Datafolha: Dilma cai a 34%; diferença (2.o turno) de Aécio é de apenas 8 pontos

Publicado em 06/06/2014 06:47 e atualizado em 09/06/2014 08:52
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br + articulistas da Folha (c/ Painel)

Datafolha 1: Dilma cai e vai a 34%; diferença para Aécio no 2º turno é de apenas 8 pontos — era de 27 há quatro meses; petista é a mais rejeitada. E esses ainda não são os números piores...

A Folha de São Paulo publica nesta sexta pesquisa Datafolha sobre intenção de voto para presidente da República. Fica difícil escolher que número é o pior para a presidente Dilma Rousseff (PT), mas, parece-me, como vocês verão, que o mais dramático nem está no mais óbvio. Já chego lá. Vamos ao que é mais vistoso: em relação à pesquisa anterior do instituto, de 7 e 8 de maio, Dilma caiu três pontos: de 37% para 34%; o tucano Aécio Neves oscilou de 20% para 19%, e Eduardo Campos caiu de 11% para 7% — o que é também um péssimo resultado. Vejam a arte da Folha (todos os infográficos foram publicados pelo jornal).

Datafolha 06.06.2014 1 geral

Alguém poderia dizer que a boa notícia para Dilma é que, há um mês, os dois principais candidatos de oposição, somados, tinham 31 pontos e, agora, têm 26. Mas eu lhes proponho uma outra leitura: em fevereiro, Dilma tinha 44% das intenções de voto, e Aécio e Campos somavam 25 — uma diferença de 19 pontos. Quatro meses depois, eles têm 26, mas Dilma está com 34 — uma diferença de 8 pontos. Os dois candidatos de oposição, é verdade, avançaram pouco, mas a presidente despencou.

Segundo turno
A outra má notícia para Dilma, péssima mesmo, está nos números do segundo turno. Há quatro meses, ela venceria Aécio por 54% a 27%, o dobro dos votos. Nesta pesquisa Datafolha, a presidente aparece com 46%, e o tucano, com 38% — a diferença diminuiu espantosos 19 pontos e é, agora, de apenas 8. Ele avançou 11, e ela caiu 8.

Datafolha 06.06.2014 2 segundo turno

Pessimismo
Cresceu o pessimismo com a economia, informa a pesquisa. Apenas 26% dizem que a situação econômica do país vai melhorar. Para 36%, vai piorar, e 32% dizem que ficará na mesma. Nada menos de 64% acham que a inflação vai aumentar, e só 7% acreditam na queda; outros 21% avaliam que ficará como está. Se 18% anteveem que o desemprego vai cair, 48% pensam que vai subir, e só 28% creem na estabilidade dos números.

Datafolha 06.06.2014 4 expectativas

Rejeição
Outra notícia ruim. Caiu a rejeição a Aécio e Campos em relação à pesquisa anterior: o tucano tinha 31%, e o peessebista, 33%. Ambos aparecem agora com 29%. Dilma se manteve nos 35% e é agora a candidata mais rejeitada.

Datafolha 06.06.2014 rejeição

A colheita de números negativos ainda não terminou. Em fevereiro, 21% achavam o governo Dilma ruim ou péssimo; agora, são 28%; os que o consideram ótimo ou bom caíram de 37% para 33%, e os que o veem como regular passaram de 41% para 38%.

Mudança
Entendo, no entanto, que o pior número para Dilma é aquele ao qual a imprensa tenderá a dar menos visibilidade. Vejam o quadro abaixo.

Datafolha 06.06.2014 5 Mudanças

Nada menos de 74% dos que responderam a pesquisa esperam que as ações do próximo governo sejam diferentes das que aí estão, e só 21% querem mais do mesmo. Quando indagados sobre quem poderia, então, operar essas mudanças, o nome mais lembrado ainda é o de Lula, com 35%, mas quem aparece em seguida, com 21%, é o tucano Aécio Neves. Dilma está apenas em terceiro, com 16%. Vale dizer: as pessoas querem outro rumo para o país e não acham que a atual presidente seja capaz de liderar a transformação.

Alguma boa notícia pra ela? Umazinha. Dizem que votariam num candidato apoiado por Lula 36% dos que responderam a pesquisa, mesmo índice dos que o rejeitariam por isso — e 24% afirmam que poderiam votar. Não endossariam um nome com apoio de FHC 57% dos entrevistados, contra 12% que fariam essa escolha — 24% poderiam votar. Na pesquisa, o segundo eleitor mais influente é Joaquim Barbosa: 26% escolheriam um nome que contasse com o seu apoio, mesmo índice dos que considerariam essa possibilidade. Mas 36% rejeitariam um postulante que ele indicasse.

Que conclusões tirar dessa pesquisa? Muito objetivamente, vamos lá:
1: Dilma não vence mais no primeiro turno. Ela teria hoje 34% dos votos, e seus adversários, considerados os demais nomes, somam 35%.
2: A diferença no segundo turno se estreita dramaticamente.
3: O eleitorado quer mudanças, e Dilma não é vista como a pessoa capaz de operá-las.

Esta sexta-feira será tensa no PT, e as viúvas de Lula voltarão a se assanhar.

Texto publicado originalmente às 5h

Por Reinaldo Azevedo

 

Datafolha 2 – Eduardo Campos terá de rever sua estratégia; Pastor Everaldo, do PSC, tem milhões de votos e fala coisa com coisa

Há duas outras considerações importantes que devem ser feitas sobre a pesquisa Datafolha. O pré-candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, está minguando. Nos últimos tempos, Campos decidiu se distanciar do tucano Aécio Neves e acentuou aquele seu discurso que sempre me pareceu muito difícil: proteger o lulismo e concentrar seus ataques em Dilma Rousseff. A queda de quatro pontos é bastante acentuada. O que dizer? Marina Silva já lhe rendeu muita dor de cabeça, ajudando a desfazer alguns palanques que o PSB estava construindo e, até agora ao menos, voto nenhum.

Campos, nitidamente, se atrapalhou. Segundo a pesquisa Datafolha, no grupo das pessoas que consideram o governo Dilma ruim ou péssimo, os votos em Aécio cresceram de 27% há dois meses para 31%,  informa o Painel da Folha. No caso de Campos, aconteceu o contrário: ele tinha 15% das intenções de voto nessa categoria e agora só tem 10%. Tudo indica que o ex-governador de Pernambuco terá de voltar à prancheta e repensar a sua estratégia.

Para ficar naquela geografia tradicional, cumpre notar que um Campos que se situava um pouco mais, digamos à direita, com um sotaque um tantinho mais conservador, parecia despertar mais interesse do que esse do último mês, com uma inflexão mais à esquerda e aparentemente ainda mais à sombra de Marina Silva, que pensa em apoiar, em São Paulo, imaginem vocês!, a candidatura do PSOL ao governo do Estado.

A surpresa que tem explicação
Sabem quem surpreende? Pastor Everaldo, do PSC, que aparece com 4% dos votos. Só emprego esse verbo porque ele aparece ali, colocado entre os partidos ditos nanicos. Pois é. Há no Brasil mais de 140 milhões de eleitores. Se o Datafolha estiver certo, Everaldo contaria hoje com 5,6 milhões de votos. É um patrimônio e tanto a ser disputado no segundo turno.

Ainda que ele seja tratado com preconceito aqui e ali, a verdade é que é um homem inteligente, articulado, que não faz o figurino exótico de muitos postulantes de legendas chamadas de “nanicas”. O programa nacional do PSC levado à televisão falava coisa com coisa e assumiu, sem qualquer receio ou medo de patrulha, um discurso que, na Europa ou nos Estados Unidos, seria chamado de saudavelmente conservador.

Aos 7min35s do vídeo que segue abaixo, Everaldo ataca o governo estatizante e deixa claro: seu partido é privatizante. Aprecio a sua coragem.

Com uma máquina de porte razoável na mão, Eduardo Campos tem 7% dos votos. O Pastor Everaldo está com 4% sem ter sido governador de Estado nenhum ou contar com o apoio de outros governadores. Convém prestar atenção. Ele pode, sim, fazer uma grande diferença nesta eleição.

Por Reinaldo Azevedo

 

Minha coluna na Folha: “Dilma, mais quatro anos pra quê?”

Leia trechos:

Jornalistas estrangeiros perguntaram à presidente Dilma Rousseff por que a economia cresce tão pouco. Ela disse não saber. Foi sincera. Não sabe mesmo. Como não tem o diagnóstico, falta-lhe o prognóstico. Entre o passado, que ela ignora, e o futuro, que ela não antevê, há este enorme presente à espera de medidas corretivas e profiláticas. Ocorre que seu governo é como seu discurso: um caos de fragmentos de ideias nem sempre muito claras, (des)ordenadas por locuções fora do lugar “no que se refere” (sic) ao que tem de ser feito. Ninguém entende nada, a começar da própria Dilma.

Dia desses, o ex-presidente Lula julgou ter encontrado a razão do “malaise”. Os empresários, de mau humor, teriam deixado de investir. É mesmo? É próprio das cabeças autoritárias –e esse é o caso do Babalorixá de Banânia– transformar dificuldades que são objetivas, que são técnicas, que têm origem em decisões equivocadas, em mera indisposição subjetiva. Há quanto tempo estão dados os sinais de que o crescimento da economia, ancorado no consumo interno, havia esgotado o seu ciclo? Assim como teve início em razão de circunstâncias que não eram do nosso controle, expirou por motivos igualmente alheios à nossa vontade. E lá ficou Guido Mantega a fazer previsões de crescimento –coitado!–, inicialmente, com margem de erro de dois pontos. Como a situação se deteriorou, ela já está em três…
(…)
A campanha que o PT levou à TV indica que, sem diagnóstico nem prognóstico, restou apenas o terrorismo eleitoral. Dilma pretende que o medo desinformado vença não a esperança, mas as possibilidades de mudança. Pior: sem conseguir entusiasmar nem a sua própria grei, cede a apelos “esquerdopatas” como “controle social da mídia” e criação da sociedade civil por decreto, evidenciando que, sob pressão, pode, sim, voltar à sua natureza. Mais quatro anos pra quê?

Para ler a íntegra, clique aqui

Por Reinaldo Azevedo

 

Dilma vai, sim, fazer o discurso de abertura de Copa, mas sem chance de ouvir a vaia…

A presidente Dilma Rousseff resolveu abrir mão da vaia, mas não do discurso. Como não é doida nem nada, não vai falar na abertura da Copa do Mundo para evitar repetir o vexame da Copa das Confederações, quando o estádio Mané Garrincha, em Brasília, se uniu, em coro: “Uuu…” Mas falará, sim. Vai mobilizar a Rede Nacional de Rádio e TV para fazer um pronunciamento à nação.

O assunto? Copa do Mundo, ora essa! Dilma decidiu tirar uma casquinha do evento, mas em ambiente seguro, sem ouvir a reação do receptor. Segundo informa a Folha, o discurso deve repetir o que a presidente andou dizendo em sua ofensiva nas televisões: apesar de alguns atrasos, há ganhos permanentes para o país etc e tal.

Lembram-se disto?

 

Por Reinaldo Azevedo

NA FOLHA: 

Salve-se quem puder, por Eliane Cantanhede

BRASÍLIA - Sabe qual a principal conclusão do Datafolha publicado nesta sexta (6)? Que o eleitor e a eleitora estão de mau humor, insatisfeitos e sem conseguir enxergar a luz no fim do túnel, ou melhor, "aquele" candidato na cédula.

Esse cenário é ruim para a política, para a eleição e principalmente para os candidatos, mas quem mais sai perdendo é quem disputa a reeleição. Mesmo com todos os seus instrumentos à mão, mesmo com todas as entrevistas, mesmo com a maior coligação partidária do planeta –ou seria justamente por causa de tudo isso?– Dilma continua perdendo pontos. Desde fevereiro, lá se foram dez pontos. Não é desprezível.

Curiosamente, porém, nenhum dos expoentes da oposição consegue entrar no vácuo e colher os votos que Dilma vai deixando aos punhados pelos descaminhos da economia, com crescimento ridículo, preços altos e juros altíssimos, sem nenhuma explicação plausível para o digníssimo público leitor e eleitor. Nem explicação, nem porta de saída para um ambiente melhor.

Aécio Neves, que ganhara fôlego com a propaganda do PSDB na TV, estacionou depois disso, oscilando da marca dos 20% para 19%. E Eduardo Campos, que precisava correr muito, coitado, está comendo poeira e se aproximando constrangedoramente do Pastor Everaldo, que seria importante para haver segundo turno, mas nem é mais tanto.

Pela trajetória dos índices, o segundo turno hoje está virtualmente garantido. Dilma tem apenas 34%, contrariou as expectativas de crescimento e mantém a tendência descendente no final do primeiro semestre. Nada indica que terá munição para entrar em alta no segundo.

Aliás, o Datafolha joga luz sobre a fragilidade de Dilma, e fortalece as incertezas sobre sua capacidade de ganhar, justamente no momento decisivo das convenções partidárias. O PMDB, o PSD, o PP e o PR estão com ela, certo? Certo, mas eles têm imenso instinto de sobrevivência.

 

Distanciamento de Campos e Aécio pode estar fazendo bem ao tucano

no PAINEL da folha de hoje

O voto do contra O movimento de Eduardo Campos (PSB) para se distanciar de Aécio Neves (PSDB) pode estar fazendo bem ao tucano. Entre os eleitores que consideram o governo Dilma Rousseff (PT) ruim ou péssimo, as intenções de voto em Aécio subiram de 27%, há dois meses, para 31%. No mesmo grupo dos insatisfeitos com a presidente, a fatia que prefere Campos minguou de 15% para 10%. As curvas indicam que o tucano está conseguindo se identificar como o candidato da oposição.

Aprova e não vota Dilma caiu até entre quem considera o governo bom ou ótimo. Sua intenção de voto no grupo desceu de 80% para 72%.

Esqueceram de mim O percentual de eleitores que dizem conhecer Lula “muito bem” caiu de 75%, em agosto passado, para 66%. Os que o conhecem “só de ouvir falar” saltaram de 5% para 10%.

Muy amigo Ontem, em Porto Alegre, Lula incomodou petistas ao chamar Jorge Gerdau de “meu amigo”. O empresário andou criticando o governo de Tarso Genro (PT).

Queixume O ex-presidente foi espirituoso ao reclamar da imprensa: “Quando eu critico, dizem que eu ataco. Quando me atacam, dizem que me criticam…”.

Disco arranhado De Aécio, ao receber apoio de nove partidos no Rio: “Me deem a vitória no Rio que eu dou a vocês a Presidência da República”. Ele tem dito a mesma frase nas visitas a São Paulo.

Presente O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), que ataca os gays e defende a ditadura militar, foi com os filhos ao ato de apoio ao tucano.

Ausente Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um dos líderes da articulação contra Dilma no Estado, não deu as caras.

Boca livre Realizado em uma churrascaria, o ato pró-Aécio matou a fome de vereadores e cabos eleitorais do interior fluminense. Como o espaço lotou, alguns chegaram a comer de pé ou com os pratos apoiados nas travessas.

Tô fora A Força Sindical, que flerta com Aécio, vai desfalcada para o ato de hoje, em São Paulo, contra a política econômica do governo federal. Alas mais próximas do PT não inflarão o protesto.

Racha na Fiel O petista Andrés Sanchez, que levou Ronaldo Fenômeno para o Corinthians, tem reclamado do apoio do ex-craque a Aécio: “Ele é um vitorioso, mas desta vez vai perder.”

Tática Aliados de Márcio França (PSB), que sonha com a vice de Geraldo Alckmin, prometem não pôr a “faca 

‌Rolando Lero De um ecologista da Rede enfastiado com as oficinas programáticas do PSB: “Não adianta ficar com essas palestrinhas do professor Raimundo…”

Rua, protesto e desencanto, por Vinicius Torres  ius torres freirevinicius torres freire

"Queremos trabalhar", gritavam pessoas que quebraram portões e invadiram a estação de trem e metrô Corinthians-Itaquera, fechada ontem pela greve dos metroviários de São Paulo.

O clima nas ruas fica mais e mais divisivo desde o fim do ano passado, se não mesmo mais sombrio, uma desagregação que é impolítica (sem política e incivil), embora tenha efeitos políticos, claro, e talvez até derivações abertamente partidárias. Paulo da Força Sindical, adepto de Aécio Neves (PSDB), prometia ontem parar São Paulo com um protesto sindical contra o governo de Dilma Rousseff (PT).

A irritação das pessoas sem trem não é lá grande novidade. Em cada greve nos transportes públicos, é notório que a massa das pessoas se vira como pode para chegar ao trabalho, quando não àquela consulta marcada faz meses num serviço público de saúde. A vida da massa das pessoas é muito precária, bidu. A perda do emprego ou mesmo da consulta chorada pode resultar em desastres pessoais.

Ainda assim, em muita entrevista de passageiros irados, a gente percebe alguma solidariedade com grevistas, que podem de resto ser parentes, amigos ou vizinhos de quem ficou sem ônibus ou trem. Algo na linha, "entendo o direito deles", mas isso "prejudica os pequenos, não os grandes".

Mas, segundo pesquisas, a tolerância caiu bem, dada a agressividade da greve mais recente de motoristas e cobradores de ônibus, sem aviso, que teve trancamentos de ruas e violências mais diretas.

A greve dos metroviários decidida na noite de quarta, surpreendeu gente que voltava para casa no começo da madrugada de quinta e quem acorda muito cedo e não passa a vida "conectado" a mídias.

Aparentemente, a julgar por pesquisas e pela adesão às manifestações, violências diversas aos poucos envolveram os protestos de rua num clima mais sinistro, ao menos desde as depredações que se seguiram ao refluxo da massa na rua no final de 2013.

A morte do cinegrafista Santiago Andrade, em fevereiro, saques e medo por ocasião da greve da polícia em Recife e os tumultos agressivos das greves de ônibus em dezenas de cidades contribuíram para degradar o clima e a boa vontade do cidadão médio com manifestações de rua.

Além do mais, faz quase dois meses o protesto é dominado por trabalhadores de serviços públicos em greve: professores municipais, estaduais e até federais, rodoviários, metroviários, partes minoritárias do serviço federal (no IBGE, por exemplo) etc. Como é óbvio, o efeito imediato da greve deixa a vida especialmente mais difícil para a maioria mais pobre.

Ainda resta saber o destino dos até agora minguados protestos "contra a Copa" e da tática de movimentos como os sem-teto. Mas há um clima propício a reivindicações de "ordem" e a disseminação de um desânimo que, não sendo de origem propriamente econômica, tem acelerado a baixa da atividade econômica.

Sim, já aconteceu no Brasil democrático de climas ruins em situações socioeconômicas piores se dissiparem em questão de semanas. No entanto, havia então alguma expectativa de mudança, política ou não. Agora, parece haver por ora apenas desencanto.

Gilberto Carvalho é o pai da criança

Nesta manhã, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) concedeu uma entrevista ao “Jornal da Manhã”, da Jovem Pan. Disse, na prática, esperar, ora vejam!, a compreensão do MTST, que promete uma nova manifestação nesta sexta, e fez votos de que o ato não atrapalhe o amistoso do Brasil. Repetiu isso ao longo do dia a outros veículos de comunicação.

Carvalho expressou ainda a confiança de que a Polícia Militar de São Paulo saberá manter a ordem e lembrou que o Exército também está preparado para atuar como força de apoio. Tudo muito certo, tudo muito bem! Está na Constituição. Antes que prossiga, devo lembrar que Carvalho esteve na linha de frente do petismo na demonização da PM de São Paulo mais de uma vez. Seu governo e seu partido batem à porta das Forças Armadas, embora tentem enredá-las na revisão da Lei da Anistia. Mas isso tudo ainda é o de menos.

Carvalho também esteve entre aqueles que se opuseram à votação de uma lei para punir atos de vandalismo, tenha ela o nome que for. E isso também é pouco.

Foi quem convenceu a presidente Dilma a receber em São Paulo o coxinha ultrarradical Guilherme Boulos, do MTST. Em Brasília, o MST feriu 30 policiais num protesto e foi recebido pela Soberana. No dia seguinte, Carvalho compareceu a evento promovido pelo movimento e defendeu com energia seus companheiros, que contavam com patrocínio da Caixa Econômica Federal.

No “Jornal da Manhã”, Carvalho defendeu o direito que têm as pessoas de se organizar. Ora, claro que têm! Ninguém é contra isso. A questão é saber se esse direito tem limites. E me parece que sim.

Como o governo foi leniente com grupos que, obviamente, transgrediram a lei, agora tem de se haver com um sem-número de minorias radicais, capazes de transformar num inferno a vida de amplas maiorias.

Por Reinaldo Azevedo

 

Preocupados ou desesperados

Alexandre Padilha

Padilha: preocupante

A fragilidade da candidatura de Alexandre Padilha está preocupando o PT. Não há ninguém na cúpula do partido que não esteja entre o preocupado e o desesperado.  O Datafolha de amanhã, com os números da sucessão paulista, não trará nada que o PT já não saiba.

Por Lauro Jardim

 

O que estará em jogo nas eleições de outubro: reconstrução ou destruição

O Brasil daqui a 4 anos se o PT ganhar em outubro

O atual governo vem insistindo em seus equívocos ideológicos, com a “nova matriz econômica”, que abandonou o velho tripé macroeconômico: responsabilidade fiscal, câmbio flutuante e autonomia do Banco Central para perseguir a meta de inflação. Os resultados estão aí: o país já vive uma estagflação, com “crescimento” pífio da economia e elevada inflação.

Há uma síntese no editorial do GLOBO de hoje dos maus indicadores econômicos, que têm ligação direta com as trapalhadas do governo na condução da economia. Indústria em queda, produção de automóveis desabando, até consumo das famílias caindo: o quadro é sombrio. Diz o jornal:

Endividamento das famílias, crédito escasso, horizonte nebuloso para as empresas — há várias hipóteses de análise sobre a perda de dinamismo industrial. Só que, desta vez, ao contrário de 2009, o álibi da “crise externa” não pode ser acionado pelo governo. Pois, embora haja situações diversas no continente, existem sinais na Europa de que pelo menos a situação deixou de se degradar, enquanto os Estados Unidos aceleram a recuperação. Há estimativas de crescimento entre 3% e 4% este ano, bem mais que o Brasil, condenado a patinar em torno do 1%.

Ou seja, ninguém mais vai acreditar no discurso oficial que tenta jogar a culpa do fracasso econômico em ombros alheios, fora do país. É um estrago produzido aqui mesmo, totalmente “made in Brazil”, mais especificamente por nosso governo incompetente e ideologicamente equivocado.

O professor da PUC, Rogério Werneck, escreveu em sua coluna de hoje no mesmo jornal um resumo do que está em jogo nas próximas eleições. Está em curso hoje um processo de destruição dos principais pilares da nossa economia. Há um grande estrago institucional, e vários problemas que foram apenas postergados, jogados para baixo do tapete, mas que terão de ser enfrentados em 2015, seja qual for o governo. Resta saber qual teria melhores condições de lidar com o desafio. Werneck é claro em sua opinião:

É bom não ter ilusões sobre a herança amarga com que terá de arcar o novo governo. Há pela frente uma complexa agenda de reconstrução da política econômica. E, dessa perspectiva, o cenário de reeleição da presidente só pode ser visto com enorme desalento. O governo mostra-se completamente despreparado para fazer o que precisa ser feito. Insiste em negar a necessidade de mudanças na política econômica. E, agarrando-se a um discurso primitivo e populista, que marca retrocesso de pelo menos 20 anos no debate econômico do país, vem denunciando qualquer proposta de mudança como defesa de arrocho salarial e desemprego.

A análise do cenário alternativo, de vitória da oposição na eleição presidencial, permite vislumbrar com mais clareza a agenda de reconstrução da política econômica que terá de ser enfrentada em 2015. É bom notar que, em meio às muitas dificuldades, haveria amplo espaço para uma colheita fácil de resultados iniciais importantes, com o anúncio de medidas que possam dar lugar ao choque de credibilidade que há muito tempo se faz necessário na condução da política econômica.

A simples nomeação de uma equipe econômica respeitável, que soubesse manter um discurso coerente e fosse capaz de restabelecer sintonia entre as atuações da Fazenda e do Banco Central, já faria enorme diferença. Na área fiscal, a restauração da credibilidade do registro das contas públicas seria um grande avanço. Bastaria um anúncio singelo de encerramento definitivo do festival de truques contábeis que vêm pautando a política fiscal. Naturalmente, isso exigiria a desmontagem do gigantesco orçamento paralelo que, há muitos anos, o governo vem alegremente mantendo no BNDES.

Concordo totalmente com meu ex-professor. De um lado, temos a garantia de que os equívocos vão continuar, pois não há demonstração alguma de que a presidente Dilma compreende as origens dos problemas. Ela mesma reconheceu estar perplexa diante da crise, sem saber suas causas. Sua equipe econômica continua na fase de negação dos problemas, como se tudo fosse melhorar como que por magia, apenas manipulando as expectativas dos investidores.

Por outro lado, há grande possibilidade de um choque de credibilidade ocorrer caso a oposição vença, principalmente Aécio Neves, cercado de economistas com ótima reputação, como Armínio Fraga, que gozam da confiança dos agentes econômicos. Nesse caso, haveria um tempo concedido pelo mercado para reformas e ajustes, colocando o país novamente nos eixos.

Não será fácil, nem indolor, mas ou se faz isso, ou o Brasil caminhará a passos cada vez mais largos rumo ao destino trágico da Argentina. O que está em jogo, portanto, é exatamente isso: um voto que insiste nos erros e coloca o Brasil mais perto da desgraça argentina; ou uma chance de resgatar uma agenda de reformas necessárias para voltar a avançar.

Não resta dúvida de qual cenário devemos defender. O maior problema, caso vença a oposição, nem será desarmar a bomba-relógio montada pelo PT, mas sim encarar um PT novamente na oposição, fazendo de tudo para prejudicar o Brasil, como sempre fez. É o alerta que Nelson Motta faz em sua coluna de hoje: “Mas a pior ameaça de volta ao passado é ter o PT na oposição, sabotando todas as ações de um eventual governo adversário, como fez com o Plano Real e a Lei de Responsabilidade Fiscal”.

De fato, o PT tem um potencial destrutivo enorme na oposição. Mas sem dúvida ele é ainda maior no governo, com tanto poder na mão. Eis o resumo do que está em jogo nas próximas eleições, portanto: a chance de reconstruir o país, ou a garantia de destrui-lo de vez.

Rodrigo Constantino

 

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Fonte:
veja.com.br + Folha de S. Paulo

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