Suia Missu (MT): Moradores do Posto da Mata põem fogo em caminhão da Funasa

Publicado em 29/12/2012 07:48 e atualizado em 10/03/2020 09:41
Veículo foi incendiado em Posto da Mata, no município de Alto Boa Vista, onde m,oradores ja' passam fome. Produtores são contrários à desocupação da área de Marãiwatsédé. (informacoes da Tv centro-America-G1-MT).

Um caminhão da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) foi incendiado nesta sexta-feira (28) no distrito de Posto da Mata, em Alto Boa Vista, a 1.064 quilômetros de Cuiabá, onde se concentra o foco de resistência dos produtores rurais contrários à desocupação da Terra Indígena de Marãiwatsédé.

Funai diz que antes de queimar veículo, moradores saquearam alimentos dos índios (Foto: Rogério Freitas)

Segundo a Funai, o veículo era usado para o transporte de cestas básicas para uma aldeia indígena da região. Após o ato de vandalismo, informou a fundação, os alimentos foram roubados. Não registros de feridos durante a ação. O processo de retirada dos moradores não-índios da área completou 18 dias.

Associação dos Produtores de Suiá Missú disse ao G1 ter conhecimento do fato, mas não atribuiu responsáveis pelo episódio. Afirmou apenas que as cestas básicas foram recolhidas por moradores que, segundo a entidade, "estão passando fome".

Em quase vinte dias foram vistoriadas 83 fazendas, sendo que 46 delas foram desocupadas. Somente entre os dias 20 e 27 de dezembro foram atingidas mais 30 fazendas, estando 16 desalojadas. A Funai afirmou ainda que em alguns locais as equipes estão tendo dificuldades de acesso e, por isso, há a necessidade do uso de aeronaves para o cumprimento dos mandados.

Mesmo caminhão da Funasa antes de ter sido incendiado (Foto: Rogério Freitas)

O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) ressaltou nesta sexta-feira (28) que desde o início da operação foram cadastradas 201 famílias para análise de perfil com vistas ao reassentamento em programas da reforma agrária. Consideradas aptas, até o momento, são 92.

O Projeto de Assentamento Casulo, denominado PAC Vida Nova está em fase de implantação pela superintendência regional do Incra em Mato Grosso e beneficiará 300 unidades familiares destinadas aos ocupantes da localidade de Posto da Mata.

Violência

Produtores e agentes de segurança entraram em confronto durante desocupação (Foto: Reprodução/TVCA)

A Fundação voltou a reafirmar que os atos de violência serão reprimidos durante a desocupação do território Marãiwatsédé. "A Justiça e o Ministério Público, em conjunto com a força-tarefa do governo federal já manifestaram a determinação de enfrentar com firmeza aqueles que tentarem colocar obstáculos ao cumprimento da ordem judicial", disse em nota.

De acordo com o plano de desocupação, quatro áreas são alvo da desocupação. As primeiras englobam as grandes fazendas e serão seguidas pelas médias, pequenas e, por fim, a comunidade de Posto da Mata, em Alto Boa Vista.

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Rodovias de MT interditadas em área de desocupação são liberadas

O tráfego de veículos voltou a ser liberado nas BRs 158 e 242, região nordeste de Mato Grosso. Desde a noite de segunda-feira (24), veículos conseguem seguir viagem devido a interrupção parcial do protesto, realizado contra a desocupação da área indígena Marãiwatsédé. O fechamento fora iniciado ainda domingo (23). As rodovias são as principais rotas de ligação com os municípios de Alto Boa Vista,Confresa e Porto Alegre do Norte.

Agentes encarregados de dar cumprimento aos mandados de desocupação percorrem, desde o dia 10 de dezembro, a região com mais de 165 mil hectares e reconhecida como de propriedade xavante. Ao todo, quatro são as áreas a serem visitadas: as grandes propriedades rurais, as médias e pequenas, por último chegando ao pequeno distrito de Posto da Mata, nas proximidades de Alto Boa Vista, a 1.064 km de Cuiabá.


No que se refere às grandes fazendas, de acordo com a Fundação Nacional do Índio, 22 propriedades foram identificadas, detentoras de um terço das terras. Em toda a terra indígena, 455 pessoas foram notificadas a deixar a área, por meio de mandados judiciais, expedidos entre os dias 7 e 17 de novembro."O processo de desocupação continua, mas as famílias não têm para onde ir, já que o Incra não dispõe de terra para reassentar a todos", disse uma moradora do distrito. A retirada das famílias nesta área ainda não fora iniciada, já que a força tarefa percorre a zona rural.

O último prazo, de 30 dias, concedido pela Justiça Federal do Mato Grosso para que os não indígenas desocupem o território, encerrou ainda no dia 17. Pouco tempo antes de completar duas semanas, a Funai informara que 30 propriedades tinham sido desocupadas até a última semana. O total de vistoriadas chegou a 53.

Ainda segundo a Funai, foram cadastradas 194 famílias para análise de perfil com vistas ao reassentamento em programas da reforma agrária. Pelo menos 80 famílias foram consideradas aptas, informou a Fundação Nacional do Índio.

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Fonte: TV CentroAmerica/ G1-MT

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