Índios e produtores rurais se enfrentam na BA; grupo é preso

Publicado em 26/08/2013 07:22 e atualizado em 26/08/2013 09:03
Grupo de índios tupinambás, armados com fuzis, circulou pelas ruas. Produtores rurais tentaram enfrentar os índios e colocaram fogo em 8 casas.

A cidade de Buerarema, a 450 Km de Salvador, voltou a viver momentos de tensão no último sábado (24). Segundo informação de moradores, um grupo de índios tupinambás, armados com fuzis, circulou pelas ruas do centro da cidade assustando a população.

Produtores rurais tentaram enfrentar os índios, mas foram impedidos pela polícia. Revoltados, os manifestantes colocaram fogo em oito casas que pertenciam aos índios. Em algumas casas, os móveis foram retirados e queimados do lado de fora. Os manifestantes ainda saquearam e depredaram uma loja porque, segundo testemunhas, o dono vendia material de construção para os índios.
De acordo com a polícia, uma agência dos correios foi depredada e a cesta do povo saqueada. Os policiais usaram spray de pimenta para dispersar os manifestantes.
Ainda durante a tarde, algumas pessoas foram presas e levadas para Itabuna, também no sul do estado, porque a população ameaçou invadir a delegacia. Homens da força nacional estão na cidade. 

Veja a reportagem na íntegra no site G1

 

Na FOLHA: Confronto entre fazendeiros e índios se agrava no sul da Bahia

Mesmo com a presença da Força Nacional de Segurança desde o início da semana passada, confrontos entre índios e produtores rurais voltaram a ocorrer anteontem em Buerarema (a 450 km de Salvador), no sul da Bahia.

Em resposta a grupos de índios tupinambás que invadiram 25 propriedades da região, fazendeiros atearam fogo a oito casas onde vivem indígenas, de acordo com a Polícia Civil. Os fazendeiros também depredaram uma agência dos Correios e saquearam um mercado local.

Segundo os índios, as propriedades estão em áreas indígenas. O cacique Val Tupinambá afirmou que as invasões são uma tentativa de pressionar o governo federal a publicar a demarcação de 47,3 mil hectares de área indígena nos municípios de Buerarema, Ilhéus e Una.

Na área, há cerca de 600 fazendas. A estimativa é que ao menos 300 índios participam das invasões.

A polícia diz que o acirramento da disputa teve início após a chegada do irmão de um cacique, que teria insuflado o grupo a "assustar" os moradores, andando com armas pelo município.

O envio da Força Nacional, no dia 18, ocorreu após a intensificação do conflito a partir do dia 15, quando dois índios foram baleados numa estrada. Eles estão internados no Hospital de Base, em Itabuna, e não correm risco. Dois dias depois, durante protesto na BR-101, fazendeiros incendiaram três veículos da Secretaria Especial de Saúde Indígena, ligada ao Ministério da Saúde.

Eles relataram que, numa das invasões, índios atiraram coquetéis molotov na mercearia de uma fazenda. Não houve feridos. No último dia 17, um fazendeiro cuja propriedade foi invadida disse à Folha que a situação na região ficaria mais tensa. "Os índios estão botando todo mundo para correr."

 

No Itapebi Acontece: Mesmo com policiamento reforçado, clima continua tenso em Buerarema

O clima de tensão continua na cidade de Buerarema, no sul baiano, com a disputa entre produtores rurais e indígenas tupinambás longe de chegar a um fim. "O clima é o mesmo de ontem, de toda a semana, de conflito iminente", diz o plantonista da Polícia Federal de Ilhéus Vinícius de Araújo.
A cidade segue com policiamento reforçado com policiais militares da Cipe Cacaueira, todo o efetivo da PF de Ilhéus e policiais da Força Nacional, que chegaram ao local no último dia 18.

"Já tem novos incêndios. São ocorrências que a gente registra todo dia, geralmente em sede de fazendas", conta Araújo.

Os produtores rurais que foram expulsos de fazendas estão acampados em frente à prefeitura da cidade porque dizem não ter para onde ir. Há boatos de que índios estariam planejando invadir a sede do poder municipal, mas a PF não confirma essa informação e diz que o policiamento está reforçado em todos os pontos importantes do município para evitar novos ataques.

Os índios intensificaram as invasões para buscar pressionar o governo federal na questão da demarcação de uma área indígena na região - são 47,3 mil hectares entre as cidades de Buerarema, Ilhéus e Una, local com mais de 500 fazendas.

No sábado, o confronto explodiu com diversos ataques a bens públicos e privados e no incêndio de 15 residências. O policiamento utilizou gás lacrimogênio e bombas de efeito moral com o objetivo de conter os atos de vandalismo.

Segundo a Polícia Civil, o estopim da crise deste sábado foi a chegada do suposto irmão do cacique da tribo, que chegou armado em Buerarema a fim de pegar combustível e teria insultado moradores da região. A provocação foi o suficiente para que a tensão na cidade alcançasse níveis jamais vistos antes.

"Buerarema está um caos, e o sentimento de revolta aqui é tão grande que várias casas comerciais já foram invadidas e depredadas, assim como bancos, a Cesta do Povo e os Correios da cidade", disse um morador do local, Cláudio da Conceição. Em entrevista para o CORREIO, o autônomo de 46 anos relatou os acontecimentos deste sábado.

"A população está concentrada em frente ao prédio da prefeitura, como forma de protesto, porque a coisa está feia. A Guarda Nacional, ao invés de nos proteger, está batendo no povo. A tensão é tão grande que está tudo fechado na cidade e agora [às 19h15] acabou de chegar um ônibus cheio da Polícia Militar de Itabuna", disse Cláudio.

 

Fonte: G1 + Folha de S. Paulo

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