No Estadão: Dólar sobe 1,47%, na maior alta diária em quase 6 meses
O dólar fechou a primeira sessão de junho com a maior cotação ante o real em dois meses, ajudado pelas especulações sobre o programa de leilões de swaps cambiais do Banco Central e pela cautela antes de uma agenda pesada de indicadores nesta semana. O avanço do dólar ante outras divisas no exterior também contribuiu para o forte desempenho da moeda no âmbito doméstico.
No fim desta segunda-feira, 2, o dólar fechou cotado a R$ 2,2730 (+1,47%) no balcão, marcando o maior patamar desde 3 de abril e com a alta porcentual mais expressiva desde 11 de dezembro de 2013. O giro financeiro registrado na clearing de câmbio da BM&FBovespa totalizava US$ 1,12 bilhão, sendo 1,04 bilhão em D+2. No mercado futuro, o dólar para julho subia 1,42%, a R$ 2,2900.
O Banco Central iniciou hoje a rolagem dos swaps cambiais que vencem em julho, ofertando apenas 5 mil contratos. Caso mantenha esse ritmo até o fim deste mês, a instituição voltará a retirar recursos do mercado, desta vez, inclusive, em volume um pouco superior ao que já foi enxugado em maio, de cerca de US$ 4,5 bilhões. A expectativas em torno da rolagem parcial e de possíveis mudanças no programa de leilões diários de swap a partir de 1º de julho deram força ao dólar já no início da sessão.
O BC vendeu os 4 mil contratos de swap cambial ofertados, distribuídos em dois vencimentos. A venda total somou US$ 198,4 milhões. Na operação de rolagem, a instituição vendeu 5 mil contratos de swap cambial que vencem em 1º de julho de 2014, totalizando US$ 247,5 milhões. Os swaps com vencimentos de julho deste ano somam US$ 10,06 bilhões no total.
A alta do dólar no exterior ajudou a impulsionar os ganhos da moeda no Brasil. As divisas de países emergentes recuaram pressionadas por fatores locais. Na Indonésia, a rupia atingiu o menor nível em três meses ante a moeda americana após o país reportar um déficit comercial - o que contagiou outras moedas emergentes da Ásia e provou perdas generalizadas. O dólar australiano, por sua vez, foi prejudicado por dados que apontaram que as permissões para novas obras na Austrália caíram mais que o esperado. Os investidores também realizam lucros após os fortes ganhos das moedas emergentes em maio.
Já o euro foi penalizado pelas expectativas dos investidores de que o Banco Central Europeu (BCE) poderá anunciar novas medidas de estímulo monetário na reunião desta semana.
O dólar foi beneficiado ainda pela cautela dos investidores antes do anúncio de indicadores e eventos importantes nesta semana, entre eles a produção industrial, a ata do Copom e o IPCA. No exterior,serão anunciados o Livro Bege do Federal Reserve e o relatório do mercado de trabalho nos EUA, além da decisão da reunião do BCE.
Mercado reduz projeção de crescimento do PIB em 2014 para 1,50%
Inflação.
projeção para a inflação medida pelo IPCA em 2014 ficou estável em 6,47%. Há quatro semanas, a estimativa era de 6,50%. Para 2015, a projeção subiu de 6,00% para 6,01%. A previsão de inflação para os próximos 12 meses à frente subiu de 5,96% para 6,01%, conforme a projeção suavizada para o IPCA. Há quatro semanas, estava em 5,93%.
Saldo comercial de maio é o menor desde 2002
Em 12 meses, o superávit até maio em 2014 é de US$ 3,080 bi, volume 60,3% abaixo dos US$ 7,755 bi registrados um ano antes
A balança comercial brasileira teve saldo positivo de US$ 712 milhões em maio - divulgou nesta segunda-feira, 2, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). É o resultado mais baixo para o mês desde 2002. No ano, o saldo é negativo em
US$ 4,854 bilhões.
No último mês, o Brasil exportou US$ 20,752 bilhões e importou US$ 20,040 bilhões. Em cinco meses, as exportações foram de US$ 90,064 bilhões e foi importado o equivalente a US$ 94,918 bilhões.
Na última semana de maio, houve um superávit de US$ 1,057 bilhão. No acumulado dos primeiros cinco meses de 2014, o saldo ficou negativo em US$ 4,854 bilhões. As exportações no ano somam US$ 90,064 bilhões e as importações, US$ 94,918 bilhões.
Em 12 meses, o superávit da balança comercial brasileira até maio é de US$ 3,080 bilhões, volume 60,3% abaixo dos US$ 7,755 bilhões registrados um ano antes. Na pesquisa Focus, divulgada nesta segunda, a expectativa dos economistas é de que a balança comercial encerre o ano de 2014 com superávit de US$ 3,00 bilhões.
Na semana passada, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Mauro Borges, afirmou que continuava com a expectativa de um saldo positivo em 2014.
"Vamos esperar para ver qual efetivamente foi o saldo (de maio), mas eu continuo acreditando que nós teremos saldo positivo no final do ano", afirmou.
Recordes. As exportações brasileiras de soja e carne bovina bateram recorde de janeiro a maio desse ano, afirma o MDIC. As vendas externas de carne bovina também tiveram o melhor maio da história. Outros produtos, como celulose, couros e peles e minérios de cobre, também tiveram recorde de vendas externas no acumulado dos cinco primeiros meses de 2014.
As exportações de produtos básicos apresentaram queda de 7,2% em preço, mas subiram 11,7% em quantidades embarcadas de janeiro a maio. Os preços das commodities estão inferiores a 2013. Somente as quantidades vendidas de milho e açúcar em bruto não foram suficientes para compensar a queda nos preços.
Combustíveis. As importações de combustíveis e lubrificantes caíram 22,8% em maio na comparação com o mesmo mês do ano passado. Houve queda de preços e quantidades embarcadas de óleos combustíveis, gasolina, petróleo e carvão. No ano passado, as importações de combustíveis e lubrificantes foram maiores por causa do registro atrasado de operações realizadas pela Petrobrás em 2012. Maio é o último mês em que a base de comparação está influenciada por essas operações.
Também foi observado recuo de 7,1% nas compras brasileiras no exterior de bens de capital, como maquinaria industrial, máquinas e aparelhos de escritório e serviço científico e acessórios de maquinaria industrial. Por outro lado, em maio, as importações de matérias-primas e intermediários subiram 2,5% e de bens de consumo, 0,2%. No segmento de matérias-primas cresceram as compras para a agricultura, de produtos alimentícios, produtos minerais, produtos agropecuários não alimentícios e produtos químicos e farmacêuticos. No segmento de bens de consumo, aumentaram as importações de vestuário, produtos farmacêuticos, partes e peças para bens de consumo duráveis, móveis e objetos de adorno, bebidas e tabaco.
As importações brasileiras da União Europeia caíram 7,6% no mês passado, comparado com maio de 2013. Da Ásia, houve uma queda de 5,5%, sendo que os produtos da China cresceram 8,2%. As importações vindas do Mercosul tiveram retração de 2,9% e da Argentina, a queda foi de 16%. As compras brasileiras dos Estados Unidos aumentaram 1,7% no período.