ESTADÃO: Diminuição da safra no Brasil e no Paraguai desmente safra recorde do USDA

Publicado em 12/03/2014 05:44
O risco climático, portanto, afeta não apenas os preços da energia elétrica, que alcançaram os maiores patamares históricos no País, mas também os preços da soja.

O mundo deverá registrar neste ano uma safra recorde de grãos, com expressivo aumento também nas importações e exportações, no consumo total e nos estoques finais, previu o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda), com base no Relatório de Estimativas Mundiais de Oferta e Demanda Agrícola relativo a março.

No Brasil, a safra de grãos também será recorde, mas os problemas climáticos reduziram de 90 milhões para 88,5 milhões de toneladas a previsão da produção de soja, provocando oscilação nos preços domésticos. Há um descompasso entre a oferta global em alta e os preços internos, ajudando a influenciar o Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI), que subiu 0,85% em fevereiro. 

Entre fevereiro e março, a produção global de milho foi revista de 966,63 milhões para 967,43 milhões de toneladas e os estoques deverão subir em proporção ligeiramente maior. A produção global de soja deverá cair de 287,69 milhões de toneladas, estimada em fevereiro, para 285,43 milhões, reestimados neste mês. A diminuição da safra no Brasil e no Paraguai é a maior responsável pelo recuo das estimativas.

O Brasil exportou US$ 29,6 bilhões de soja em grão e em farelo em 2013 - ou 12,2% das exportações totais -, o que confere à commodity uma participação importante na balança comercial. Os preços da soja caíram mais no mercado global (-6,3%, neste ano) do que no mercado interno (-1,84%, no primeiro bimestre). Ou seja, a seca dificultou uma queda mais expressiva das cotações da soja.

O risco climático, portanto, afeta não apenas os preços da energia elétrica, que alcançaram os maiores patamares históricos no País, mas também os preços da soja. O Brasil é o segundo produtor mundial do grão, abaixo apenas dos Estados Unidos - e segundo produtor por pequena margem, pois se previa que ocuparia o primeiro lugar, não fosse a estiagem.

Em razão do destaque do Brasil como produtor de grãos, a frustração da safra brasileira ajudará a manter "as cotações internacionais de grãos em patamares mais elevados nos próximos meses", segundo o boletim econômico diário do Bradesco, de ontem.

Os recordes na produção global de grãos, notadamente de soja, de milho e de trigo poderiam ser extremamente benéficos para evitar um aumento maior da inflação no Brasil. Mas as condições climáticas não estão ajudando.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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