Estadão: Ibovespa cai com rumores eleitorais de melhora de Dilma em pesquisas e piora em NY

Publicado em 20/05/2014 21:21 e atualizado em 21/05/2014 08:07
Bovespa cedeu 1,85%, para 52.366,19 pontos; pesou no desempenho negativo boato de melhora de Dilma em pesquisa de intenção de voto a ser divulgada

A Bovespa terminou em forte queda nesta terça-feira, 20, pela segunda sessão seguida, pressionada por especulações sobre pesquisas eleitorais que serão anunciadas nesta semana e pelo declínio das bolsas dos EUA.

No fim da sessão, a Bovespa caiu 1,85%, para 52.366,19 pontos. Na mínima do dia, a bolsa atingiu 52.313 pontos (-1,95%) e, na máxima, registrou 53.843 pontos (+0,92%). No ano, o Ibovespa acumula alta de 1,67% e no mês, avanço de 1,43%. O volume de negócios totalizou R$ 7,342 bilhões, segundo dados preliminares.

A Bovespa ensaiou uma recuperação na primeira parte da sessão, recebendo suporte das ações da Petrobras e do setor financeiro. Mas a piora dos mercados acionários dos EUA à tarde, desencadeada por um discurso de um dos membros do Federal Reserve (Fed), fez com que a bolsa zerasse os ganhos e batesse mínimas na sessão.

Segundo um operador, a fala do presidente do Federal Reserve da Filadélfia, Charles Plosser, pesou nos sentimento dos investidores. Ele alertou que o aumento dos juros pode ocorrer "mais cedo do que mais tarde". Plosser falou antes do presidente do Fed de Nova York, William Dudley, que, diferentemente de seu antecessor, afirmou que o momento da primeira elevação de juros dependerá da economia e que ele prevê algum tempo entre fim dos estímulos e elevação de juros.

Mais tarde, a Bovespa acelerou as perdas e renovou mínimas na sessão, em reação a rumores sobre o resultado de pesquisas de intenção de voto. Uma fonte informou que o mercado está vendendo papéis em cima de especulações sobre os levantamentos do Vox Populi na Região Centro-Oeste, cuja coleta termina hoje, e do Ibope, em território nacional, na quinta-feira. O boato é que, no Ibope, Dilma teria melhorado nas intenções de voto, mas Aécio Neves também teria conquistado mais eleitores. Mesmo com o avanço ''emparelhado'', o mercado, que estava montando posições prevendo uma piora de Dilma no Ibope, passou a se desfazer dos papéis.

As ações da Petrobras, que chegaram a subir acima de 2% mais cedo, terminaram o pregão com quedas de 3,51% (ON) e 3,57% (PN). Os papéis da mineradora Vale acentuaram as perdas registradas desde o início do dia, devido à queda dos preços do minério de ferro no mercado internacional. Vale ON (-2,07%) e Vale PNA (-2,29%). No setor financeiro, os bancos também registraram perdas acentuadas. Banco do Brasil declinou 0,34%, Bradesco PN caiu 1,80% e Itaú Unibanco recuou 1,77%. 

Dilma animada, Bolsa bolada

A queda de 1,85% da Bovespa hoje mostra que uma vitória da oposição na eleição de outubro já está mais do que precificada pelo mercado — pelo menos, como diria a Presidente, “no que se refere” ao curto prazo.

Desde que a Bolsa bateu nas mínimas em meados de março, o Ibovespa subiu cerca de 21%. Dois fatores contribuíram para a alta: a maioria dos mercados emergentes subiu no período, levando o Brasil junto, e a Presidente Dilma começou a fraquejar nas pesquisas.

De lá pra cá, de acordo com dados do Credit Suisse, os investidores internacionais entraram com R$ 7 bilhões na Bolsa brasileira, enquanto os investidores locais ficaram parados.

Hoje, quando Ricardo Noblat noticiou que uma pesquisa no fim de semana mostrará que Dilma “parou de cair” e talvez “recupere alguns pontinhos”, foi a senha para quem ganhou com a alta recente botar a grana no bolso e a viola no saco.

Lá fora, as bolsas estão nas máximas históricas ou perto delas, e a chamada volatilidade (uma medida de risco) está nas mínimas.  Nessas ocasiões, é bom o investidor ficar perto da porta de saída — ou pelo menos comprar um seguro.

“O macro está muito preponderante”, diz um gestor com uma boa quilometragem. “Está todo mundo olhando primeiro a eleição, depois a economia, e só por último os fundamentos das empresas”.

Tradução: A estabilização do quadro político e os dois meses de alta nas bolsas mundiais sugerem que o mercado (aqui e lá fora) tem boas chances de continuar caindo nos próximos dias.

Por Geraldo Samor

Fonte: O Estado de S. Paulo + VEJA

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