhã pode ser uma das justificativas para o desempenho aquém do esperado, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).


De acordo com a Abic, o café tem forte presença no consumo doméstico, com penetração de 95%, mas esse índice se manteve estável no ano passado. Outros produtos, porém, cresceram acima de 20%, como foi o caso do suco pronto (24%) e das bebidas à base de soja (29%). O presidente da Abic, Américo Sato, considera que o café pode manter e até elevar presença por meio da qualidade, produtos diferenciados e certificados. "O consumidor começa a constatar que existem cafés de diferentes qualidades, com atributos próprios. Também é preciso educar o consumidor sobre os benefícios do café, que é uma bebida saudável", afirmou Sato, durante entrevista para divulgar os resultados do setor em 2011.

Ele afastou a hipótese de desaceleração do crescimento do consumo de café provocado pelo aumento dos preços do produto. "Apesar dos reajustes, o preço do café não representa muito no bolso do consumidor", explicou. De acordo com ele, o café ainda é bebida relativamente barata para a população. O vice-presidente da Abic e também presidente da Melitta do Brasil, Bernardo Wolfson, argumentou, ainda, que "mais pessoas estão trabalhando" e, portanto, com renda para consumir produtos, entre eles o café. Ele acrescentou que "o jovem com menos de 18 anos ainda consome pouco café no Brasil", e é um público a ser cativado.

Com relação ao reajuste de preço ao consumidor para acompanhar o aumento da cotação do grão no mercado internacional, o presidente da Abic afirmou que "não devemos ter grandes aumentos este ano porque a produção deve ser grande". A safra brasileira em 2012 está estimada em recorde de 48,97 milhões e 52,27 milhões de sacas.

Apesar da grande safra brasileira, outros países produtores, principalmente da América Central, e a Colômbia, têm enfrentado problemas climáticos, como excesso de chuvas, que vêm comprometendo a produção nos últimos anos. "A perda de produção de café arábica em países importantes, com redução de estoques mundiais e no Brasil, junto com consumo mundial crescente, irá pressionar os preços da matéria-prima, especialmente no primeiro trimestre do ano", comentou Sato, em comunicado da Abic. "A tendência é de alta nas cotações, mas não se sabe quanto", afirmou.

A indústria de café estima que o preço da matéria-prima subiu cerca de 70% nos últimos cinco anos. No período, a indústria teria repassado, no máximo, 20%. "Não se consegue fazer o repasse imediato", disse Sato, em grande parte por causa da negociação com as redes de varejo. A meta da Abic para o consumo interno é alcançar 21 milhões de sacas em 2013. Ultrapassar os Estados Unidos, que atualmente consomem cerca de 23 milhões de sacas, deixou de ser objetivo imediato. Segundo o diretor executivo da Abic, Nathan Herszkowicz, isso vai ocorrer naturalmente. "Um dia passaremos à frente", garantiu.

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Fonte:
G1 / Ag. Estado

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