Ucrânia: Putin ordena retorno de tropas russas que fizeram exercício militar

Publicado em 04/03/2014 10:51
Serviço de segurança ucraniano, porém, nega que soldados na fronteira tenham iniciado retirada. Rússia diz que decisão não tem a ver com crise na Ucrânia (na veja.com.br)

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou o retorno aos quartéis de 150.000 soldados que haviam sido deslocados na quarta-feira passada para exercícios militares no centro e oeste do país, perto da fronteira ucraniana, informou o Kremlin nesta terça-feira. O porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, declarou que o chefe de Estado emitiu a ordem depois de receber um relatório do comando militar sobre o sucesso das manobras. A Rússia negou que adecisão tenha a ver com a crise na Ucrânia.

Uma fonte do Serviço de Segurança de Fronteiras ucraniano, porém, declarou à rede americana CNN que as tropas e veículos militares permaneceram estacionados perto de cinco cidades da Ucrânia: Chernihiv, Sumy, Kharkiv, Luhansk e Donetsk. Putin assistiu nesta segunda à fase final dos exercícios militares no polígono de Kirilovski, na região de Leningrado, no noroeste do país. Estava previsto, durante os exercícios, o lançamento de forças aerotransportadas na retaguarda "inimiga", o que foi cancelado pelas condições meteorológicas. "Correto, não se deve correr riscos', disse Putin, citado pela agência 'Interfax', após ser informado pelo comando militar sobre o cancelamento do desembarque aéreo.

 

Putin, sobre a Ucrânia: 'Uso da força não está descartado'

Presidente russo concedeu coletiva sobre a situação no país vizinho nesta terça. Afirmou que governo interino do país é resultado de um golpe

No dia em que ordenou o retorno aos quartéis de 150.000 soldados que haviam sido deslocados na quarta-feira passada para exercícios militares perto da fronteira ucraniana, o presidente russo Vladimir Putin concedeu uma entrevista coletiva em Moscou. E afirmou que o governo interino da Ucrânia é resultado de um golpe. O chefe do Kremlin voltou a dizer que o presidente deposto Viktor Yanukovich é o líder legítimo da nação. Disse ainda que, por ora, não há necessidade de enviar tropas para a Ucrânia – mas não excluiu a possibilidade de fazê-lo. O presidente russo afirmou que se reserva o direito de utilizar quaisquer recursos para proteger os cidadãos ucranianos. Segundo ele, o uso da força não está descartado como “último recurso”.

"No que se refere ao envio de tropas, isso não é necessário no momento, mas a possibilidade existe", afirmou. Putin aproveitou a entrevista concedida nesta terça-feira para fazer duras críticas ao presidente interino da Ucrânia, Oleksander Turchinov. Segundo ele, a ação dos militantes mergulhou o país no caos. Afirmou, ainda, que o Parlamento ucraniano é “parte legítimo”, mas aquele que age como presidente do país não é.

Em defesa de Yanukovich, acusado de comandar o banho de sangue na capital Kiev, Putin afirmou que não partiu do ex-presidente a ordem para atirar contra os manifestantes. Yanukovich deixou Kiev quando a tensão na capital atingiu o ponto mais alto em três meses de protestos contra seu governo, com cerca de 100 mortos em confrontos entre manifestantes e policiais.

Em novembro, Yanukovich abriu mão de um acordo de livre-comércio com a União Europeia e optou por se aproximar do Kremlin, recebendo apoio financeiro dos cofres da Rússia. Para os ucranianos, ao dar as costas para o bloco europeu, ele desperdiçou a oportunidade de tornar a Ucrânia uma nação de fato independente, transparente e democrática.

Um dia depois da assinatura do acordo, no entanto, Yanukovich fugiu do país e o Parlamento o destituiu. Na sequência, um mandado de prisão foi emitido contra o ex-presidente, que passou a ser considerado foragido. Um governo interino foi formado pelas lideranças políticas dos protestos. Mas a situação está longe da estabilidade, com a região autônoma da Crimeia – por onde Yanukovich passou antes de ir para Rostov – transformando-se no principal palco de disputa em um país dividido entre a população pró-Europa e pró-Rússia.

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Sobre o envio de tropas para a Crimeia, Putin afirmou que a Ucrânia é um vizinho fraterno da Rússia - e que as tropas de lá têm muito em comum. Ele também disse que as forças russas não dispararam um tiro desde que cruzaram a fronteira para Crimeia.

Putin chega a região perto de Leningrado para acompanhar manobras militares (Reuters/Ria Novosti)

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Na semana passada, o presidente russo ordenou que as unidades militares no oeste e no centro de país entrassem em estado de alerta, inclusive em áreas próximas da Ucrânia, para verificar sua disposição de combate. O ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoygu, negou então que o surpreendente alerta emitido para essas unidades militares estivesse relacionado com a situação no país vizinho, especialmente ao envio de homens para a Crimeia, república autônoma que faz parte da Ucrânia de onde a Rússia já ressaltou que só sai após "normalização da situação política"

Além dos 150.000 militares, 90 aviões, 120 helicópteros, 80 blindados, 1.200 peças de artilharia e 80 navios participaram das manobras, as maiores feitas na Rússia desde o fim da União Soviética em 1991.

Gazprom anuncia que vai aumentar preço do gás para Ucrânia

Gigante energética russa diz que novo regime de Kiev não está honrando pagamentos

O primeiro-ministro da Rússia, Dmitri Medvedev, se reúne com o presidente da Gazprom, Alexei Miller (AFP)

O presidente da gigante de energia russa Gazprom, Alexei Miller, disse nesta terça-feira que, a partir de abril, deixará de vender gás à Ucrânia com desconto, uma ação que deve criar ainda mais dificuldades financeiras para as novas autoridades de Kiev. Os russos dizem que a decisão é "justa", já que os ucranianos não estão conseguindo quitar suas dívidas. 

“Nestas condições, quando a Ucrânia não cumpre as suas obrigações, não cumpre os acordos que se alcançaram com a concessão de um desconto como parte de um contrato, a Gazprom decidiu não continuar a conceder este desconto a partir do próximo mês”, disse Miller, citado por agências de notícias russas.

A empresa estatal russa Gazprom já havia informado no sábado que a Ucrânia tem uma "grande" dívida de gás de 1,55 bilhão de dólares com a Rússia. Mais de 50% do gás consumido na Ucrânia vem da Rússia. Essa é a primeira que a Rússia usa diretamente sua posição como fornecedora de energia para pressionar o novo governo ucraniano.

No ano passado, a Naftogaz, a companhia ucraniana de gás, havia comprado 13 bilhões de metros cúbicos de gás a uma taxa de 400 dólares por 1.000 metros cúbicos. Em dezembro, ainda durante a Presidência do presidente destituído Viktor Yanukovich, a taxa foi reduzidapara 268,5 dólares como parte de um gesto do Kremlin para atrair a Ucrânia ainda mais para sua órbita. À época, o país já enfrentava intensos protestos por causa da decisão de Yanukovich de não assinar um acordo de aproximação com a União Europeia e preferir barganhar com os russos. O mesmo pacote de bondades do Kremlin também incluía um empréstimo de 15 bilhões de dólares – até o momento 3 bilhões foram enviados. 

Agora, segundo a Gazprom, as novas autoridades de Kiev, que rejeitam qualquer aproximação com os russos, não estão nem conseguindo pagar o gás com esse desconto substancial. Por outro lado, Alexei Miller sinalizou que a Gazprom pode oferecer um empréstimo de 2 a 3 bilhões de dólares para que a Ucrânia pague sua dívida. Ele não divulgou quais seriam as condições para esse possível empréstimo. 

Ajuda – Em meio ao cenário de crescentes dificuldades econômicas da Ucrânia, os Estados Unidos anunciaram que vão oferecer 1 bilhão de dólares ao país no âmbito de um empréstimo internacional. O anúncio foi feito nesta terça-feira, logo após a chegada a Kiev do secretário americano de Estado, John Kerry, que vai se reunir com as autoridades do governo provisório. 

(Com agência EFE)

Fonte: veja.com.br

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