Para senadora Kátia Abreu, Rio+20 termina “com muito verbo e pouca verba”.

Publicado em 24/06/2012 19:56
FALTA DE RECURSOS E METAS PARA AÇÕES SUSTENTÁVEIS PODEM COMPROMETER OFERTA GLOBAL DE ALIMENTOS E A COMPETITIVIDADE DO BRASIL, ALERTA PRESIDENTE DA CNA

A falta de recursos para financiar a economia verde e de metas para o desenvolvimento sustentável poderão prejudicar a oferta global de alimentos e comprometer a competitividade do agronegócio brasileiro. O alerta é da presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), diante da ausência de regras relacionadas a estes dois pontos no documento final da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). “Terminamos a Rio+20 com muito verbo e pouca verba”, avalia a senadora.

Na sua avaliação, as discussões pouco avançaram nesta Conferência devido à crise dos países desenvolvidos, “que resistem em compensar as nações em desenvolvimento que praticam ações sustentáveis e mantém seus biomas preservados, como o Brasil”. Ela ressalta que o País pratica uma das melhores e mais sustentáveis agriculturas do planeta, produzindo comida em apenas 27,75% do território e conservando 61% da sua vegetação nativa.

“Infelizmente, a questão da crise, que é uma realidade, dificultou as negociações. Mas os países desenvolvidos, que estão com suas áreas totalmente desmatadas e emitem grandes quantidades de gases, contribuindo para o aquecimento global com suas indústrias, precisam compensar os países em desenvolvimento que deixam de emitir, protegendo seus biomas”, afirma a presidente da CNA. Uma das iniciativas que defendeu na Rio+20 foi a criação de um fundo internacional para financiamento e difusão de tecnologia que contribua para o desenvolvimento agrícola e pecuário, com respeito ao meio ambiente.  

A senadora lamentou que o texto final da Rio+20 tenha eliminado a possibilidade de criação de um fundo de US$ 30 bilhões para financiar ações de desenvolvimento sustentável nos países mais pobresEsta fonte de recursos, disse a senadora, poderia ajudar na recuperação de terras degradadas no mundo, com o objetivo de ampliar a produção de alimentos para atender à demanda da população mundial, estimada em  nove bilhões de habitantes, em 2050, pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Na sua avaliação, o fundo de US$ 30 bilhões, proposto nos debates da Conferência, se não traz volume suficiente de recursos, ajudaria a resolver “os problemas mais urgentes”. “Precisamos deste fundo e da definição dos recursos”, completa a senadora

“No Brasil, temos programas para financiar as ações sustentáveis como a recuperação de áreas degradadas, que financiam os produtores a longo prazo, com juros baixos. Mas temos terras no mundo inteiro e, se não fizermos essa recuperação, não conseguiremos atender à demanda mundial por alimentos”, pondera a presidente da CNA. Ela acrescenta que, no Brasil, há 40 milhões de hectares de terras degradas, o equivalente a 15% da área de produção agropecuária do País, e o custo para a recuperação destes locais é de aproximadamente R$ 80 bilhões.

Outro problema apontado pela senadora nos debates foi a ausência de metas de desenvolvimento sustentável, que devem ser definidas apenas em 2015. Para a presidente da CNA, esta era uma medida necessária para começa a reduzir as assimetrias entre os países e não comprometer a competitividade do agronegócio brasileiro. Sobre este ponto, ela explica que o Brasil, que tem uma das leis ambientais mais rigorosas do mundo, compete com países que não possuem as exigências ambientais impostas aos produtores brasileiros.

“O Brasil  tem leis demais, enquanto outros países praticamente não têm leis. Isso tira a nossa competitividade porque as boas práticas de sustentabilidade custam dinheiro e nós temos ônus para produzir alimentos no Brasil. Isso não é justo com os nossos produtores e empresários, pois os que mais defendem a sustentabilidade são os que ficarão mais prejudicados se não reduzirmos essas assimetrias”, afirma.

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Fonte:
Ascom CNA

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