Seca avança no Nordeste e governadores vão pedir hoje a ajuda de Dilma

Publicado em 23/04/2012 05:58

Governadores do Nordeste devem pedir hoje à presidente Dilma Rousseff, em Aracaju (SE), a antecipação do seguro-safra para agricultores vítimas da seca e nova linha de crédito para pecuaristas.

Também serão reivindicadas medidas de emergência -como mais carros-pipa- e a aceleração da transposição do rio São Francisco e do programa Água para Todos.

A seca que castiga a zona rural do Nordeste avança sobre áreas urbanas, provocando colapso no fornecimento de água em povoados e cidades como Caetés, ex-distrito de Garanhuns localizado no agreste pernambucano.

Terra natal do ex-presidente Lula, Caetés (cerca de 30 mil habitantes) é abastecida hoje só por carros-pipa do Exército, do Estado e da prefeitura.

A água sai das torneiras uma vez por mês e, ainda assim, não dura mais que poucas horas. Tambores de plástico azul tomam as calçadas em frente às casas. Carrinhos de mão e carroças puxadas por jegues são usados para transportar galões e baldes.

Nas casas, os moradores mantêm estoques de água "boa", utilizada para consumo humano e produção de alimentos, e de "uso", para louças e higiene pessoal.

Na periferia, a água escura e salobra de uma cacimba (reservatório) é recolhida e vendida a R$ 5 o galão de 250 litros. "Para beber não serve, mas as pessoas querem assim mesmo", diz o agricultor José Cícero Vicente da Silva, 42.

Sem chuva para plantar milho e feijão, Silva vende o produto para ajudar a sustentar a família. "É o jeito. Da terra não tem mais o que tirar."

Para o ex-secretário da Agricultura de Caetés Bolbinécio Antunes Ferreira, 37, a situação é de "calamidade". "Toda a cidade usa latinha até para tomar banho."

Em Lagoa de São José, distrito da cidade vizinha de Bom Conselho (PE), a população recolhe água em bicas. Há filas em frente às torneiras. "É uma situação precária", disse o montador de móveis Adenilson de Siqueira.

Na zona rural, além da dependência dos carros-pipa e da impossibilidade de plantar, os criadores têm dificuldades para conseguir pasto.

"Perdi nove cabeças de gado nos últimos dias", diz André Luiz Soares da Costa, 34. Dono de fazenda em Paranatama (PE), diz ter água e alimento suficientes para manter seu rebanho por 90 dias.

Fonte: Folha de São Paulo

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