Mercado de acucar: ALTA ILUSÓRIA
O mercado futuro de açúcar em NY fechou a semana em alta de 45 pontos no vencimento outubro/2013 que encerrou cotado a 16.79 centavos de dólar por libra-peso. Os demais meses também acompanharam a alta, variando positivamente entre 34 e 42 pontos, ou entre 7,50 e 9,00 dólares por tonelada. Alta ilusória, diga-se de passagem, pois foi devidamente apagada pela valorização do real. Assim sendo, se compararmos o fechamento da semana em reais em relação à sexta-feira anterior, veremos que, na ponta do lápis, o mercado fechou em queda de R$ 7 por tonelada de açúcar.
O dólar fechou a sexta-feira cotado próximo de R$ 2,3000. Foi o nível mais baixo desde 12 de agosto. Com o dólar mais fraco em relação às últimas semanas, não há dúvidas que Dilma e seus luminares vão empurrar com a barriga o necessário aumento da gasolina, enquanto a Petrobrás vai sangrando. Como paliativo, o BNDES aprovou um financiamento de R$ 1 bilhão para financiar a estocagem de etanol objetivando diminuir as oscilações de preço do combustível em períodos de entressafra. Coisa que deveria ter sido feita em 2009 e saiu só agora.
No cenário macro tem algo que pode afetar o mercado de açúcar. Dados sobre a criação de novos postos de trabalho nos EUA e a revisão do número de empregos do mês anterior mostram que a recuperação da economia americana não está tão maravilhosa como se pensava. Dessa forma, segundo alguns economistas, pode ser que o dólar já tenha batido no teto, o que deve provocar uma correção no preço das commodities. De maneira geral, as commodities subiram na semana, cacau 5%, açúcar 2.8%, petróleo 2.4%, café 1%.
Antes da desvalorização mais acentuada do real que começou no final do mês de maio, o açúcar para exportação tinha uma rentabilidade negativa em relação ao custo de produção na média de 9%, enquanto o anidro experimentava um ganho sobre o custo de produção na média de 8,4% e o hidratado, embora com prejuízo, ainda era melhor que o açúcar de exportação, com 5,2% negativo. Apostava-se então que a safra seria mais alcooleira. Em agosto, a taxa média do real foi de 2,3457, 15% acima da taxa média de maio que foi de 2,0381. Com isso, o açúcar de exportação conseguiu uma rentabilidade média de 6,2%, enquanto o anidro caía para 2,7% e o hidratado piorava ligeiramente para uma rentabilidade negativa de 5,6%. O efeito foi que as usinas voltaram a priorizar a produção de açúcar. De qualquer forma, na rentabilidade média da safra, o anidro foi o melhor retorno comparativamente aos outros produtos. Evidente que esse cálculo é linear e não reflete necessariamente o que ocorreu dentro das usinas.
A Archer divulgou para seus clientes no início desse mês sua 5ª estimativa para a safra 2013/2014. A produção foi mantida em 578.000.000 de toneladas de cana para o Centro-Sul convertidas em 33,130 milhões de toneladas de açúcar e 24,505 bilhões de litros de etanol. Embora o número de cana não tenha sofrido alteração, em função de uma menor ATR apurada reduzimos a produção de açúcar em 523 mil toneladas e a de etanol em 187 milhões de litros.
Essas mudanças de mix, alterações no dólar e menor ATR estimada, fizeram com que o modelo da Archer recalculasse o custo de produção no Centro-Sul colocando-o em R$ 34,7006 por saca posto usina elevando o custo FOB Santos para 15,47 centavos de dólar por libra-peso, uma alta em reais de pouco mais de 3.5%.
A ANP divulgou os números de consumo de combustível no Brasil no mês de julho/2013. Foram consumidos 890,5 milhões de litros de etanol hidratado e 3,462 bilhões de litros de gasolina C (que contém etanol anidro). O acumulado de 12 meses atingiu novo recorde pelo terceiro mês consecutivo: 50,58 bilhões de litros.
O mercado futuro de etanol hidratado na BM&F Bovespa apresenta posição em aberto de 3.931 contratos, volume ínfimo para as necessidades de hedge da indústria. Os preços negociados mostram retorno negativo tal qual o mercado físico do combustível. O volume de contratos negociados em base diárias não representa nem 10% do consumo diário do combustível. Sem interferência governamental e com predisposição à liberação do mercado veríamos a BM&F Bovespa multiplicar por 10 o volume atual num estalar de dedos. Mas isso só vai ocorrer no dia que houver vida inteligente no governo.
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Boa semana a todos
Arnaldo Luiz Corrêa
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