Cônsul do Brasil no Paraguai diz que produtores brasileiros ainda se sentem ameaçados
“Nas próximas semanas tem a colheita da soja, depois o plantio do milho. Eles se sentem temerosos até mesmo de mover a maquinaria nas propriedades por medo de atentados contra equipamentos, que são valiosos, e eles próprios se sentem acuados”, disse Bonzanini, em entrevista à Agência Brasil.
Ele conta que a reintegração de posse, determinada pela Justiça do Paraguai, não está sendo cumprida na região, que fica na fronteira com o Brasil. “A promessa [das autoridades paraguaias] é que seria cumprida em breve a ordem de reintegração de posse. Mas temos observado uma defasagem muito grande entre a promessa e o efetivo cumprimento dessa ordem judicial”, relata. A alternativa, segundo ele, seria processar as autoridades do país vizinho, que teriam a obrigação de fazer cumprir a ordem judicial. “Mas aí já é uma questão política”, observa.
Segundo o embaixador, o clima na região é considerado “explosivo”. “A questão não é apenas cumprir a ordem de reintegração de posse, mas é que a multidão continua fazendo pressão e ameaçando brasileiros e descendentes, que são proprietários das terras há décadas”. Ele diz que os brasileiros garantem que vão resistir e que não irão entregar suas terras “de mão beijada”.
O consulado brasileiro em Ciudad del Este está acompanhando de perto a situação dos brasiguaios. Na semana passada, houve uma reunião que resultou em um memorando relatando o panorama da região, entregue à Embaixada do Brasil em Assunção, capital paraguaia, e ao Ministério das Relações Exteriores, em Brasília.
A estimativa é que cerca de 350 mil brasileiros, a maioria agricultores, vivam em território paraguaio. Recentemente, o governo paraguaio mudou as regras sobre a faixa de fronteira, o que aumentou a pressão dos sem-terra paraguaios para que os brasileiros abandonem suas terras, alegando que elas foram ocupadas irregularmente.