Estadão: Candidatos acirram disputa pelo voto do agronegócio

Publicado em 01/05/2014 05:03
por MARCELO DE MORAES


Na temporada de caça aos eleitores, os candidatos à Presidência da República apontam suas baterias para o agronégocio, setor estratégico em qualquer campanha nacional. E os representantes da oposição parecem estar conseguindo se mover melhor entre os representantes do setor do que fez até agora a presidente Dilma Rousseff.
Nessa quarta-feira, isso ficou claro com o discurso adotado pelo senador mineiro Aécio Neves (PSDB) ao participar da Agrishow, em Ribeirão Preto, em São Paulo. Aproveitando que Dilma acabou não podendo estar presente ao evento, Aécio não só esteve no local como se autointitulou “candidato do agronegócio”.
Para Aécio, ganhar eleitores do setor no interior de São Paulo é mais do que estratégico. É vital para que sua candidatura presidencial se mantenha competitiva. O mineiro tenta atrair os eleitores do interior paulista, que têm votado na sua maioria no PSDB, mas terão, pela primeira vez, um candidato nacional de fora do Estado. Além de se apresentar para esse eleitor, Aécio está tentando fazer o discurso que o setor deseja ouvir, afinal o interior paulista concentra grande parte do chamado eleitorado do agronegócio.
O ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) também tem corrido o interior do País atrás desses votos. No caso específico dele, se carrega a novidade de ser um novo nome na disputa presidencial, traz também a resistência que o setor do agronegócio tem a sua vice, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva. Não é segredo para ninguém que Marina enfrentou divergências famosas com o setor por conta de suas posições à frente do Ministério, especialmente nas questões de combate ao desmatamento, código florestal e adoção de transgênicos.
Campos não pretende desautorizar a posição de defesa ambiental de Marina. celebrada até no exterior por conta disso. O que ele vem tentando explicar é que seu eventual governo vai apoiar e incentivar o desenvolvimento do agronegócio. Por conta disso, esteve no Paraná e interior de São Paulo e vai investir em outras áreas importantes de plantio, inclusive no Nordeste, além de passar pela Expozebu, em Uberaba, para tentar passar essa mensagem.
Do lado do governo, Dilma não conseguiu ir na Agrishow e acabou vendo seu governo ser criticado pelo presidente da Agrishow, Maurilio Biagi, até pouco tempo atrás um nome que vinha sendo apontado como possível candidato a vice na chapa encabeçada pelo petista Alexandre Padilha para o governo de São Paulo.
Apesar disso, Dilma tem alguns trunfos. Estará na Expozebu também, mas tem procurado sinalizar para os produtores do País com a liberação de financiamentos e também com maciça distribuição de máquinas, extremamente valiosas para cidades pequenas do interior.
Além disso, a presidente tem buscado apoio de representantes importantes do setor, como a senadora Katia Abreu (PMDB-TO), presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), e do senador Blairo Maggi (PR-MT), entre outros.
A guerra pelo voto do agronegócio deve ser mais acirrada nos Estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Nas últimas eleições, a maior parte desses locais se alinhou com os candidatos do PSDB. Por causa disso, o governo pode ampliar o investimento de sua campanha nessas áreas, atrás de votos importantes.

Aécio se autointitula 'candidato do agronegócio'  em visita ao Agrishow de Rib. Preto

Declaração do pré-candidato do PSDB ao Planalto ocorre após uma série de críticas de líderes do segmento ao governo federal

O senador e presidente nacional do PSDB, Aécio Neves (MG), pré-candidato a presidente da República, disse nesta quarta-feira, 30, ao chegar à Agrishow, em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, que se autointitula "o candidato do agronegócio". A declaração ocorre após uma série de críticas de líderes do setor ao governo federal e à presidente Dilma Rousseff (PT), pré-candidata à reeleição, e da cobrança de projetos efetivos por parte dos candidatos à sucessão.

Aécio defendeu a importância do setor para o crescimento do país - Pedro Venceslau/Estadão
Pedro Venceslau/Estadão
Aécio defendeu a importância do setor para o crescimento do país

 

"Eu tenho muito orgulho de me intitular o candidato do agronegócio, o agronegócio produtivo que gera renda, empregos, divisas ao Brasil", disse Aécio, que foi aplaudido por vários líderes do setor ao chegar à feira em Ribeirão Preto. De acordo com o senador, a Agrishow é um retrato do País "que dá certo, do Brasil que empreende, que sustenta outros setores".

Na avaliação de Aécio, o Brasil, mesmo com indicadores extremamente baixos, ainda cresce com vigor do agronegócio. O tucano repetiu que os setores agrícola e pecuário no Brasil são extremamente eficientes da porteira para dentro, mas sofrem com os problemas logísticos, além da tributação e do seguro rural "ineficiente".

Ele defendeu a execução de uma política externa mais ousada que abra novos mercados. O presidenciável citou ainda a crise no setor produtivo de açúcar e etanol, o qual, segundo ele, foi "desmontado" pelo atual governo, com o fechamento de dezenas de usinas.

Por fim, Aécio ironizou a ausência de Dilma na Agrishow - ela esteve apenas como pré-candidata em 2010 - e prometeu que, se eventualmente for eleito presidente, estará na feira todos os anos. A ironia se estendeu ainda à provável ida de Dilma no sábado à Expozebu, em Uberaba, Minas Gerais, Estado que foi governado por Aécio. "Desde que se apresentou como pré-candidata ela voltou a ir a Minas e lá será bem recebida com a hospitalidade tradicional", concluiu. 

Na FOLHA: 

Aécio diz que PT não tem política agrícola e cria travas ao setor

Em feira de Ribeirão Preto, tucano afirma ser o 'candidato do agronegócio' e que governo comete 'crime' contra o etanol

Senador voltou a dizer que não teme enfrentar Lula nas urnas caso Dilma desista de se lançar à reeleição

ISABELA PALHARESDE RIBEIRÃO PRETO

Reivindicando a posição de "candidato do agronegócio" o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que deve concorrer à Presidência da República, disse ontem que o governo federal não tem uma política de incentivo à agricultura.

Ao participar da Agrishow, principal feira de tecnologia agrícola do país, que acontece em Ribeirão Preto, o tucano elogiou a inovação e a eficiência do produtor nacional.

No entanto, criticou os obstáculos criados pelo poder público que impedem um crescimento ainda maior do setor do agronegócio.

"Da porteira para dentro [da propriedade rural] vai bem, o problema é da porteira para fora, onde o agricultor é obrigado a lidar com uma série de deficiências, de logística, inflação, alta carga tributária", disse.

Aécio afirmou ainda que a política econômica do governo federal, que inclui o controle do preço da gasolina, tem sido um "crime" contra o etanol brasileiro, que perde competitividade pela interferência estatal.

"O fracasso do setor [sucroalcooleiro] não corresponde ao esforço e talento dos produtores e do avanço das fronteiras tecnológicas. Nós precisamos de uma linha de crédito que funcione, uma política clara e transparente de preços [dos combustíveis] e garantia de estímulos para quem venha empreender", afirmou Aécio.

Sobre o movimento "Volta, Lula" --liderado por aliados críticos da gestão da presidente Dilma Rousseff-- o tucano se disse "indiferente" em relação ao candidato do PT nas próximas eleições.

Aécio sugeriu que, se a presidente não for candidata à reeleição, estará assumindo o fracasso de seu governo.

"Você só deixa de disputar a reeleição por dois motivos: morte ou fracasso. Não há uma terceira alternativa justificável. Seja qual for [o candidato], nós temos condições de vencer."

PETROBRAS

Sobre as declarações da presidente da Petrobras, Graça Foster, que falou ontem na Comissão de Fiscalização e Minas e Energia da Câmara, disse que o "governo não se entendeu até hoje".

Na abertura de seu novo depoimento no Congresso, sobre a compra da refinaria de Pasadena (EUA), a presidente da Petrobras suavizou seu discurso anterior ao Senado há 15 dias sobre a aquisição e sustentou que por dois anos o negócio poderia ser considerado "potencialmente bom".

"Queremos saber quem estava com a razão, porque o governo não se entendeu até hoje. Um dia disse que era bom, no outro disse que era ruim", afirmou.

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Fonte:
O Estado de S. Paulo + Folha

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