Agencia de risco financeiro Moody’s rebaixa perspectiva de rating do Brasil

Publicado em 04/10/2013 06:51 e atualizado em 04/10/2013 07:23
Baixo crescimento motivou alteração da perspectiva de 'positiva' para 'estável' + Petrobras completa 60 anos e 'ganha' rebaixamento de nota da Moody's...

Baixo crescimento motivou alteração da perspectiva de 'positiva' para 'estável'

Logotipo da agência Moody's no escritório de Nova York

Logotipo da agência Moody's no escritório de Nova York (Reuters)

A agência de classificação de risco Moody's anunciou nesta quarta-feira o rebaixamento da perspectiva de rating do Brasil de “positiva” para “estável”. A Moody’s, no entanto, manteve o rating dos títulos do governo do Brasil em Baa2.

Em junho, outra agência de classificação de risco, a Standard & Poor’s, já havia rebaixado a perspectiva para os títulos da dívida brasileira de "estável" para "negativa". Recentemente, o vice-presidente da Moody's admitiu que o país poderia ter sua perspectiva reavaliada para a pior. "O Brasil está crescendo menos do que esperávamos", analisou Mauro Leos. 

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Baixo crescimento - Segundo relatório da Moody’s, a decisão de rebaixar as perspectivas do rating do Brasil foi determinada pelo fato de que as principais métricas de crédito estão se deteriorando, especialmente da dívida pública em relação ao produto interno bruto (PIB) e das relações de investimentos em relação ao PIB.

Além disso, também pesou para a decisão da Moody's as evidências de que a economia está passando por um período de baixo crescimento prolongado, tendo em conta a expectativa de que o PIB brasileiro irá registrar crescimento de pouco mais de 2% em 2013 e 2014.

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A deterioração da qualidade dos relatórios das contas públicas, bem como os recorrentes empréstimos do Tesouro aos bancos públicos também contribuíram para a revisão da perspectiva do rating do país.

Petrobras completa 60 anos e 'ganha' rebaixamento de nota da Moody's

Classificação de risco passou de A3, considerado um grau médio alto, para uma nota de grau mediano; a perspectiva permanece negativa

Logotipo da agência Moody's no escritório de Nova York

Para agência, a expectativa é que a estatal deve continuar a ter grande fluxo de caixa negativo nos próximos anos(Reuters)

No dia em que completou 60 anos, a Petrobras recebeu um presente pouco agradável. A agência de classificação de risco Moody's rebaixou as notas de crédito da estatal de A3 para Baa1. Segundo a agência, o rebaixamento reflete a elevada alavancagem financeira da empresa - que é o grau de endividamento em relação ao dinheiro em caixa. A Moody's cita também a expectativa de que a empresa deverá continuar a ter grande fluxo de caixa negativo nos próximos anos, à medida que conduz seu programa de investimentos para explorar a camada pré-sal. A perspectiva para a nota permanece negativa.

O rating Baa1 é considerado de grau médio, ainda na escala de grau de investimento, enquanto o anterior, o A3, é grau médio alto. "Nós vemos a alavancagem da Petrobras em níveis próximos ao pico em 2013 e 2014, significativamente mais altos do que aqueles de seus pares da indústria, e provavelmente apenas vai declinar de 2015 em diante", afirma Thomas Coleman, vice-presidente sênior da Moody's, em nota divulgada na noite desta quinta. "A execução bem-sucedida de seu ambicioso programa de investimento e a entrega das agressivas metas de produção serão chave para reduzir a alavancagem nos próximos anos e para estabilizar a perspectiva do rating", acrescenta.

A Moody's ressalta que, com o maior programa de investimentos entre seus pares, os gastos da Petrobras em 2013 poderiam ser quase o dobro do fluxo de caixa gerado internamente. "A dívida total da companhia aumentou no primeiro semestre de 2013 em 16,3 bilhões de dólares, ou 8,3 bilhões de dólares pela quantia líquida de caixa e títulos negociáveis, e deverá aumentar novamente em 2014, com base em uma perspectiva negativa para o fluxo de caixa ao longo de 2014 e em 2015", diz a agência.

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O rebaixamento de ratings da Petrobras pela Moody's ocorre logo após o anúncio feito pela agência de classificação de risco de manter a nota dos títulos de dívida do Brasil em Baa2, masrebaixar as perspectivas para o rating, de positiva para estável.

NO ESTADÃO:

A indústria emperrada

03 de outubro de 2013 | 2h 16
O Estado de S.Paulo

Más notícias da indústria confirmam as previsões de uma nova fase ruim para a economia nacional, depois de uma forte reação no segundo trimestre, quando a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) foi puxada principalmente pela agropecuária. A produção industrial ficou estável em agosto - crescimento zero - depois de uma queda de 2,4% na passagem de junho para julho, segundo informou ontem o IBGE. Principal fonte de dinamismo e de bons empregos por longo tempo, o setor industrial mantém-se estagnado há quase três anos, pressionado por custos crescentes e exposto a uma concorrência internacional cada vez mais dura.

 

Medidas protecionistas impostas pelo governo foram insuficientes, mesmo com a depreciação cambial, para compensar a perda de competitividade dos produtores brasileiros, como comprovou, mais uma vez, a balança comercial do mês passado.

Em setembro a receita de exportações de manufaturados foi 11% menor que a de um ano antes, pela média dos dias úteis. A de semimanufaturados, 8,2% inferior à de setembro de 2012. Enquanto isso, produtos importados continuaram entrando no mercado nacional sem obstáculos impostos pelos concorrentes locais.

O resultado de agosto foi determinado basicamente pela queda de 0,6% na produção de bens de consumo, o componente de maior peso no conjunto, quando se considera a forma de uso de cada categoria de produtos. A fabricação de bens de capital, isto é, de máquinas e equipamentos, aumentou 2,6%, mas esse resultado ficou longe de compensar a queda de 4,7% ocorrida em julho. Também o aumento de 0,6% no setor de bens intermediários foi insuficiente para neutralizar a perda de 1,8% acumulada nos três meses anteriores.

A melhor notícia, de toda forma, parece estar no setor de bens de capital. A produção em agosto foi 11,8% maior que a de um ano antes e o aumento acumulado em 12 meses chegou a 4,6%, enquanto o crescimento geral da indústria ficou em 0,7%. Só uma expansão muito ampla nos quatro meses seguintes poderia proporcionar para toda a indústria um resultado acima de medíocre em 2013.

Ministros da área econômica têm insistido, no entanto, em chamar a atenção para a produção de bens de capital, isto é, de bens destinados a ampliar e a fortalecer a capacidade produtiva do País. A reativação da economia, tem repetido o ministro da Fazenda, Guido Mantega, vem sendo gerada pela expansão do investimento em máquinas, equipamentos, instalações e infraestrutura. Os números do IBGE parecem dar-lhe alguma razão, pelo menos à primeira vista. Mas o quadro fica menos entusiasmante quando se decompõem os números e se examinam os detalhes.

No bimestre julho-agosto deste ano, a produção de bens de capital foi 12,4% superior à de igual período de 2012, mas essa variação mal chega a compensar a queda observada nos dois meses correspondentes de 2012. Em todo o ano passado, é importante lembrar, o resultado foi 11,8% inferior ao de 2011. Poucos segmentos da indústria de bens de produção têm exibido de fato um desempenho suficiente para caracterizar uma expansão de longo prazo.

Uma dessas exceções é o setor de bens de capital para a agricultura, com produção, em julho-agosto, 31,4% superior à do período correspondente de 2012. No acumulado do ano, também a fabricação de caminhões avançou com firmeza, puxada em grande parte pela demanda do setor agrícola.

É cedo para falar de ampla recuperação do investimento empresarial. Os dirigentes de empresas precisarão de novos sinais positivos para se envolver em projetos mais amplos de renovação e ampliação da capacidade produtiva de suas empresas. Os sinais animadores dependerão principalmente do governo. Se as autoridades conseguirem desemperrar os investimentos em infraestrutura, o setor privado terá uma boa indicação para assumir novos riscos. Melhor, ainda, se o governo exibir disposição de gastar com mais austeridade e mais eficiência, mesmo em fase de eleição.

(editorial publicado 5a. feira).

 

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Fonte:
veja.com.br + Estadão

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