ESTADÃO: Polícia prende quadrilha que fraudava exportações de soja em Santos
Um esquema de adulteração de cargas de soja destinada à exportação pelo porto de Santos, que funcionava há meses no Estado de São Paulo, foi desmontado pela Polícia Civil, após a apreensão de três caminhões no porto de Santos e três em Salto Grande, no interior paulista.
Quatro envolvidos foram presas e outros três - donos de empresas compradoras e revendedores de grãos em Santos, Ourinhos e Assis tiveram a prisão pedida pelo delegado João Beffa, da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Ourinhos (SP).Os caminhões, que deveriam estar carregados com 200 toneladas de soja, mas 80% do volume era de milho e trigo de má qualidade.
O caso era investigado há seis meses e segundo a polícia a quadrilha pode ter desviado milhares de toneladas de soja no período. "Pelo menos 13 caminhões tiveram de retornar do porto de Santos nos últimos dias porque a carga não foi aceita", contou o delegado. "Infelizmente os carregamentos não foram apreendidos", lamentou.
Na tarde de quinta-feira, 6, o delegado decidiu dar o flagrante em uma operação realizada num posto na rodovia Raposo Tavares (SP-270), onde três caminhões aguardavam para seguir viagem a Santos.
"Quando abrimos os carregamentos, constatamos que apenas 20% da carga, que ficava por cima, era soja. O restante, embaixo, era milho e trigo de má qualidade, sem preço de mercado", contou.
"Sabemos que eles colocam outras coisas para fraudar a carga de exportação", completou o delegado. Com os motoristas e um batedor foram apreendidos uma arma, munições e R$ 49,5 mil em dinheiro, que seriam usados para corromper funcionários do porto, como o conferente, que recebia R$ 1.500,00 para liberar a carga, informou a polícia.
"Empresários, donos de empresas de grãos, caminhoneiros, funcionários do porto de Santos, todos eles, recebiam vantagens econômicas", disse o delegado. Na sexta-feira, foi a vez da polícia de Santos apreender outros três caminhões com carga semelhante.
De acordo comBeffa, o esquema não é restrito apenas ao interior de São Paulo. "Estamos recebendo ligações de diversos cantos do Brasil denunciando a adulteração. Uma das ligações informou até que soja queimada em um silo que pegou fogo está sendo usada no golpe", contou.
Segundo o delegado, a adulteração ocorre há muito tempo e afeta a imagem dos exportadores brasileiros. "Estamos investigando há seis meses, mas temos informações seguras que este crime ocorre há mais tempo", afirmou. O delegado suspeita que a adulteração também ocorra com outros produtos exportados pelo mesmo porto.
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