Cadê o Lula?, por ELIANE CANTANHEDE

Publicado em 27/06/2013 12:08 e atualizado em 28/06/2013 11:12
articulista da Folha de S. Paulo

 Acossados pela pressão popular, Executivo, Legislativo e Judiciário sacodem e despertam num estalar de dedos, ou em votações simbólicas, uma lista quilométrica de reivindicações adormecidas. Além do tomate, há um outro grande ausente: o ex-presidente Lula.

O Brasil está de pernas para o ar e os Poderes estão atônitos diante da maior manifestação em décadas, mas o personagem mais popular do país, famoso no mundo inteiro, praticamente não disse nada até ontem.

Confirma assim uma sábia ironia do senador e ex-petista Cristovam Buarque: "Tudo o que é bom foi Lula quem fez; o que dá errado a culpa é dos outros". Hoje, a "outra" é Dilma Rousseff, herdeira do que houve de bom e de ruim na era Lula.

Na estreia de Haddad, Lula roubou a cena e a foto, refestelado no centro da mesa, dando ordens e assumindo a vitória como sua. Nos melhores momentos de Dilma, lá está Lula exibindo a própria genialidade até na escolha da sucessora. E agora?

Haddad foi obrigado a engolir o recuo das passagens, Dilma se atrapalha, errática, sem rumo. Nessas horas, cadê o padrinho? O que ele tem a dizer ao mais de 1 milhão de pessoas que estão nas ruas e, especialmente, aos 80% que o veneram no país?

Goste-se ou não de FHC, concorde-se ou não com o que diz, ele se expõe, analisa, dá sua cota de responsabilidade para o debate. Dá a cara a tapa, digamos assim. Já Lula, como no mensalão, não sabe, não viu.

Desde o estouro das primeiras pipocas, afundou-se no sofá e dali não saiu mais, nem para ouvir a voz rouca das ruas. Recolheu-se, preservou-se, deixou o pau quebrar sem se envolver. As festas pelo aniversário do PT e pelos dez anos do partido no poder? Não se fala mais nisso.

Como marido e mulher, companheiros e partidários prometem lealdade "na alegria e na tristeza". Mas isso soa meio antiquado e Lula é pós-moderno. Deve estar se preparando para quando o Carnaval chegar.

 

Tomou Doril

Lula: sumiu

Cadê o Lula?

Por Lauro Jardim (de veja.com.br)

 

28/06/2013 - 03h35

Constituinte foi barbeiragem do governo, diz Lula a aliados

CATIA SEABRA
MÁRCIO FALCÃO
DA SUCURSAL DA FOLHA DE S. PAULO, DE BRASÍLIA

 

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamou com petistas da estratégia do governo Dilma Rousseff para dar uma resposta à onda de protestos pelo país. A aliados, Lula chamou de "barbeiragem" a articulação.

Ele queixou-se especialmente da ideia de convocação de uma constituinte exclusiva para discussão da reforma política. E, mais ainda, do recuo da iniciativa apenas um dia depois.

Para oposição, Dilma sugere reforma política para tirar governo do foco dos protestos
Maioria dos partidos da base aceita plebiscito para nortear reforma política, diz Planalto

Ainda segundo petistas, Lula criticou a decisão de consultar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), ícone da oposição, sem que governistas, entre eles o vice-presidente Michel Temer (PMDB), fossem ouvidos sobre a proposta.

Dentro do PT, a atuação dos ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Aloizio Mercadante (Educação), que auxiliam Dilma, também tem sido objeto de reparos.

  André Borges/Folhapress  
A presidente DIlma, ao lado do presidente do Senado, Renan Calheiros, recebe líderes da base aliada no Palácio do Planalto

A proposta de um plebiscito com tópicos de uma reforma política também não agrada a aliados do ex-presidente. Na avaliação de petistas ligados a Lula, a consulta é temerária: como cabe à Câmara elaborar as perguntas, nada impede que assuntos controversos como o fim da reeleição entrem no plebiscito.

Segundo um integrante da cúpula do PT, Lula chegou a telefonar para Mercadante reclamando da defesa de instalação de uma constituinte para o debate da reforma. A assessoria do Instituto Lula diz desconhecer o telefonema.

Editoria de Arte/Folhapress

Na semana passada, a presidente foi a São Paulo para consultar seu padrinho político sobre a explosão de protestos pelas ruas do país. A convocação de uma constituinte não estava na pauta.

Hoje, Lula viaja à Etiópia para lançamento de um programa de segurança alimentar na África. Interlocutores afirmam que Lula tem evitado se manifestar publicamente sobre o momento político porque, ao falar, acabaria expondo sua restrições à performance do governo.

Contrariado com a condução política, ele reserva sua opinião a público restrito, como o grupo de jovens recebido na quarta-feira, no Instituto Lula. Após ouvir representantes de movimentos jovens de esquerda, Lula disse que o governo deveria apresentar dados em defesa da administração petista.

Uma deficiência apontada por Lula na comunicação do governo está em registrar as obras de mobilidade como gastos da Copa, alimentando a ideia de que essas despesas são para a construção de estádios. Segundo ele, é necessário explicar a política de financiamento para a reforma de estádios.
Esse mesmo raciocínio foi exposto por Dilma em seu pronunciamento na TV em resposta às manifestações.

O secretário-geral da Presidência e principal nome ligado a Lula no ministério de Dilma, Gilberto Carvalho, confirmou que Lula tem ouvido os movimentos sociais.

"O presidente Lula fez uma reunião ontem [anteontem] com os jovens, que eu soube que foi muito interessante. Acho natural os partidos procurem nesse momento articular as suas bases, suas militâncias para fazer esse debate, fazer essa disputa que está dada na sociedade."

 

Governo eleva gasto com maquiagem e penteado para falas de Dilma na TV

A vaidade tem seu preço. E cada vez mais alto, por sinal, mostra a evolução dos gastos para arrumar o cabelo e maquiar a presidente Dilma Rousseff para suas aparições em rede nacional de TV.

Na sexta-feira passada, quando falou sobre as manifestações pelo país, Dilma Rousseff fez seu 14º pronunciamento desse tipo. Via Lei de Acesso à Informação, a Folha obteve os orçamentos detalhados de 12 deles.

Nos nove primeiros, preparar o visual presidencial custou R$ 400. Nos três de dezembro de 2012 a março deste ano, o governo pagou, em cada vez, R$ 3.125 -681% mais, variação de fazer corar o tomate, vilão da inflação.

Até no salão de Celso Kamura, cabeleireiro que repaginou o visual de Dilma para a campanha presidencial de 2010 e que tem entre suas clientes celebridades como a apresentadora Angélica, o serviço é mais em conta. Lá, o penteado sai por R$ 330 e a maquiagem custa R$ 350, informam as atendentes do salão. Ao todo, R$ 680.

 

da coluna Feira Livre (blog de Augusto Nunes, em veja.com.br):

‘O Pacto manco’, por Reynaldo Rocha

REYNALDO-BH

1 ─ Responsabilidade Fiscal e Controle da Inflação. Um governo que cria uma “contabilidade heterodoxa”, baseada em artifícios contábeis que são uma afronta a qualquer lógica, tem credibilidade para propor este pacto? Quem cria 39 ministérios para atender ao guichê de pagamentos, criando novos balcões para transações criminosas, é digno desta proposição? Quem usa o dinheiro dos impostos para perdoar dívidas de ditadores africanos e bancar viagens de lobby do copresidente tem força moral para falar em responsabilidade fiscal? Ou é mais um delírio de quem perdeu o juízo, a vergonha e o sentido de realidade? E o controle do surto inflacionário será feito com o Bolsa-Sofá? Com o abandono das políticas que até então deram certo, herdadas do governo FHC? Ou acreditaremos nas falas e previsões de Guido Mantega, reforçadas por raivosos discursos de Dilma? Que pacto se propõe? O do boi a caminho do matadouro, para que não reclame do destino inevitável? Dilma quer companhia para o desastre. Ou uma desculpa para transferir a terceiros o que é somente de sua (dela) responsabilidade.

2 ─ Na Saúde, a importação de 6.000 médicos cubanos (ou de brasileiros escolhidos pelo MST mais pelos aspectos de adesão ideológica do que por formação educacional) resolverá o problema? Os médicos importados iram trazer gazes, ataduras, remédios e material de exame para os postos de saúde inexistentes? São formados em alguma especialidade que não necessita de uma estrutura mínima de atendimento? Poderão fazer diagnose sem exames? Ou internações sem leitos? Serão especialistas em leitos imaginários? A mentira aqui chega às raias do crime premeditado. Qualquer atendente de farmácia sabe que um médico sem meios de exercer sua profissão/missão é apenas o espectador de uma morte anunciada. Serão 6.000 médicos especializados em fornecer atestados de óbito?

3 ─ Na Educação, a promessa de 100% dos royalties do pré-sal (hoje reduzida a 75% pelo Congresso) significa uma GOTA de recursos frente o que já existe. E mesmo assim daqui a uns 6 anos! Até lá o apadrinhamento das Universidades federais em todo o Brasil continuará. Reitores escolhidos pela docilidade aos que mandam. Professores de escolas básicas e secundárias recebendo salários de boias-frias. Livros escolhidos pelo MEC a partir de critérios esdrúxulos. Contemplando amigos e aderentes (os modess intelectuais!) ao modelo do “nós vai” ou do “a gente pesamos!”. A Educação só é valorizada por quem entende a importância dela. Um um regime (mais que governo) onde o elogio da ignorância é fonte primária de poder e onde a mentira curricular é só a continuidade da falsidade, educação é mandar crianças à escola para não aprender. Para fazer número em estatísticas oficiais. Já temos dez anos e PROUNI e da dita democratização de acesso às Universidades. Temos uma legião de formados sem emprego, qualificação ou oportunidade de trabalho nas áreas em que foram diplomados. Para o lulopetismo vale o número. Como no jogo do bicho.

4 ─ Quanto aos transportes, o que se pode dizer do trem-bala? De borracha? Na nossa testa? Ligando duas cidades que são atendidas por pote-aérea (a única do país) e por ônibus a cada meia hora. O metro de Salvador tem trilhos e trens. Existe há dez anos. E até agora zero passageiros transportados. Em Brasília, o quilômetro construído mais caro do mundo! Cada metrô construído em BSB daria para – por exemplo – construir 150 metros em Xangai! Em Belo Horizonte, uma linha! Que liga nada a lugar algum. Que pacto? Ou o governo quer cúmplices que assumam os crimes cometidos?

5 ─ Corrupção. Só pode ser a defesa do órfão assassino! O sujeito que matou a mãe e o pai que se revolta no julgamento e afirma: “Não acredito que vocês terão coragem de condenar um pobre órfão de pai e mãe!”. A corrupção tem nome, sobrenome e endereço.
Não há necessidade de nenhum pacto. E sim de cadeia! Bastaria que parassem de roubar. Para isto é preciso um entendimento nacional, suprapartidário? Ou bastaria o Código Penal? O pacto inclui o perdão anterior? Seria esta a justificativa para que gilbertinhos e mercadantes defendam a absolvição de quadrilhas já condenadas pelo STF? Que pacto se quer, prezada ventríloqua de Lula? O que exima o copresidente de responder se o menos conhecia (biblicamente ou não!) a Rose dos lençóis? A hipocrisia desconhece limites.

A esperteza se mostrou desastrosa.

Sem exageros, é como o bandido que ao roubar alguém saí rua afora aos berros de “pega ladrão”!

O que foi proposto não é pacto!

É a saída arquitetada por marqueteiros para transformar uma VERDADE expostas nas ruas em um artifício de continuidade das mentiras, promessas e desculpas nojentamente conhecidas.

Fiquem com o pacto. Manco.

A gente fica com as ruas e com o sentimento de BASTA!

(no blog de Augusto Nunes)

Fonte: Folha de S. Paulo + Veja

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