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Não concordamos, mas vamos aprovar Ministra dos Trombadas Institucionais, Ideli Salvatti. |
Os líderes da base governista na Câmara acabam de decidir pela votação nesta semana da medida provisória (MP) do Código Florestal aprovada pela comissão mista. A decisão veio após a orientação do governo repassada aos líderes pela ministra das Trombadas Institucionais, Ideli Salvatti, em reunião com parlamentares dos partidos aliados ao governo federal.
“O encaminhamento dado pelos líderes é de levar à votação aquilo que foi produzido pela comissão”, declarou Ideli roendo a corda após as declarações precipitadas que fez na semana passada.
A ministra reconheceu a importância de votar o texto nesta semana na Câmara já que a proposta ainda precisa ser analisada pelo Senado antes de 8 de outubro, quando a MP perde a vigência. Isso porque os senadores só convocaram esforço concentrado de votações na próxima semana, o que fixa a necessidade de os deputados analisarem a proposta até quinta-feira para que a MP não perca a validade.
O líder do governo na Câmara, o petista Arlindo Chinaglia, afirmou que tentará recuperar a proposta original do governo. Mas reconheceu que o pior dos mundos é permitir a queda da MP por decurso de prazo. "O que não podemos é deixar de votar. Vai haver tensionamento e deixaremos claro o que o governo não concorda nesse texto da comissão mista", disse Chinaglia.
Bravata
No entanto, Ideli ressaltou que a versão da MP que saiu da comissão especial não é de agrado do governo e que o texto pode ser mudado tanto no plenário da Câmara, quanto do Senado. “Eu fiz questão de reafirmar que [em] vários pontos que fizeram parte da votação do texto final, não há acordo do governo”, bravateou a ministra. Ideli sabe que o Senado não pode altear o texto porque isso forçaria uma nova votação na Câmara e não há tempo hábil para isso. Se o Senado alterar o que sair da Câmara a MP caducará.
Ideli e Chinaglia sabem que não tem voto para alterar o texto na Câmara e não podem alterar o texto no Senado. Estão apenas tentando minimizar a responsabilidade do Executivo na determinação do texto final.
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Ideli ainda não sabe se sobe ou se desce da escadinha. |
Os ânimos acirraram-se novamente. Acabou em impasse a reunião do colégio de líderes partidários que decidiria a votação da MP do Código Florestal. O Governo entrou de salto alto dizendo que queria votar a matéria, mas não concordava com o texto da Comissão Mista mesmo sabendo que não tem votos para alterá-lo. A atitude infantil do Governo provocou uma reação tempestiva e uníssona dos parlamentares que defendem o Agro: ou o governo garante o texto da Comissão Mista, ou a Frente da Agropecuária obstruirá a votação. A atitude da Frente do Agro por sua vez, provocou outro piti do PT que agora quer derrubar o texto da Comissão Mista fazendo voltar o texto original da MP. O impasse pode inviabilizar a votação da matéria amanhã o que levará à queda do texto por decurso de prazo no dia 8 de outubro.
O Governo adotou uma postura infantil. Quer aprovar o texto, não concorda com seu conteúdo, mas não tem votos para alterá-lo. Ou seja, no fundo o governo só tem uma opção: votar o texto como está. Mas por razões políticas o Governo precisa deixar claro aos ambientalistas que não concorda com o texto para dar sustentação política à Ministra Izabella Teixeira, do Meio Ambiente.
Essa necessidade nas mãos de uma articuladora política incompetente como a Ministra das Trombadas Institucionais, Ideli Salvatti, acabou virando impasse. Aliás, impasse é talvez a única coisa que Ideli sabe fazer bem feito.
Uma votação que poderia se resolver facilmente acabou sendo comprometida com um bilhete e com a falta de habilidade política de Ideli Salvatti. Hoje mais cedo o Jornal Valor Econômico publico entre aspas que Ideli havia dito que “O encaminhamento dado pelos líderes é de levar à votação aquilo que foi produzido pela comissão”. No final da tarde a Agência Brasil publicou que segundo Ideli o governo não concorda com o texto da Comissão Mista e é favorável à retomada do texto original da MP.
O líder do PSDB na Câmara, deputado Bruno Araújo (PE) disse hoje ao sair da reunião de líderes que o Governo está sinalizando que não horará o acordo feito na Comissão Mista que permitiu a aprovação da matéria. “Esse veto está anunciado e desarmou todo o acordo político que foi feito aqui”, afirmou Araújo.