Mensagem do novo presidente da Aprosoja BR: o foco é na logística...

Publicado em 02/06/2014 05:39 e atualizado em 04/06/2014 04:05
No seu artigo "Grandes conquistas, desafios ainda maiores", Almir Dalpasquale, novo presidente da Aprosoja Brasil destaca o rumo da nova diretoria. Além da logística, Almir pede apoio aos deputados da Frente Parlamentar da Agropecuária.

A Aprosoja Brasil tem nova liderança.  Hoje já somos 12 Aprosojas estaduais. Representamos mais de 90% da área plantada com soja do Brasil - o que equivale a dizer que esses homens representam a principal cultura agrícola de nosso País. Com a renovação, estamos consolidando a Aprosoja como modelo de representação dos sojicultores. A nova diretoria, a qual tenho a honra de conduzir,  tomou posse  neste mes de maio disposta a fazer concessões e sacrifícios pessoais unicamente em defesa dos interesses de todos produtores de soja.

E como são vários os entraves e problemas que temos enfrentado, todos os dias, é preciso priorizar.

Por isso, o foco desta gestão será a logística, item número um da pauta de reivindicação do agronegócio.

Claro que não poderemos deixar de lado outros assuntos que impactam diretamente a nossa atividade --  como a falta de registro de novos produtos fitossanitários, além da questão ambiental e indígena. Mas a falta de estruturas de logística é crucial para o nosso negócio e para o País. Portos que trabalham no limite da capacidade operacional, uma matriz de transporte desajustada, rodovias transportando mais da metade das cargas (e em situação caótica), enquanto as ferrovias e hidrovias, além de insuficientes, trabalham muito aquém da eficiência desejada.

A solução definitiva para o "nó da logística" brasileira depende de um compromisso não só do governo, mas de todo o Estado -- e isso ainda está pendente.

Sabemos que para atacar um problema, precisamos primeiro ter um diagnóstico preciso.  Sabemos que para eregir uma nova infraestrutura logística no Brasil é preciso um ato de heroísmo de todos. Não só pelo grande desafio de modernizar a estrutura e de custos, mas principalemnte para superar outras barreiras igualmente difíceis de transpor, como as conquistas das licenças ambientais e as permissões dos povos indígenas, de utilização de seus territórios (autorizações estas que, parecem, não saem nunca). E quando finalmente saem, as planilhas de custos, prazos e condições previstas nas concessões já estão desatualizadas. Um ciclo desesperador para a produção agrícola.

Temos que resolver isso uma vez por todas, com seriedade, consciência ambiental e respeito aos povos indígenas, mas também tornando os prazos de liberação da obra exequíveis. Se este cenário não mudar, o Brasil nunca terá uma logística que espelhe a grandeza do seu agronegócio.

MOMENTO POLÍTICO

Como presidente da Aprosoja Mato Grosso do Sul durante duas gestões, desde sua fundação em 2007 até 2013, vivi na pele as dificuldades de se trabalhar dependendo do governo nos ouvir e atender nossos pleitos. Porém, temos uma conjuntura favorável, um momento de aproximação com a eleição, e nunca o setor produtivo foi tão ouvido, seja pelo governo, seja pelos presidenciáveis.

É claro que isto tem a ver com o fato de mantermos o país crescendo. O agronegócio mantém um ritmo de quebra de recordes, e mais do que somar 24% do PIB nacional, contribui para equilibrar as contas públicas com reservas cambiais e superávit na balança comercial, Do contrário o Brasil já estaria em recessão. Um dos pilares desta sustentação é a soja, hoje o principal produto exportado pelo Brasil, somando 1/3 das exportações e 7% do PIB do agronegócio, mas que além da importância econômica, é responsável pelo surgimento, crescimento e sustentação de 1.831 municípios brasileiros.

Aqui temos de fazer nossa homenagem à Frente Parlamentar da Agropecuária -- a FPA --, que tem desempenhado papel fundamental na manutenção da segurança jurídica para os produtores rurais de todo país. Com grandes batalhas no Congresso Nacional garantiram a edição de um Novo Código Florestal, equilibrado e moderno, que permite a sustentabilidade da atividade agropecuária, além de manterem aberto o caminho para o diálogo e soluções de problemas crônicos -- como a questão indígena e trabalhista.

Por isso, temos que saber nos articular. Faço aqui meu apelo a todos os produtores para se envolverem neste luta, pois quando eu digo que é preciso  nos articularmos digo que, primeiramente, temos de fazer escolhas políticas acertadas. Já dizia o sábio historiador inglês Arnold Toynbee, “O pior castigo para quem não gosta de política, é ser governado pelos que gostam”. Logo, cada produtor em seu Estado precisa contribuir, identificar seus legítimos defensores para garantir que eles se elejam em outubro. Estes parlamentares seguirão por quatro anos no Congresso e precisam ser apoiados e subsidiados de informações e demandas. Por isso, não basta contribuir para que sejam eleitos, mas firmar compromissos, cobrar e estar junto deles nos momentos de decisões.

Cheguei ao assunto eleição porque os produtores rurais precisam assumir papel de destaque, não só nos rumos da economia deste país, mas principalmente na política que definirá o nosso futuro. Como destaquei no início, hoje ainda não temos uma política de estado para a agropecuária brasileira como tem os Estados Unidos. Naquele país, foi construída uma lei agrícola isenta de governos e partidos políticos, que norteia e dá estabilidade para que todos possam construir negócios e contratos sabendo que as regras do jogo não mudarão amanhã e por tudo a perder.

APOIO DA CNA E DO MAPA

Nós, da Aprosoja, junto às nossas entidades parceiras, firmamos compromisso de trabalhar para melhorar a qualidade da produção. E não podemos deixar de lembrar da importância da CNA e da senadora Kátia Abreu, nem do nosso ministro da agricultura, Neri Geller, que também é um líder como nós e que tem feito um belo trabalho à frente da pasta. Mas é necessário entender que o ministério da agricultura precisa ser fortalecido em todas suas secretárias, ter políticas públicas modernas e de futuro. E para isto é preciso construir junto com o setor privado uma agenda positiva de políticas de longo prazo, seja para política agrícola, seja para a defesa vegetal, seja para o desenvolvimento e cooperativismo.

Conquistamos muito, mas os desafios são ainda maiores. Agora é arregaçar as mangas e trabalharmos juntos, com menos críticas e mais ações, com menos reuniões de discussão e mais reuniões de trabalho. Colocar de lado disputas, egos e diferenças e nos aproximarmos da base. Pois é de lá que deve sair os rumos das políticas para o setor, de quem realmente necessita. E cada produtor precisa vestir esta camisa, se aproximar das suas lideranças e contribuir. Do contrário, depois não adianta reclamar, Como sabemos que “quem tem boca, vaia Roma”, precisamos nos politizar e trabalhar para termos o Brasil que desejamos, não só para nós, mas para nossos filhos e netos.

 

*Almir Dalpasquale é presidente da Aprosoja Brasil e acumula a gestão da entidade com cargo de diretor tesoureiro da Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Sistema Famasul). Atualmente reside em Campo Grande (MS), onde é produtor rural, com propriedades na região norte de Mato Grosso do Sul.

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Fonte:
Ascom AprosojaBR

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3 comentários

  • Liones Severo Porto Alegre - RS

    Os produtores brasileiros precisam fortalecer suas associações para avançar nas soluções das prioridades elencadas pelo novo Presidente da Aprosoja Brasil, Sr. Almir Dalpasquale. O custo da logística deficiente é descontado diretamente da receita dos produtores e penaliza o fluxo de produto para os mercados consumidores. Os entraves logísticos já reduzem o potencial de receita da soja e, principalmente do milho, para o qual não existem pontos de carregamento nos portos brasileiros, por vários meses durante o ano, aviltando os preços na comercialização desse produto. O setor agropecuário precisa de instituições fortes e representativas para o crescimento do setor produtivo, do contrário seremos preteridos pelos mercados consumidores e não teremos como avançar na produção agrícola. De nada adiantará aumentar a produção se não tivermos capacidade operacional para disponibilizar nossos produtos para os mercados de consumo. A agricultura é a única esperança que construirmos melhorias para nosso povo e um futuro melhor para aqueles que virão de nós. Tenho certeza que com os produtores unidos seremos um grande País ! Obrigado Presidente.

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  • HAROLDO FAGANELLO Dourados - MS

    Sábia frase, "QUEM TEM BOCA VAIA ROMA", boa!!!!

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  • Ivan M. Vanzin Campo Grande - MS

    Sábias palavras.

    Este cidadão sabe o que diz, sabe como fazer e principalmente, faz.

    Boa sorte.

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