Russia nao suspende embargo `a carne suina de 3 Estados do Brasil

Publicado em 15/12/2012 08:19
A intervenção da presidente Dilma Rousseff não foi suficiente para convencer o governo da Rússia a suspender o embargo à importação de carnes de três Estados brasileiros, em vigor há um ano e meio. 

Frustrando a expectativa do setor de anúncio de um acordo, a governante disse que as autoridades de Moscou ainda estão analisando documentos e informações apresentadas por Brasília.

"Expressei a expectativa pelo pronto restabelecimento do comércio de carne suína do nosso País e do fim do embargo aos três Estados brasileiros", declarou Dilma ao lado do colega russo, depois de encontro realizado no Kremlin.

Em junho de 2011, a Rússia interrompeu a compra de carnes bovina, suína e de frango provenientes do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. O setor respondeu no ano passado por 36% das exportações brasileiras para a Rússia, que somaram US$ 4,2 bilhões.

"Eu ficarei surpreso se o embargo não for suspenso", disse Pedro de Camargo Neto, presidente-executivo da Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Carne Suína (Abipecs), antes do encontro entre Dilma e Putin.

Mas tudo indica que a pendência relativa aos suínos ainda nao foi resolvida. Os embarques do produto foram suspensos no dia 7 de dezembro, quando venceu o prazo dado aos russos para o Brasil adotar um sistema de certificação para garantir que o produto destinado ao país não possui ractopamina - aditivo alimentar que reduz a gordura e aumenta a quantidade de carne nos animais.

Produtores reclamam de embargo 'alarmista' à carne brasileira

Representantes do setor agropecuário afirmam que restrições de China, África do Sul e Japão foram precipitadas.


Representantes do setor agropecuário brasileiro ouvidos pela BBC Brasil em Moscou consideram que a decisão da China, da África do Sul e do Japão de decretar um embargo sobre a carne bovina brasileira foi ''alarmista''.

A China e a África do Sul anunciaram na quinta-feira o embargo de carne bovina brasileira, após ter sido encontrado um foco da proteína da vaca louca em um lote de carne proveniente do Paraná. O Japão já havia anunciado um embargo de carne brasileira anteriormente, pelo mesmo motivo.

As ações desses países, na opinião de João de Almeida Sampaio Filho, vice-presidente de Relações Exteriores do Grupo Marfrig, um dos maiores frigoríficos do Brasil, são ''alarmistas, desnecessárias''. Sampaio Filho foi um dos 80 empresários brasileiros que foram à Rússia junto com a delegação da presidente Dilma Rousseff, que faz uma visita oficial ao país.

O brasileiro Grupo Marfrig é uma das maiores empresas mundiais de produção de alimentos à base de carnes bovina, suína, de aves e de peixes. Sampaio Filho disse que o gesto dos três países foi uma precipitação, que não reflete uma ''ameaça real''.

''A OIE (Organização Mundial para Saúde Animal) disse que não era o caso de mudar o status brasileiro e nem de suspender nenhuma das operações brasileiras'', afirmou.

Na semana passada, um exame laboratorial conduzido pela OIE confirmou a proteína causadora da vaca louca em uma vaca morta em dezembro de 2010 em uma fazenda de Sertanópolis, no Paraná. Foi essa detecção que levou aos embargos dos três países.

Em entrevista à BBC Brasil, o veterinário Bernard Vallat, diretor-geral da Organização Mundial para Saúde Animal (OIE), disse que como o Brasil tem quase 200 milhões de cabeças de gado, ''não é um caso que vai mudar a avaliação da OIE sobre o país".

Outro representante do setor agropecuário presente em Moscou também fez críticas às nações que decretaram o embargo.

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Fonte:
O Estado de S. Paulo

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